Thabor

Conheça aqui essa residência dos Arautos do Evangelho

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Segundo dia do Curso de Férias

Surgimento do passo de desfile; primeiras músicas aprendidas pelo coro; constituição dos atos de cerimonial do nosso dia-a-dia: foram esses alguns dos temas abordados na segunda reunião do Curso de Férias.

Ela constou de dois períodos de hora e meia cada um, entrecortados por um intervalo de trinta minutos. A história dos Arautos do Evangelho é tão rica em pormenores que mesmo esse tempo mostrou-se insuficiente para abarcá-la. Quanto mais estas curtas linhas são incapazes disso.

Por isso, limitamo-nos a publicar, em vídeo, alguns “flashes” com os quais tentaremos que os seguidores deste blog possam participar do ambiente de graças desse segundo dia Curso de Férias.

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Um intervalo bem movimentado…

Cerca de 800 jovens circulam pelo Thabor, por estes dias. A vitalidade é, pois, uma nota peculiar nas manhãs do Curso de Férias.

Eles provêm das mais diversas localidades, algumas até bem longínquas. Entretanto, isso não constitui um impedimento para se perceber um vínculo muito forte que os une: em primeiro lugar, a Igreja Católica e, depois, o fato de começarem a pertencer aos Arautos do Evangelho, beneficiando-se do círculo de graças e bênçãos que marca essa associação.

Nos intervalos do curso transparece, de modo muito especial, a vitalidade transbordante dessa juventude, alegria característica de quem quer empreender uma caminhada santa em sua vida, longe dos perigos espirituais e físicos facilmente encontrados no mundo de hoje.

Aproveitamos, pois, este post para transmitir, no blog do Tabor, a felicidade que é vivida num intervalo do Curso de Férias.

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Começa o Curso de Férias!

O período que antecede o Curso de Férias dos Arautos do Evangelho – Thabor, é marcado pela expectativa, por parte dos participantes, de descobrir qual será o tema em torno do qual girarão as várias programações do mesmo.

Credo, Dez Mandamentos, Sacramentos, épocas históricas… Os mais diversos aspectos da Santa Igreja já foram objeto de encenações teatrais, áudios-visuais e exposições.

Mas, neste primeiro dia de Curso de Férias – julho 2014, os participantes não suspeitavam que o tema principal seria “eles mesmos”… Sim, a história dos Arautos do Evangelho é o ponto para o qual convergirão as nossas atenções nestas férias: o surgimento do hábito, as primeiras casas, o começo das construções e tantos outros detalhes do nosso dia-a-dia, fruto do empenho e espiritualidade de Mons. João S. Clá Dias, e ao carisma e graças próprias aos fundadores, nos quais está a matriz da fundação.

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Saúde e espiritualidade

Antes das férias de julho, no Colégio Arautos do Evangelho Internacional – Thabor, dedicaram-se alguns dias a um projeto sobre a saúde: palestras, exposição de pesquisas, teatros, tudo visando mostrar o papel da saúde na vida de um arauto do Evangelho, porém, com a peculiaridade de que o bem-estar corporal deve estar a serviço da “saúde” da alma.

Alma e corpo: duas realidades que devem ser analisadas em conjunto, sob pena de se incorrer em erros, a respeito dos quais o passado tem muitas histórias tristes para nos contar.

Uma das várias programações marcantes desses dias foi a conferência ministrada aos alunos pelo Dr. José Gilberto Morais de Barros[1], quiropraxista e fisioterapeuta da Associação Católica Nossa Senhora de Fátima, há mais de dez anos, que realiza atendimentos semanais nas casas dos Arautos do Evangelho.

Baseado em estudos recentes, realizados por diversos profissionais no Brasil e nos Estados Unidos, o Dr. Gilberto apresentou magistralmente uma vertente atual da medicina que tende a retornar ao conceito milenar e sempre novo que defende ser o homem um composto de corpo e alma, e deve ser tratado pela medicina sob esse dois aspectos, pois se dissociados, ou desprezado um deles, o resultado da ciência pode ver retardado ou bastante comprometido o seu progresso no campo bastíssimo e até misterioso que é a vida humana.

Sendo a especialidade do Dr. Gilberto, os temas da coluna vertebral, da boa postura, da condutividade nervosa por meio da medula espinhal etc., entraram de cheio na sua conferência, mas continuamente relacionados com a espiritualidade e o equilíbrio psíquico humano.

É de salientar que esse mesmo tema já foi exposto pelo palestrante em auditórios universitários, pois é cativante ver assim relacinados alma e corpo, do ponto de vista da medicina. Os alunos dos Arautos mostraram seu interesse em todos os momentos da exposição, externado, no final, pela quantidade de perguntas que, se não fosse o tempo, prolongar-se-iam tarde adentro.

Já que a boa alimentação também faz parte da saúde, no final da palestra, os professores e os alunos assistentes brindaram o Dr. Gilberto com uma abundante cesta cheia das mais variadas iguarias, muitas das quais confeccionadas na própria cozinha dos Arautos, o que o deixou ainda mais agradado.

Aproveitamos, pois, este post para publicar algumas fotografias e aspectos da conferência. Não deixe de ver no video um detalhe contido no CID (cadastro internacional de doenças), bastante desconhecido, exposto pelo Dr. Gilberto.

As imagens do segundo vídeo, captadas pela TV Arautos, apresentam outros aspectos da programação dessa semana, no Colégio Arautos do Evangelho Internacional – Thabor.

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 [1] Dr. José Gilberto Morais de Barros – formado pela Universidade Anhembi, Morumbi SP: Graduado em Quiropraxia; Graduado em Fisioterapia; Pós Graduado em Fisioterapia Ortopédica e Traumatológica; Pós Graduado em Acupuntura e Métodos Terapêuticos Chineses; Formação Complementar Especializando em NUCCA (National Upper Cervical Chiropractic Association),  Atlanta; Especialista em RPG (Reeducação Postural Global); Especialista em Treinamento Funcional Core 360°. Experiência Profissional de Quiropraxista e Fisioterapeuta da clinica Axis de Coluna; Quiropraxista do Instituto Viva Quiropraxia; Quiropraxista da Porto Seguro Saúde; Professor da Pós Graduação da Universidade Cidade de São Paulo; Quiropraxista e Fisioterapeuta da Associação Católica Nossa Senhora de Fátima.

Contato:

Instituto Viva Quiropraxia
Av Cidade Jardim, 114, Jd Europa São Paulo SP Brasil CEP: 01454-000
Tel: (11)3016-8970
Email: gilbertombarros@gmail.com
Website: www.vivaquiropraxia.com.br
Axis – Clínica de Coluna
Rua Pedroso de Moraes, 2330, Alto de Pinheiros São Paulo SP Brasil CEP: 05420-003
Tel: 3813.9686 / 3819.796
Email: axisclinica@terra.com.br
Website: axisclinica.com.br

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Numa “quase igreja”, três orquestras

Desta vez, temos a apresentar-lhes outra igreja, além Brasil, mas ainda em construção. Com uma peculiaridade: no dia 28 de junho, três orquestras sinfônicas fizeram confluir o som dos seus músicos, para ecoar pelas altas abóbadas do edifício, estilo gótico, a caminho de ser policromado.

A Orquestra Sinfônica Juvenil Metropolitana Batuta (Bogotá – Colômbia), a Orquestra Juvenil de Washington D.C., e a Orquestra Sinfônica Juvenil de Tocancipá (Cundinamarca – Colômbia),  apresentaram-se na igreja erigida  pelos Arautos do Evangelho, no município de Tocancipá – Colômbia, e dedicada a “Nuestra Señora de Fátima”.

Ao som da quinta sinfonia de Beethoven, publico e músicos deleitaram-se contemplando o que, em breve, serão arcos todos coloridos, recamados de piedosos afrescos e, sobretudo, ungidos pela bênção episcopal da dedicação de uma igreja.

Muitas mãos estão contribuindo para a edificação desse templo mariano. Una-se também ao número delas, desfiando as contas do Santo Rosário, para que, o quanto antes, esse lugar de oração seja favorecido com todos os meios necessários, para se ver concluído e tornar-se um centro de irradiação de bênçãos e de peregrinação, nesse país cuja grande maioria de habitantes leva com ardor no coração os nomes de Jesus e Maria.

 

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Em breve, teremos surpresas…

Igreja Nossa Senhora do Rosário de Fátima – Embú das Artes, Granja Viana, SP.

Este belo templo dos Arautos do Evangelho, localizado em Embú das Artes, São Paulo, em breve, dar-nos-á surpresas…

Por desejo de Mons. João S. Clá Dias, fundador dos Arautos do Evangelho, ele foi dedicado a Nossa Senhora do Rosário de Fátima e recebe numerosos fiéis que acorrem em piedosa atitude, com frequência.

Além do mais, está situado contíguo a um Colégio de formação de Arautos do Evangelho, cujas instalações acolhem as vocações mais novas do movimento.

Convidamo-lo, pois, a não deixar de acompanhar pelo blog do Thabor, thabor.arautos.org, as surpresas que tão maravilhosa igreja tem para nos oferecer, em poucos dias.

Já adiantamos uma delas, são estas belas imagens que fazemos questão de compartilhar, pois a unção desses muros abeçoados transborda até pelas fotos!

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Salve Pater Salvatoris: hino em homenagem a São José

19 de Março comemora-se a solenidade do padroeiro da Santa Igreja Católica, esposo de Maria Santíssima e, mais do que tudo, pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo: São José.

Os Arautos do Evangelho, no Thabor, há alguns dias começamos a novena para honrar e pedir a intercessão desse grande santo. Formados diante de uma imagem que piedosamente o representa, recitamos a ladainha e outra oração dedicadas a São José.

Também por estes dias, um conjunto de membros do coro do Thabor gravou, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, um canto em louvor a São José, cuja letra, por tratar-se de um canto gregoriano,  é em latim e, por isso, a traduzimos abaixo.

Aproveitamos então este post para compartir algumas cenas da novena, com o fundo musical da interpretação desse belo gregoriano. E para os que se animem a cantar conosco: não é dificil; sigam a partitura, pois quem canta, reza duas vezes! –  dizia Santo Agostinho.

 

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Tradução do texto latino:

Salve pai do Salvador, José tão amável. Salve custódio do Redentor, José tão admirável. Salve esposo da Mãe de Deus, José homem angélico. Salve hóspede do meu Jesus, José homem seráfico.

Pelas preces e entranhas de Maria, tua Mãe, pelos cuidados e desvelos de José, teu Pai, fazei Jesus que possamos Vos contemplar na glória e possuir, pela eternidade, a Pátria Celeste, Assim seja.

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O fogo também gosta de música

Quem diria que os hieráticos acordes da peça final do Messias de Handel fariam dançar um pequeno conjunto de chamas. Pois bem, os alunos do Colégio Arautos do Evangelho – Thabor conseguiram realizar essa proeza. E nem foi com o famoso concerto Fireworks (fogos de artifício), do mesmo compositor, mas, ao som das notas do “Worthy is the Lamb”, foi que as chamas começaram a movimentar-se.

O fogo também gosta de música

Esse interessante experimento fez parte da mostra de projeto intitulada “Qualidade de Vida”, que teve lugar no último ano letivo do mencionado instituto educativo. Cada turma especializou-se numa matéria e assim, desde a construção de catedrais medievais, passando por curiosos engenhos movidos a base das mais diversas energias físicas, até a explicação de como se propagam as ondas sonoras, o recorrido de quem teve a oportunidade de assistir essa mostra de projeto foi um substancioso e atraente mini-curso.

Optamos por compartir-lhes um dos engenhos apresentados pela terceira série do ano 2013. Inédito, para a maioria dos assistentes, algo aparentemente simples, mas cheio de princípios físicos, estéticos, musicais e até morais.

Sim, convidamos os participantes de thabor.arautos.org a nos comentarem, precisamente, algum princípio moral que se pode tirar desse pequeno, mas belo experimento. Os melhores merecerão especial destaque.

Esperamos gostem!

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Começam as aulas, e com que clave!

Segunda-feira passada começaram as aulas. Ano novo, alunos novos, e também muitos membros novos do Thabor. A formação diária realizada pelos alunos, dessa vez contou com a augusta presença do Santíssimo Sacramento. Foi algo inusitado! Nunca antes se tinha realizado um tão belo ato litúrgico para abrir o ano letivo.

Enquanto aguardávamos em silêncio formados na praça, ouviam-se ao longe o tilintar das sinetas que anunciavam a chegada de Cristo sacramentado. O Sacerdote que conduzia a Hóstia, ao chegar ao frontispício de Nossa Senhora do Rosário, face aos alunos, expôs o Santíssimo Sacramento no imponente ostensório da Basílica e procedeu-se, então, ao cântico do Credo em Latim. Sempre costumamos iniciar os estudos proclamando a nossa Fé.

Exposição do Santíssimo Sacramento – Abertura do ano letivo 2014

Ato contínuo, a banda, cujas fileiras já contam quase cem membros, iniciou a sua sequência musical, cujas notas serviam de compasso para o pomposo desfile que percorreu a praça, denominada da Esperança, a qual dá acesso tanto para a Basílica quanto para o recinto do Colégio Arautos do Evangelho – Thabor, localizado na Serra da Cantareira.

Cerrando as fileiras vinha a Eucaristia, ladeada por Diáconos, turiferários e tocheiros. Ao retornar ao ponto de partida da procissão, houve a solene Benção com o Santíssimo Sacramento, pouco depois, a sua entrada novamente na Basílica e o deslocamento dos alunos para as respectivas salas de aula.

Bastante promete este ano letivo 2104 com tão grandiosa abertura! Pedimos as orações de todos os que acompanham thabor.arautos.org, principalmente aos pais destes alunos, para que aqui se formem homens de Fé e de ciência, capacitados para enfrentar os inúmeros desafios que no futuro se lhes apresentem.

Clique no mosaico fotográfico caso deseje abrir as imagens

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Um Menino de encantos

Frágil como simples criança, mas sábio e inteligente como ninguém em toda a História, o pequeno Menino de Belém abriu seus braços para acolher com alegria todos aqueles que O procurassem. Pobres ou ricos, instruídos ou ignorantes, veio para todos. Desde singelos pastores até ilustres Magos O adoraram, oferecendo-Lhe aquilo que cada um possuía: uns, talvez, a simples oferta de lã ou alguns alimentos, fruto da humilde função agrícola do pastoreio; outros, incenso, mirra e ouro, pois face ao Criador do Universo só é possível o desejo de servi-Lo com aquilo que possuamos, seja muito ou seja pouco.

Foi precisamente esse desejo de dar tudo ao tenro e divino Menino que motivou os Arautos do Evangelho a ofertar-Lhe o nosso hábito religioso, pois, sem dúvida, poderíamos revesti-Lo sucessivamente de todos os emblemas e símbolos característicos de cada uma das famílias religiosas nascidas dentro da Santa Igreja, que Ele, desde Céu, só teria contentamento a nos manifestar por tal gesto, já que, sendo Deus, é o inspirador e sustentador dos diversos carismas e vocações providenciais, suscitados por obra divina, ao longo da História do Cristianismo.

Esta encantadora imagem do Menino Jesus encontra-se exposta para veneração dos fiéis na Basílica Nossa Senhora do Rosário, durante o período natalino. Convidamo-lo a conhecê-la!

Fotos: João Paulo Rodrigues

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“O Menino do Tambor”, o teatro do Thabor

Neste Natal,  “Menino do Tambor” é o teatro do Thabor.

Uma história lendária, mas com muito de real, está sendo apresentada pelo nosso coro, nas diversas capelas da Paróquia Nossa Senhora das Graças. No dia de amanhã, será novamente representada para um grande conjunto de Arautos do Evangelho, aqui mesmo no Thabor, e depois as apresentações continuarão o seu curso pelas capelas, nos finais de semana.

Os trajes são fantásticos, a trama da história, atraente e sobretudo as graças são copiosas!

Anjos, pastores, magos, peregrinos, músicos e cantores, todos se deparavam com o jovem cujo único patrimônio era um tambor. E precisamente queria ofertar o rouco som das suas batidas ao Menino Divino, à semelhança da pobre viúva do Evangelho que ofertou duas pequenas moedas, toda a sua riqueza, mas que aos olhos de Deus superavam em valor a oferta de todos os demais, pois ela dera tudo.

Sigamos o exemplo deste menino do tambor, demos tudo ao nosso Criador, para nos assemelharmos com Aquele que quis nascer em nossa carne mortal, padecer frio, fome, sofrer ultrajes e morrer de modo ignominioso, pelo perdão dos nossos pecados. E por mais que só tenhamos rudes defeitos para depositar aos seus divinos pés, não hesitemos em nos ajoelhar e abrir esses os nossos tristes “tesouros”, pois o Menino Deus saberá transformar em  perfumadas virtudes a nossa ingrata oferta.

Fotos: João Paulo Rodrigues

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Qual a relação entre verdadeira felicidade e qualidade de vida?

O projeto intitulado “Qualidade de Vida”, realizado pelo colégio internacional Arautos do Evangelho, e que já mencionamos em anterior post, iniciou com um simples, mas atraente teatro. Em plena Idade Média, alguns amigos estudantes encontram-se, transmitindo com efusividade as suas mais variadas experiências estudantis: uns cantam, outros pintam, todos se preparam para exercer as mais variadas profissões.

Neles transluz verdadeira felicidade por fazer aquilo para o qual Deus os destinadou. Nada de invejas, nem de ciúmes, pelo contrário, nota-se um ardente desejo de ajudarem-se mutuamente para que os talentos de cada um rendam o cêntuplo. De fato, não pode haver vida mais infeliz do que a de quem quer viver a vida de outro e não a própria…

Sim, pois a verdadeira felicidade não é fruto de fatores externos. O único terreno fértil dessa semente chamada “verdadeira felicidade” ou “qualidade de vida” é o coração humano. Só ali ela encontra as condições necessárias para nascer, crescer e dar frutos, pois é no interior do homem onde brotam as boas intenções e onde se realiza o misterioso encontro entre a vontade humana e a Graça Divina. É no íntimo do coração que Deus fala!

A alma humana é imortal e, portanto, tem um desejo infinito de felicidade, quer ser feliz para sempre. Por isso, só algo que não tenha fim pode saciar essa sede de infinito. E quanto mais o homem põe a razão de seu existir em “águas finitas”, como são os prazeres passageiros desta vida, tanto mais ele sente uma sede insaciável de felicidade.

Só há uma “água” capaz de saciar a alma humana, e ela nos foi prometida pelo próprio Jesus, na pessoa da samaritana que lhe oferecia um pouco de água para beber: “Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede, mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. A água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna. A mulher suplicou: Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la! Disse-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e volta cá. A mulher respondeu: Não tenho marido. Disse Jesus: Tens razão em dizer que não tens marido. Tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu. Nisto disseste a verdade. Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que és profeta!” (Jo 4, 13-19) Sim, Nosso Senhor queria fazer brotar nessa alma, seca por causa do pecado, uma fonte de água sobrenatural, chamada Graça Divina.

Digamos nós também com a Samaritana: “Senhor, vejo que és profeta! Dá-me dessa água!”. Abandonemos o pecado, abracemos a prática do bem e poderemos comprovar algo incrível em nossas vidas: de nosso interior brotará uma fonte de felicidade inexprimível em termos humanos, a qual transbordará impregnando todo nosso existir e assim poderemos verdadeiramente dizer “ter qualidade de vida é algo possível!”.

Com essa clave geral, foi realizada a presentação de projetos do Colégio Arautos do Evangelho – Thabor, sendo que os temas específicos de cada sala de aula foram muito variados e atraentes – como se pode ver nas fotos de amostra postadas em Projeto “Qualidade de Vida”.

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Quem é o vendor do desafio?

clique na foto e conheça os Arautos em Curitiba

Bem podem lembrar-se os participantes de thabor.arautos.org que, em penúltimo post, intitulado Símbolo da peregrinação terrena, fizemos um pequeno desafio a todos de encontrarem o caminho de saída de um intrincado labirinto, passando antes pelo escudo que estava na parte superior do mesmo. Pois bem, temos a alegria de apresentar-lhes o vencedor do desafio! É um jovem que cursa o 7° ano no colégio Arautos do Evangelho de Curitiba. Foi o primeiro a comentar o mencionado post:

Em atenção à perseverança desse jovem, publicamos a solução da primeira parte do labirinto. Não desanimem! Pois a nossa peregrinação terrena é muito semelhante: tem subidas e descidas, mas a solução sempre reside nas alturas, ou seja, em Deus que nos aguarda de braços abertos na Eternidade, se formos perseverantes no caminho do bem!

Veja aqui uma parte da solução do labirinto:

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Aceitam outro desafio?

A águia

O nome deste animal alude à agudeza das suas vistas (em latim: acúmen oculórum > áquila), pois além de enxergar perfeitamente a distâncias enormes, pode também fitar diretamente o sol, sem sofrer dano físico algum. Desde grandes alturas, a águia consegue ver, nos rios ou no mar, os desafortunados peixes que se tornarão as suas presas. Precipita-se sobre eles a uma velocidade vertiginosa, arrebatando-os das águas quase sem que possam percebê-lo.

A águia é um animal que zela meticulosamente pela “nobreza” da sua raça. Quase diríamos que possui uma espécie de “senso de honra”, pois pouco depois de nascerem os seus filhotes, a mãe águia voa com eles a grande altura, sustentando-os diante do sol,  e apenas considera dignos de fazer parte da sua raça os que de fato conseguem manter o olhar fixo diante do astro rei. Em relação àqueles que não o conseguem, piscando continuamente, o seu procedimento é impressionante: abandona-os totalmente, pois os tem como uma desonra para a sua espécie.

Não é a toa que, no Novo Testamento, a águia é símbolo do evangelista São João, pois desde a primeira linha do seu Evangelho, ele nos remete de modo imediato à divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, à maneira de águia que olha diretamente o sol.

Por outro lado, a pureza de doutrina que é característica de um verdadeiro católico deve assemelhar-se a esse zelo da águia em fazer com que as suas crias fitem sem empecilhos a luz do sol, pois, em matéria de Fé, devemos olhar diretamente para a sagrada luz da Revelação Divina, sem receios nem asperezas, já que o mínimo desvio pode tornar-nos indignos da qualidade de filhos da Verdade, que é Deus, porque a luz dessa Verdade Absoluta não comporta ambiguedades, indefinições nem deturpações.

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  • O quadro abaixo apresenta uma águia que capturou uma presa;
  • Encontre outra águia e escreva-nos comentado onde está!

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A castidade consagrada II – (continuação)

A virtude da castidade é como um valioso objeto de cristal, muito delicado, o qual deve ser carregado com extremo cuidado, para poder conservar-se intacto. Inúmeros recursos naturais e sobrenaturais existem ao nosso alcance, com vistas a resguardar a virtude angélica. Detenhamo-nos, pois, na consideração de alguns.

 Disciplinar os sentidos. A finalidade da mortificação dos sentidos é guarnecer as “muralhas” da nossa “fortaleza” contra o inimigo infernal, o qual ronda “como um leão que ruge buscando a quem devorar” (1 Pe 5, 8).

1o Colocar limites ao olhar exterior e ao interior é um dos mais eficazes meios para conservar a pureza, pois a “vista excita os desejos dos insensatos” (Sb 15, 5) e a imaginação é a “louca da casa” – na expressão de Santa Teresa de Jesus[1]. Se não formos vigilantes, a tentação pode assaltar-nos quase despercebidamente, projetando na nossa “tela interior” cenas que nos passaram pela vista, embora não lhes tenhamos dado atenção. O venerável patriarca Jó, bem conhecendo a natureza humana, fizera um pacto com seus olhos de jamais fitar algo que pudesse ser-lhe motivo de queda (Cf. 31, 1). E o Espírito Santo inspirou o autor sagrado do Eclesiástico a escrever uma série de conselhos, a fim de prevenir-nos acerca do descontrole das vistas, entre os quais consta este: “Não lances os olhos daqui e dali pelas ruas da cidade, não vagueies pelos caminhos” (Eclo 9, 7). A desocupação também é inimiga da castidade. Quem permanece desocupado aprende em sua imaginação a fazer o mal, porque “a ociosidade ensina muita malícia” (Eclo 33-29). Portanto, jamais nos deixemos tomar por sonhos de olhos abertos, nos quais facilmente se alberga o Maligno.

 2o A língua e o ouvido mortificam-se pela vigilância nas conversas, não só no que diz respeito a matérias ilícitas evidentemente, pois “disso nem se faça menção entre vós, como convém a santos” (Ef 5, 3), mas também, tendo humildade no convívio, sabendo ceder a palavra e ouvir os demais, adaptando-se à vontade alheia e evitando os excessos de curiosidade, porque  quem “refreia a língua […] é um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo. Quando pomos o freio na boca dos cavalos, para que nos obedeçam,…

governamos também todo o seu corpo. Vede também os navios: por grandes que sejam e embora agitados por ventos impetuosos, são governados com um pequeno leme à vontade do piloto. Assim também a língua é um pequeno membro, mas pode gloriar-se de grandes coisas. Considerai como uma pequena chama pode incendiar uma grande floresta! Também a língua é um fogo, um mundo de iniquidade. A língua está entre os nossos membros e contamina todo o corpo; e sendo inflamada pelo inferno, incendeia o curso da nossa vida. […] Não convém, meus irmãos, que seja assim” (Tg 1, 27; 3, 2-6. 10).

3o O paladar e o olfato também devem ser refreados, quanto ao abuso dos prazeres que deles provêm. A alimentação é um bem, e até um ótimo meio para louvar a Deus pelas maravilhas contidas na Criação. Igualmente, as fragrâncias extraídas da vegetação podem elevar os ambientes e, em consequência, os espíritos. Sem embargo, nunca devem se tornar motivo de deleites mundanos, pois “não são mais que sombra do que há de vir” (Cl 2, 17). Servir-se com intemperança desses recursos pode ser prejudicial para a guarda da castidade, uma vez que o excesso deles amolece o corpo e, por conseguinte, a vontade.

“São Francisco de Assis chamava ao seu corpo ‘irmão burro’: ‘irmão’ porque era seu companheiro de viagem, mas ‘burro’ porque sabia que lhe era obediente. Se concederes tudo ao corpo, bem depressa o farás senhor de ti”[2]. Ceder aos instintos frequentemente não significa acalmá-los, mas ao contrário, pode excitá-los ainda mais. Não permitamos, pois, que o “burro” passe a nos governar! Imitemos o exemplo do Apóstolo: “Castigo o meu corpo e o mantenho na servidão” (1 Cor 9, 27). Sem contar que a sobriedade é um dos melhores “médicos” de toda a História, antigamente muito “consultado” pelos longevos ermitãos do deserto, por isso, pondera o adágio latino: “modicus cibi, medicus sibi[3], quem é módico no alimento é médico de si mesmo.

4o “O tato é um sentido especialmente perigoso”[4]. Para discipliná-lo o batizado deve revestir-se de todo pudor privado e público, a fim de prever os perigos, precaver-se e evitá-los. Todos os atos, especialmente quando se está a sós, devem ser permeados de zelo pela integridade própria ao “templo do Espírito Santo” (1 Cor 6, 19) que é o corpo. Quanto nos agrada entrar numa igreja limpa, ordenada e sacral, digna da presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Basílica Nossa Senhora do Rosário – Arautos do Evangelho – Thabor

Pois bem, não contristemos o Espírito Santo (Cf. 1 Ef 4, 30), profanando o lugar de sua habitação com atitudes indecorosas: é preciso aprimorar o nosso templo, deixá-lo pulcro e sagrado como merece. Para isso, cultivemos uma ordem exímia em nosso recinto de repouso noturno e uma limpeza exemplar na apresentação pessoal, porque “o cuidado exterior leva a premunir-nos contra tudo o que possa roubar a pureza da alma”[5].

Mortifiquemos a carne, não cedendo aos horrendos prazeres da preguiça. De manhã “despertai, como convém, e não pequeis!” (1 Cor 15, 34); levantemo-nos imediatamente após acordar, não dando ocasião ao diabo de nos tentar. Privemo-nos das comodidades excessivas e, se nos acontece de depararmo-nos com algo que possa despertar os instintos da carne, afastemo-nos imediatamente da ocasião, pois “quem ama o perigo nele perecerá” (Eclo 3, 27). O melhor modo de triunfar nesses momentos não é enfrentar as tentações, mas fugir delas, como afirmava São Jerônimo: “Fujo para não ser vencido”[6].

 “Vigiai…” (Mt 26, 41). Nosso trato com os demais deve ser sempre respeitoso e até cerimonioso, nunca permitindo que se torne espontâneo, trivial ou indisciplinado. Cuidado com as amizades, pois “más companhias corrompem bons costumes” (1 Cor 15, 33)! Pela castidade perfeita, oferecemos o nosso coração ao Criador, amando ao próximo por puro amor a Deus, “o amor em sua forma mais elevada, ou seja, […] sem participação alguma com as criaturas no plano meramente natural”[7]. Muitas vezes – dizia São Francisco de Sales – pensamos estimar uma pessoa por amor sobrenatural, mas, na realidade, fazemo-lo por amor a nós mesmos, pela satisfação e atrativo que nos provoca o trato com ela[8].

Eis alguns dos sintomas que ajudam a desmascarar as afeições desregradas: “falar pouco das coisas de Deus e muito da mútua amizade; louvar-se, adular-se, ser indulgentes reciprocamente; queixar-se amargamente das correções dos superiores, dos obstáculos que lhes põem para andar juntos, das suspeitas que parecem manifestar; na ausência da pessoa amiga, experimentar intranquilidade e tristeza; ter distrações na oração por causa dela; encomendá-la a Deus com fervor extraordinário; ter a sua imagem gravada na alma; pensar nela dia e noite, e em sonhos ainda; perguntar com muito interesse onde está, o que faz, quando virá, se tem amizade com outra pessoa”[9].

Depois de anos de experiência, São João Bosco disse ter-se convencido de que esse gravíssimo perigo é contínuo, e alcunhou-o com o nome de “amizades particulares”. Mais tarde, porém, quis catalogá-lo como a “peste das comunidades”[10]. Uma frase atribuída a Santo Agostinho descreve o percurso que pode traçar quem se deixa levar por Satanás, pelo sinuoso caminho das amizades particulares: “O amor espiritual se torna afetuoso, o afetuoso obsequioso, o obsequioso familiar e o familiar carnal”[11]. Nessa matéria, como em muitas outras, é preciso fazer-se violência e cortar pela raiz o que possa tornar-se motivo de desvio do amor exclusivo a Deus, porque o Céu “são os violentos que o conquistam” (Mt 11, 12).

Prestemos, pois, atenção aos conselhos da Escritura: “Filhinhos, que ninguém vos desencaminhe” (1 Jo 3, 7); “Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na Geena. E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado na Geena” (Mt 5, 29-30). Especialmente, São Paulo exorta os consagrados a se mostrarem íntegros em seu proceder, “para que o adversário seja confundido, não tendo a dizer de nós mal algum” (Tt 2, 8).

♦ “… E orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26, 41). Santo Agostinho, célebre pela sua impressionante conversão, compôs um tocante “diálogo” com a virtude angélica, externando nele a sua terrível luta para adquiri-la: “a castidade, como que rindo de mim com um gracioso sorriso, o qual me convidava a segui-la, parecia dizer-me: ‘Então, não poderás tu aquilo que puderam e podem todos esses e essas [pessoas castas]? Por ventura o que eles podem, provém das suas próprias forças ou daquelas que a graça de seu Deus e Senhor lhes comunicou? O Senhor seu Deus concedeu-lhes continência, pois eu sou dádiva d’Ele. Por que queres apoiar-te em tuas próprias forças, se elas não podem te sustentar nem dar-te firmeza alguma? Atira-te com confiança nos braços do Senhor, e não temas, porque nunca se afastará deixando-te cair. Atira-te seguro e confiante, que Ele te receberá em seus braços e sanará todos os teus males’. Eu estava muito envergonhado, porque ainda ouvia os murmúrios daquelas futilidades [da impureza], as quais mantinham-me atônito e indeciso. Então, novamente a castidade parecia dizer-me: ‘Faz-te surdo às imundas da tua concupiscência, porque assim ela ficará totalmente amortecida. Ela te promete deleites, mas não podem comparar-se com os que encontrarás na lei de teu Deus e Senhor’”[12].

E Santo Agostinho encontrou o único meio capaz de dar-lhe a pureza: “[Eu] julgava que a castidade havia de se obter com as próprias forças, e persuadia-me de que não as tinha. Sendo tão néscio, ignorava, como está escritura, que ninguém pode ser casto se Vós não lhe dais essa virtude’ (Sb 8, 21; Vulgata). E, certamente, a teríeis concedido a mim, se ferisse os teus ouvidos com os gemidos íntimos de meu coração, e com firme confiança tivesse posto em Vós todos os meus cuidados[13].

Imagem de Nossa Senhora de Fátima – Basílica dos Arautos do Evangelho – Thabor

Com efeito, mesmo utilizando-nos dos recursos para conservar imaculada a castidade, todos se mostrarão insuficientes, caso nos falte o principal: a oração. Por meio dela devemos implorar sempre o auxílio divino, pela intercessão da Mãe de toda pureza e “Mestra da virgindade”[14], Maria Santíssima. É indispensável também frequentar os Sacramentos, meios seguros para obter a Graça, especialmente a Eucaristia, pão dos Anjos (Cf. Sb 16, 20), “vinho do Novo Testamento que faz germinar virgens”[15], baluarte da castidade e melhor “remédio contra a sensualidade”[16], e o Sacramento da Penitência, o qual lança por terra os planos do demônio, quando as más solicitações que ele sugeria em nosso interior são externadas ao confessor: “tentação descoberta é tentação vencida”[17].

Mas o tentador não permanece de braços cruzados… Ele devolve, na fila da Confissão, o que procurou retirar no momento da tentação: a vergonha. São João Bosco conclamava os seus alunos a acorrerem ao sacramento da misericórdia divina, com presteza e integridade de espírito: “Asseguro-vos, queridos jovens, que a mão me treme ante a consideração do grande número de cristãos que se encaminham à eterna condenação, unicamente por ter calado ou por não ter exposto sinceramente na Confissão determinadas faltas. Se por casualidade algum de vós, ao revistar a sua vida passada, dá-se conta de que ocultou voluntariamente algum pecado, ou simplesmente retém dúvidas sobre a validez de alguma Confissão, eu lhe diria: ‘Amigo meu, por amor a Jesus Cristo e ao precioso Sangue que derramou para salvar-te, repara, suplico-te, tua consciência, a primeira vez que fores confessar-te; tudo isso que te inquieta, manifesta-o como se estivesses a ponto de morrer. E se não sabes por onde começar, dize simplesmente ao confessor que há algo na tua vida passada que te perturba. Isso será suficiente[18].

Texto: Sebastián Correa Velásquez


[1] Apud CANALS NAVARRETE, Salvador. Ascética meditada. Madrid: Rialp, 1997, p. 117.

[2] TÓTH, Tihamer. Juventude radiosa. Tradução de Joaquim M. Lourenço. 5 ed. Coimbra: Ed. Coimbra, 1967, p. 180.

[3] TÓTH. Compendio de Teología ascética y mística. Tradução de Daniel García Huches. Bélgica: Desclée, 1960. p. 180-181.

[4] TANQUEREY. Op. Cit., p. 717.

[5] TÓTH. Op. Cit., p. 168.

[6] Apud ROYO MARÍN, Antonio. La vida religiosa. 2 ed. Madrid: B.A.C, 1968, p. 321.

[7] Idem, p. 283.

[8] Cf. TANQUEREY. Op. Cit., p. 719.

[9] VALUY,  Benoit. Vertus religieuse: Le directoire du prête. Paris: Tralin, 1913, p. 73-74, apud Tanquerey. Op. Cit., p. 720.

[10] SÃO JOÃO BOSCO. Reglas o constituciones del Instituto de las Hijas de María Auxiliaodora. n. 111. In: Obras fundamentales. Juan Canals Pujol e Antonio Martinez Azcona (diretores da edição). 3 ed. Madrid: B.A.C., 1995, p. 722.

[11] Apud TANQUEREY. Op. Cit., p. 719.

[12] SANTO AGOSTINHO. Confissões VIII, 11, 27.

[13] SANTO AGOSTINHO. Confissões VI, 11, 20.

[14] SANTO AMBRÓSIO, apud ROYO MARÍN. Op. Cit., p. 323.

[15] DARRAS, Joseph Epiphane. Historia de Nuestro Señor Jesucristo: exposición sobre los Santos Evangelios. Madrid: Gaspar & Roig, 1865, (c. IV, §. 5).

[16] LEÃO XIII, apud Pio xii. Sacra virginitas. 25 mar. 1954.

[17] TANQUEREY. Op. Cit., p. 715.

[18] SÃO JOÃO BOSCO. Apuntes biográficos del joven Miguel Magone: alumno del oratório de San Francisco de Sales. 3 ed. Turín: [s. n.], 1880. In: Obras fundamentales. Op. Cit., p. 234.

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A castidade consagrada I

A invenção do balão, no ano de 1793, foi um acontecimento mundial. Era quase impossível acreditar que um objeto de tal tamanho pudesse vencer a implacável lei da gravidade, voando sem amarras, peregrinando pelos ares, permitindo contemplar panoramas desde alturas inimagináveis… Sim, até lá conseguiu chegar o engenho humano! Ora, tudo na Criação tem uma finalidade, não somente material, mas também no plano espiritual e simbólico, pois o Universo saiu das mãos de um único Ser, infinitamente inteligente e perfeito. Não era possível existirem essas leis sem que contivessem sábias analogias em relação a criaturas superiores.

Com efeito, a tendência de os objetos caírem talvez seja uma imagem desejada por Deus, para dar a entender ao homem o quanto a sua natureza, depois do Pecado Original, tornou-se propensa à queda: “à semelhança de nosso corpo, padecem as almas de uma espécie de lei da gravidade espiritual por onde nos sentimos atraídos para o mais baixo, o mais trivial, o que nos exige menos esforço”.[1] Por outro lado, a mencionada lei física capaz de vencer a gravidade, também é imagem de uma realidade superior, a qual foi dada a conhecer aos homens muito antes do descobrimento do balão. Nosso Senhor Jesus Cristo foi o grande “descobridor”, ou melhor, o portador de uma nova lei, capaz de retirar-nos do abismo ao qual o pecado nos atirara: a Lei da Graça.[2] Ela é capaz de elevar as almas a altitudes inatingíveis pelo esforço natural, fazendo-as ganhar a batalha contra as inclinações que continuamente as arrastam para o mal.

A Graça é o remédio apropriado para corrigir em nós o desregramento das paixões, sobretudo a “concupiscência da carne” (1 Jo 2, 16), a qual leva a humanidade a ofender a Deus com maior frequência. Cristo veio consagrando dois caminhos que regulam a veemência desse instinto: o Sacramento do Matrimônio e a castidade consagrada. Em relação à segunda, o Divino Mestre afirmou ser um estado de vida reservado para poucos e, assim, nem todos conseguem compreendê-lo, “mas somente aqueles a quem é concedido” (Mt 19, 11). Os que o abraçam “por amor do Reino dos Céus” (Mt 19, 12), prenunciam nesta Terra a Bem-aventurança celeste, por isso, esse estado recebe o nome de celibato, termo que visa expressar certa participação na felicidade do Céu, segundo a etimologia dada pelo historiador romano Julius Valerianus: caeli beatus.[3]

A virtude da castidade visa reprimir “tudo quanto há de desordenado nos prazeres voluptuosos”,[4] os quais são moralmente ilícitos quando buscados por si mesmos,[5] porque eles só existem com vistas a um fim principal: “perpetuar a raça humana, transmitindo a vida pelo uso legítimo do matrimônio. Fora dele, toda luxúria é estritamente proibida”.[6] Ora, a vocação para a castidade consagrada pede uma doação completa, através desse “vínculo sagrado”,[7] o religioso entrega a Deus o corpo com todas as suas faculdades, oferece-se em holocausto,[8] renuncia por amor às leis da carne e vencendo-as com o auxílio da divina Graça.

Essa sublimação da natureza humana é incomparavelmente superior ao voo de um balão que percorre as alturas do firmamento e derrota a lei da gravidade, pois é “angelizar” o homem (Cf. Mc 12, 25), desafiar as forças do mal, com Cristo, vencer o mundo (Cf. Jo 16, 33)! A castidade perfeita faz voar pelos horizontes da vida sobrenatural, causando incompreensão em muitas pessoas não chamadas a vivê-la, as quais podem se perguntar: “como é possível a uma natureza tão material e débil elevar-se a essas altitudes da espiritualidade, livrar-se das amarras da carne e preocupar-se apenas com a contemplação dos sagrados panoramas da Religião?”. O Divino Mestre é quem lhes dá a resposta: “Quem puder compreender, compreenda” (Mt 19, 12).

O Apóstolo São Paulo também defendeu claramente o “dom divino”[9] da castidade, pois – conforme disse – “os que são de Jesus Cristo crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências” (Gl 5, 24). Escrevendo aos de Corinto, afirmava: “A respeito das pessoas virgens, não tenho mandamento do Senhor; porém, dou o meu conselho, como homem que recebeu da misericórdia do Senhor a graça de ser digno de confiança. […] Quisera ver-vos livres de toda preocupação. O solteiro cuida das coisas que são do Senhor, de como agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar à sua esposa. A mesma diferença existe com a mulher solteira ou a virgem. […] Digo isto para vosso proveito, […] para vos ensinar o que melhor convém, o que vos poderá unir ao Senhor sem partilha. […] E creio que também eu tenho o Espírito de Deus” (1 Cor 7, 25. 32-34. 35. 40).

Como conservar a castidade?

Conseguir o domínio de si requer uma existência inteira e “nunca poderá considerar-se total e definitivamente adquirido. Implica um esforço constantemente retomado, em todas as idades da vida (Cf. Tt 2, 1-6). O esforço requerido pode ser mais intenso em certas épocas, como quando se forma a personalidade, durante a infância e a adolescência”,[10] sendo que a vitória se encontra na conquista do coração, pois é nele onde pode nascer a impureza (Cf. Mt 5, 28; 15, 19). Em realidade, a luta para conservar a castidade é travada principalmente no interior. O Evangelho proclama bem-aventurados “os puros de coração” (Mt 5, 8), ou seja, aqueles que transformaram a sua mentalidade e o seu querer, a fim de se adaptarem às exigências da própria vocação,[11] abandonando os hábitos censuráveis daquele que “têm o entendimento obscurecido, e cuja ignorância e endurecimento de coração mantêm-nos afastados da vida de Deus; indolentes, entregam-se à devassidão, à prática apaixonada de toda espécie de impureza” (Ef 4, 18-19).

Texto: Sebastián Correa Velásquez


[1] Clá Dias, João Scognamiglio. “Voar sem amarras!”. In: Arautos do Evangelho. São Paulo: Abril, n. 105, set. 2010, p. 10.

[2] Cf. São Tomás de Aquino. Suma Teológica. I-II, q. 106, a. 1 e 2.

[3] Cf. Bautista Torelló, Joan. Scripta Theologica 27. Navarra: Universidade de Navarra, 1995, p. 282.

[4] Tanquerey, Adolphe. Compendio de Teología Ascética y Mística. Tradução de Daniel García Huches. Bélgica: Desclée, 1960, p. 707.

[5] Cf. Catecismo da Igreja Católica. n. 2351.

[6] Tanquerey. Op. Cit., p. 707.

[7] João Paulo II. Vita consecrata. n. 14.

[8] Cf. São Tomás de Aquino. Suma Teológica. II-II, q. 186, a. 1.

[9] Catecismo da Igreja Católica. n. 2260.

[10] Catecismo da Igreja Católica. n. 2342.

[11] Cf. Catecismo da Igreja Católica. n. 2517.

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“Tu lhe rogarás e ele te ouvirá, e cumprirás os teus votos” (Jó 22, 27)

O mês de agosto foi marcado por uma data histórica para os arautos do Thabor, como para os de muitas outras localidades.

No dia 29, festa do martírio de São João Batista, teve lugar na Basílica de Nossa Senhora do Rosário (Serra da Cantareira-Caieiras SP,) a primeira cerimônia de emissão de votos temporários para membros, não sacerdotes, da Sociedade Clerical de Vida Apostólica Virgo Flos Carmeli.

27 aspirantes, dos quais 17 residem no Thabor, realizaram os mencionados votos, nas mãos do superior geral, Mons. João Scognamiglio Clá Dias, prometendo praticar os Conselhos Evangélicos de Castidade, Pobreza e Obediência, segundo o modo de vida expresso nas constituições dessa sociedade.

Graça imensa, pois o seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo por meio da prática mais perfeita dos seus divinos conselhos é penhor de grande recompensa na Eternidade (Cf. Mt 19, 28-29)

Queremos, pois, de certo modo, tornar os frequentadores do blog thabor.arautos.org partícipes das bênçãos recebidas nesse dia, não só compartindo-lhes algumas fotos, mas também dedicando uma série de quatro próximos posts para aprofundar, mais um pouco, o conhecimento teológico e espiritual desse extraordinário tesouro que são os conselhos evangélicos.

Aguarde-os!

Texto: Sebastián Correa Velásquez

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A primeira pizzaria

Há muito tempo o homem saboreia a pizza. Como todo prato antigo, é difícil descobrir com exatidão a sua origem, ainda mais se pensarmos que ela não é mais do que uma variação do pão.

Desde a descoberta da fermentação da massa de trigo e do forno (graças ao talento dos egípcios, há mais ou menos quatro mil anos atrás) muitos povos souberam cozinhar pães das mais diversas formas e com os mais diversos ingredientes. Especialmente inventivos foram os gregos e os romanos, os quais criaram o “moretum”: massa não fermentada derivada do pão, com ervas aromáticas e cebolas.

Porém, não queremos deixar de contar um episódio histórico para a culinária mundial. No ano de 1889, em Nápoles, um padeiro muito pobre, passava de casa em casa pedindo às famílias um pouco de massa. Quando a recebia colocava-a num grande recipiente e, no final dessa peregrinação, voltava para a sua padaria, colocando fermento à massa coletada. No dia seguinte, quando começava a trabalhar essa massa, achou que um pouco de queijo por cima iria muito bem. Ao pôr a massa no forno, pensou que ela iria crescer normalmente como qualquer pão, mas algo diferente aconteceu: o queijo abafou seu crescimento e ela ficou achatada…

O padeiro ficou angustiado, pois, quem iria comprar esse pão horrivelmente achatado? Ao chegar um freguês, o vendedor disse lamentando-se:

– Perdoe-me senhor, acabaram os pães! Só tenho um que não cresceu…

O comprador respondeu:

– Não tem nada! O quero assim mesmo.

Esse freguês era amigo próximo de uns monarcas italianos, os quais estavam  passando algun­s dias em seu palácio. Ao degustar o pão, seu paladar percebeu tratar-se de algo fora do comum… Tanto gostou que, como bom italiano comunicativo, foi imediatamente para as habitações do rei Humberto I e da Rainha Margherita, e disse-lhes:

– Caros soberanos, acabo de comer um “pão” delicioso, cujo nome ignoro, mas, caso queirais, posso trazer-vos aqui quem o preparou, a fim de que também possais experimentá-lo.

Ouvindo a resposta afirmativa, o homem foi logo procurar o padeiro e lhe disse:

– Prepare, por favor, daquele “pão” que o senhor me vendeu. É estupendo! E a rainha o quer provar.

Surpreso, foi logo fazer do mesmo “pão”. E, sabendo que a rainha gostava muito da bandeira italiana, colocou-lhe pomodoro (tomate), muzzarela (mussarela) e basilico (manjericão), formando o conjunto tricolor vermelho, branca e verde. Ao ficar pronto o estranho “pão”, levou-o à rainha, a qual se encantou com aquelas cores e, mais ainda, com o sabor. Ela disse ao padeiro:

– Como se chama este “pão”?

O jeitoso italiano respondeu:

–Chama-se “alla Margherita!”, perdão… “la

pizza alla Margherita!

A rainha, impressionada, fez-lhe a proposta de ser o cozinheiro oficial da corte. Sentaram-se e continuaram a comer a deliciosa pizza Allá Marguerita. E, nesse mesmo ano, em Nápoles fundou-se a primeira pizzaria.

Texto: Johnathan Inocêncio Magalhães

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Mãe de Deus e da Igreja: Lembrança do Curso de Férias III

Com este terceiro post, finalizamos a publicação do livreto-lembrança (ver anteriores: I e II) distribuído aos participantes do último Curso de Férias dos Arautos do Evangelho, o qual teve lugar no Thabor. Desejamos aos leitores que Nossa Senhora os faça cada vez mais crescer na devoção a Ela, pois, se Deus quis vir ao Mundo por meio d’Ela, não há melhor caminho para a Ele chegarmos do que colocarmo-nos nas suas maternais mãos, a fim de que Ela nos cubra com o seu celeste manto.

Já no Gólgota, local onde se consumou a fundação da Santa Igreja, Nosso Redentor quis depositar a Divina Instituição em maternais mãos, antes de completar o seu sacrossanto holocausto. Essa plantinha imortal, que logo se tornaria árvore frondosa, regada pelo preciosíssimo Sangue, estava ali representada pelo único Bispo que, nesse momento crucial, não abandonara o Divino Mestre: São João. Os católicos de todos os tempos, há mais de dois mil anos, fazem ecoar com gáudio as palavras pronunciadas por Jesus pendente da Cruz, com as quais também nós fomos entregues aos cuidados da Santíssima Virgem: “Mulher, eis aí teu filho”, isto é, a Igreja, “filho, eis aí a tua Mãe!”;e dessa hora em diante o discípulo A levou para a sua casa” (Jo 19, 27). Sim, a Mãe da Cabeça, que é Cristo, devia sê-lo também do seu Corpo Místico, que é a Igreja.[1]

 A Virgem Maria nos Evangelhos Nas passagens do Evangelho em que a Santíssima Virgem aparece, transluz a imensa predileção e riqueza de privilégios com os quais Deus quis favorecê-La. Só o “Ave cheia de graça” (Lc 1, 28), pronunciado pelo anjo, aponta o oceano de amor divino que cumulou Nossa Senhora. Sem embargo, esses mesmos episódios são também como as pontas de um véu que discretamente se levantam, deixando entrever o tesouro de misericórdia que, em Maria, Jesus reservava para dá-lo a conhecer à humanidade, ao longo dos tempos.

Nos Evangelhos, destacam-se, em primeiro lugar, os misteriosos acontecimentos do Nascimento e da infância de Nosso Senhor Jesus Cristo:

O desposório de Maria com São José (Mt 1, 18-25);  A anunciação e a Encarnação (Lc 1, 26-38);  A visita a Santa Isabel (Lc 1, 39-56); • O divino Nascimento (Lc 2, 1-20);  A circuncisão de Jesus (Mt 2, 22-23; Lc2, 21-40);  A adoração dos Reis Magos (Mt 2, 1-12);Ÿ  A fuga e o retorno do Egito (Mt 2, 13-15. 19-23); Ÿ A perda e o encontro no Templo (Lc 2, 41-52).

Após o Batismo do Senhor, a Virgem Maria reaparece nos Evangelhos, mostrando, por primeira vez, a sua “onipotência suplicante”, nas bodas de Caná. Ela intercedeu junto ao seu Filho para que remediasse a falta de vinho, operando ali o milagre inaugural da sua vida pública (Jo 2, 1-11).

Nossa Senhora será mencionada novamente pelos Evangelistas no relato da Paixão do Senhor, junto à Cruz (Jo 19, 25).

E, graças a São Lucas, também sabemos que Ela acompanhou os Apóstolos no Cenáculo, após a Ascensão de seu Filho (At 1, 14), para com eles implorar a vinda do Divino Espírito Santo.

 Corredentora e Medianeira Todos esses episódios das Sagradas Escrituras são marcados por um denominador comum: neles se vislumbra a incomparável vocação da Santíssima Virgem. Ela gerou e “preparou uma Vítima para a salvação dos homens; a sua missão foi também a de guardar e alimentar essa Vítima, e apresentá-la no tempo oportuno para o sacrifício”.[2] Ela “participou de tal maneira das dores do Filho que, se fosse possível, preferia infinitamente assumir sobre si todos os tormentos que Ele padecia”.[3]

Assim, essa profunda relação entre maternidade e sacrifício fez com que Nossa Senhora se associasse de maneira muito íntima às graças da Redenção.[4] “Enquanto dependia d’Ela, imolou o seu Filho, de sorte que, com razão, pode-se afirmar: Ela redimiu o gênero humano junto com Cristo. E, por esse motivo, toda espécie de graças que recebemos do tesouro da Redenção é ministrado como que através das mãos da mesma Virgem Dolorosa”.[5] Por isso, Nossa Senhora é chamada, a justo título, Co-redentora do gênero humano e Medianeira ou “Dispensadora universal de todas as graças que se concederam ou se concederão aos homens, até o fim dos séculos.”[6]

 Os dogmas marianos Ao longo da História do Cristianismo, o aparecimento das heresias, e outros fatores, levaram a Igreja a proclamar solenemente os dogmas, ou seja, as principais verdades da Fé reveladas por Deus, que nos foram transmitidas pela Escritura ou pela Sagrada Tradição, nas quais os católicos devem crer firmemente, a fim de salvaguardar de maneira íntegra o dom divino da Revelação. Os dogmas que se referem diretamente a Nossa Senhora são:

1o Maternidade Divina Professa que a Santíssima Virgem é verdadeiramente Mãe de Deus, segundo a humanidade, ou seja, que forneceu a seu Filho Jesus uma natureza humana semelhante à d’Ela.[7] Este dogma foi proclamado solenemente no pontificado de Clementino I (422-432), durante o Concílio de Éfeso (431): “Se alguém não confessar que o Emanuel é Deus no sentido verdadeiro e que, por isso, a Santa Virgem é Mãe de Deus (pois gerou segundo a carne o Verbo de Deus feito carne), seja anátema”.[8] A Maternidade Divina é o mais alto dom recebido por Maria e, por causa dele, Ela foi ornada de todos os demais privilégios.

2o Virgindade Perpétua Professa que Nossa Senhora permaneceu Virgem antes, durante e depois do Nascimento de Jesus. Essa verdade encontra-se em todas as primeiras formulações de Fé da Igreja (os primeiros Credos).[9] São Leão Magno (440-461) definiu que o Unigênito de Deus “foi, de fato, concebido do Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, que o deu à luz, permanecendo intacta a sua virgindade, assim como com intacta virgindade o concebeu”.[10] O sínodo de Latrão (649), convocado por Martinho I, declarou anátema quem não confessasse esse dogma.[11]

3o Imaculada Conceição Professa que Maria foi isenta completamente do pecado original, desde o primeiro instante da sua existência no ventre materno. Foi proclamado solenemente pelo Beato Pio IX, em 8 de Dezembro de 1854, por meio da bula Ineffabilis Deus: “Declaramos, proclamamos e definimos: a doutrina que sustenta que a Beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua conceição, por singular graça do Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha da culpa original; essa doutrina foi revelada por Deus e por isto deve ser crida firme e constantemente por todos os fiéis”.[12]

4o Assunção Professa que a Santa Mãe de Deus, por singularíssimo privilégio, subiu em corpo e alma aos Céus, após o término da sua vida terrena. Foi proclamado por Pio XII, no dia 1o de novembro de 1950, por meio da constituição apostólica Munificentisimus Deus: “Proclamamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, completado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.[13]

♦ A “Ave Maria” Apesar de alguns historiadores considerarem o Sub tuum presidium como a primeira oração composta a Nossa Senhora, devido à recente descoberta de um documento do séc. III, partindo da nossa Fé nas Sagradas Escrituras, nós, verdadeiramente, podemos considerar como a mais antiga oração aquela que foi recitada, por primeira vez, pela uma voz de um anjo: “Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco” (Lc 1, 42); e, logo depois dessa, temos o cântico de Santa Isabel: “Bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre(Lc 1, 42). A junção dessas duas saudações constituiu uma única oração, que, no séc. iv, já era habitualmente empregada desse modo, inclusive dentro da liturgia oriental, herdeira do apóstolo São Tiago, após o rito da Consagração.[14]

Entretanto, a piedade dos fiéis não se sentia satisfeita. Como corolário desse ato de louvor, era necessário fazer um ato de súplica. Por isso, paulatinamente, foi-lhe sendo acrescentada uma segunda parte: “Santa Maria, Mãe de Deus; rogai por nós pecadores; agora e na hora de nossa morte”. Estava assim composta a “Ave Maria” como a conhecemos até hoje. Ela somente foi introduzida, de maneira oficial, na liturgia do Ocidente em 1568, pelo Papa São Pio V, com a publicação do Breviário Romano, mas, desde longa data, já era uma prática comum de piedade na Igreja Católica.

♦ O Santo Rosário O fato de as palavras da Ave Maria serem tão gratas à Santíssima Virgem, impeliu os cristãos a multiplicarem o número de vezes da sua recitação, na esperança de tornarem-se, como que, um eco daquelas saudações evangélicas que tanto A encheram de alegria. À imitação do devocionário mais famoso de todos os tempos, o Livro dos Salmos, criou-se então o costume de rezar um total de 150 Ave Marias (ver nota sobre os mistérios Luminosos) [15], as quais depois foram divididas em dezenas, encabeçadas pelo Pai Nosso, meditando-se, em cada uma delas, um dos principais mistérios da nossa Redenção. Dessa maneira nasceu o Santo Rosário, o qual que é uma “síntese de todo o Evangelho”.[16] Ele é um pequeno tesouro de conteúdo teológico, uma obra-mestra que ensina doutrina Católica até aos mais modestos  e, sobretudo, um conciso compêndio de espiritualidade acessível a todos.

♦ O culto de hiperdulia Apenas dois cuidados devem ser tidos em relação à devoção a Nossa Senhora: primeiro, nunca deixar de crescer na devoção a Ela e, sem sombra de dúvida, não render-Lhe culto de adoração, pois unicamente Deus deve ser adorado. Entretanto, tão importante é a missão de Maria no plano da Salvação, que devemos prestar-Lhe atos de louvor e devoção superiores, os quais recebem o título de hiperdulia. Recordemo-nos que, se Deus é Onipotente em seu Ser, a Santíssima Virgem o é quanto à sua súplica. Por isso, aspirar a alguma graça sem confiá-la a Nossa Senhora, no dizer de Dante, é como ter o anelo de voar sem asas.[17] Nunca deixemos, pois, de tudo pedir através de nossa Medianeira celeste!

Texto: Sebastián Correa Velásquez


[1] Cf. Catecismo da igreja católica. n. 726. 963-965. Missale romanum. Die 1 Ianuarii, Post Communionem; paulo vi. Marialis Cultus. n. 11.

[2] Pio x. Carta Encíclica Ad diem illum lætissimum. n. 12.

[3] São Boaventura. I sent. d. 48. ad Litt. dub. 4.

[4] Cf. Catecismo da Igreja Católica. n. 618.

[5] Bento xv. Carta Apostólica Inter sodalicia. 22 de maio de 1918.

[6] Pio ix. Bula Ineffabilis Deus. n. 2.

[7] Cf. Royo Marín. Antonio. La Virgen María: Teología y espiritualidad marianas. Madrid: BAC, 1968. p. 92-93.

[8] DH. n. 252. (Denzinger, Heinrich; Hünermann, Peter. El magisterio de la Iglesia: Enchiridion symbolorum, definitioum et declarationum de rebus fidei et morum. Barcelona: Herder, 2000).

[9] Cf. DH. n. 10-64.

[10] Cf. DH. n. 291.

[11] Cf. DH. n. 503.

[12] Cf. DH. n. 2803.

[13] Cf. DH. n. 3903.

[14] Cf. Reus, João Batista. Curso de Liturgia. 3 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1952. p. 54; Messori. Vittorio. Hipótesis sobre María: hechos, indicios, enigmas. Tradução de Lourdes Vásquez. Madrid: Libroslibres, 2007. p. 266.

[15] O Beato João Paulo II acrescentou mais cinquenta Ave Marias ao Santo Rosário, ao incluir os mistérios Luminosos por meio da Carta Apostólica Rosarium Virginis, de 16 de Outubro de 2002.

[16] Catecismo da Igreja Católica. n.917.

[17] Cf. Dante Alighiere. La Divina Commedia. Paradiso. Canto xxxiii.

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A Oração: Lembrança do Curso de Férias I

Em anterior post, tivemos a oportunidade de contar aos leitores qual foi o presente que receberam os participantes do último Curso de Férias, no mês de Julho. Agora queríamos compartir-lhes, ao longo de três posts, o texto do livreto-lembrança que eles ganharam, o qual continha o resumo das principais matérias tratadas ao longos das reuniões e teatros. Esperamos lhes sirva para se aprofundarem nesse tema fundamental da vida cristã, que é a oração, o qual deve modelar, em especial, o perfil de um arauto do Evangelho.

 Sem o alimento não é possível a vida. Caso ele venha a faltar-nos, logo nos acometem debilidade e doenças, quando não a morte. Também é assim a nossa alma, cujo “alimento” é a oração. Se esta é abandonada, não tarda a vontade em enfraquecer-se, cedendo lugar às enfermidades do pecado, fazendo-se necessária a medicina espiritual da Confissão. Ora, quanto empenho dedicamos diariamente ao corpo, a fim de não o vermos fenecer! Por que não havemos de cuidar com igual esmero daquela que é imortal e a parte mais importante do nosso ser? Sem a oração não é possível a vida eterna, por isso, “bem sabe viver, quem sabe rezar bem”.[1]

 No Novo Testamento  Nosso Senhor Jesus Cristo teve como um dos seus principais objetivos ensinar-nos a rezar. Como procedia Ele face aos seus sofrimentos humanos? Retirava-se a lugares ermos e elevava fervorosas súplicas ao Pai. Os autores sagrados transmitiram-nos, a esse respeito, inúmeros conselhos da doutrina do Divino Mestre. Eis alguns: “Até agora, não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para a vossa alegria ser completa” (Jo 16, 24); “Alegrai-vos sempre, orai sem cessar, em todas as circunstâncias, dando graças”  (1 Ts 5, 17-18); “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração” (Fl 4, 6-7).

 Espécies – A oração pode ser: a) mental ou vocal; b) privada, quando se reza em nome próprio, ou pública, quando a oração é feita em nome da autoridade da Igreja, por alguém apto para isso, por exemplo, um sacerdote durante a celebração da Santa Missa.

 Eficácia – “Tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis” (Mc 11, 24). A oração é um recurso onipotente – desde que satisfaça as devidas condições –,  porque a sua força reside no ilimitado poder de Deus. “A oração é a força do homem e a debilidade de Deus”,[2] pois, como Ele tudo pode, é solícito em nos atender. Por isso, “nada há mais poderoso do que um homem que reza”.[3]

 Necessidade – A oração constitui parte tão essencial da Religião que, quando alguém a abandona, já não se pode dizer a seu respeito, com toda a propriedade, que é um católico fiel. A final, somos nós os que precisamos da oração, e não Deus.

1o Ela constitui um dever de: a) adoração; b) ação de graças; c) pedido de perdão.

2o É necessária para a nossa salvação. Quem reza, certamente se salva e quem não reza, certamente será condenado. Todos os bem-aventurados, exceto as crianças, salvaram-se pela oração. Todos os condenados se perderam porque não rezaram. Se tivessem rezado, não se teriam perdido. E este é e será o maior desespero no inferno: o poder ter alcançado a salvação com facilidade, pedindo a Deus as graças necessárias. E, agora, esses miseráveis não têm mais tempo de rezar”.[4] Nosso Criador “quer salvar-nos, entretanto, quer salvar-nos como vencedores”.[5] “É vigiando na oração que não se cai na tentação (Cf. Lc 22, 40. 46) ”.[6]

 Condições para ser atendida Pode acontecer de nem sempre obtermos exatamente o que pedimos, pois Deus nos ama e sabe o que mais nos convém. Um pai que atenda todos os desejos de seu filho, mesmo aqueles que lhe são prejudiciais, não o ama de verdade. Nosso Pai celestial não é assim. Por isso, temos de rezar por amor e não por interesse. Se quisermos nos beneficiar da magnífica promessa de Cristo – “O que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará” (Jo 16,23) – devemos satisfazer quatro condições:[7]

1o Pedir por si mesmo, pois, obter a salvação, e tudo o que a ela nos conduz, é principalmente um dever pessoal; assim, quando se reza pelos outros, é necessária também a sua correspondência à graça, para alcançar o que se pede;

2o Pedir algo necessário para a salvação eterna, porque não pode ser atendido, em nome de Jesus, um pedido que possa comprometê-la;

3o Pedir com piedade, entregando-nos nas mãos de Deus, pois é necessário desconfiar de nós mesmos e confiar n’Aquele que dá a sua graça aos humildes e a nega aos soberbos: quem pede é porque realmente se considera necessitado;

4o Pedir com perseverança é nunca deixar de rezar, pois “a graça da salvação não é uma só graça, mas uma corrente de graças, as quais vêm todas se unir à graça da perseverança final”.[8]

 Texto: Sebastián Correa Velásquez


[1] Santo Agostinho. Apud Santo Afonso Maria de Ligório. A oração: o grande meio para alcançarmos de Deus a salvação e todas as graças que desejamos. Aparecida: Santuário, 1992, p. 27.

[2] Frase atribuída a Santo Agostinho.

[3] São João Crisóstomo. Epistola 48. Apud Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 55.

[4] Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 42.

[5] Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 44.

[6] Catecismo da Igreja Católica. n. 2612.

[7] Cf. São Tomás de Aquino. Suma Teológica. II-II, q. 83, a. 15, ad. 2.

[8] Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 86.

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Um dia de aulas no Thabor

No Thabor o despertar é cedo. Logo de manhã o dia se inicia com a Santa Missa. O canto gregoriano ecoa por todos os recintos e, aos poucos, a basílica é banhada pela luz do sol, a qual, de maneira resplendente, ilumina os policromados vitrais que a adornam. A Santa Celebração é o primeiro programa, pois qualquer ação só é bem feita, quando embebida pela vida interior.

O próximo programa é o café da manhã, após o qual é preciso ser ágil, porque em pouco tempo soará o sino, anunciando o alardo de início das aulas. Já formados em suas respectivas fileiras, os alunos cantam o Credo, em latim, e depois saem em passo ritmado, rumo às respectivas salas. À frente, cercado por quatro guardas de honra, o estandarte dos Arautos do Evangelho precede o desfile, ostentando um brasão no qual estão representadas as três devoções mais importantes para um arauto: o Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora e o Papa.
Tudo é acompanhado com músicas próprias, as quais colaboram para dar clave e o ritmo ao cerimonial. A orquestra é conformada por 105 instrumentistas, das mais variadas idades, localidades do Brasil e países do Mundo. O repertório é amplo. Para cada dia da semana, existe uma sequência diferente, as quais somam oito ao todo e cada uma delas contém seis músicas, resultando um total de 48 peças.
Imediatamente depois começam as aulas. No prédio onde funcionam o colégio e a faculdade, a distribuição dos alunos é a mais diversa: os mais jovens cumprem o ciclo escolar do ensino-médio, localizando-se no andar térreo; nos outros dois andares, encontram-se os cursos superiores de Filosofia (3 anos) e Teologia (4 anos). O estudo tem um papel fundamental na formação de um arauto do Evangelho, conforme afirmava Mons. João S. Clá Dias em uma das suas numerosas homilias: “devemos ser leões no estudo e águias na contemplação”.

Além de todas as obrigações de estudante, todo arauto do Thabor possui alguma função, como cuidar da sacristia, hospedagem, refeitório, alfaiataria ou tantas outras que uma casa dessas proporções comporta. Há também outras funções que não são fixas, mas rotativas semanalmente. No Domingo à noite, é publicada sempre uma escalação daqueles que devem exercer incumbências como, por exemplo, servir a mesa em determinado dia, atender as ligações telefônicas noutro, fazer a leitura durante as refeições dessa semana, etc.
Queremos destacar, entretanto, uma função muito importante e que, por isso, é fixa. Enquanto muitos arautos se encontram na ação, quer em estudos ou trabalhos, na capela de adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento, dentro da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, há sempre um arauto adorando a Sagrada Hóstia consagrada, em atitude de oração e recolhimento. Sim, de hora em hora os residentes do Thabor alternam-se para fazer essa guarda de honra a Jesus sacramentado, inclusive durante a madrugada. Assim, cada semana completa-se o número de 168 horas em que a Eucaristia ali está exposta para adoração, tornando-se verdadeira fonte de graças e de proteção para todos.

Chegado o fim da tarde, o toque do sino da basílica, às 6:00 hs., convida para oração do Angelus e também para o início da Missa plenária, ou seja, com a participação de grande parte dos Arautos do Evangelho que residem em várias casas, na cidade de São Paulo. Reúnem-se cerca de 800 pessoas.
Terminado o dia, após o jantar, há o canto de Completas, prece final da Liturgia das Horas. Os Salmos são entoados alternadamente por duas alas e, no final de tudo, entoa-se a Salve Regina, para agradecer à Mãe de Deus pelo dia transcorrido. O ambiente de silêncio e recolhimento reina, após esse último ato em conjunto. Todos os trabalhos cessam, pois é o momento em que os homens devem se calar para que os anjos falem. Finalmente, as luzes vão se apagando e o nosso relato também termina.

Texto: Marcus Vinícius
Fotos: Thiago Tamura

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