Thabor

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O pão nosso de cada dia nos dai hoje!

Sem o alimento não é possível a vida! Caso ele venha a faltar-nos, logo nos acometem debilidade e doenças, quando não a morte. Também é assim a nossa alma, cujo “alimento” é a oração. Se esta é abandonada, não tarda a vontade em enfraquecer-se, cedendo lugar às enfermidades do pecado, fazendo-se necessária a medicina espiritual da Confissão. Ora, quanto empenho dedicamos diariamente ao corpo, a fim de não o vermos fenecer! Por que não havemos de cuidar com igual esmero daquela que é imortal e a parte mais importante do nosso ser? Sem a oração não é possível a vida eterna, por isso, “bem sabe viver, quem sabe rezar bem”.

Em anterior post tivemos a oportunidade de considerar as três primeiras petições do Pai Nosso. Continuando a sequência das súplicas dessa perfeitíssima oração, vejamos como foi apresentada cada uma delas na terça-feira desta semana de Curso de Férias.

Antes, é preciso dizer: até no lanche, esses jovens aprenderam o que quer dizer a quarta súplica do Pai Nosso:

“O pão nosso de cada dia nos dai hoje” – Nesta súplica, não pedimos somente o pão que um dia fenece, ou seja, os meios necessários para o nosso sustento material, mas, uma vez que devemos praticar a virtude da Justiça, cumprindo em tudo a vontade de Deus, só o conseguiremos por meio da assistência diária da sua Divina Graça, especialmente quando recebemos o “nosso” Pão da Vida: a Sagrada Eucaristia.

5o “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” Imploramos a Deus perdão por todas as ocasiões nas quais trocamos a sua amizade pelo amor desregrado a alguma criatura, cometendo algum pecado. E, como penhor para sermos atendidos, oferecemos-Lhe o sacrifício do nosso orgulho, perdoando aqueles a quem Ele mesmo está disposto a perdoar.

Uma das cenas mais tocantes do Curso de Férias, até agora, foi uma que versou sobre o perdão. Perdoar um amigo é belo, mas o perdão que desce do alto, o perdão de um pai tem um pulchrum monumental. As figuras do filho pródigo e do bondoso pai que perdoa a sua infidelidade fizeram-se presentes no palco. Essa narração contida no Santo Evangelho “é uma parábola de emocionar, porque tem um luxo de detalhes que só mesmo a Sabedoria Divina poderia conceber. Uma parábola célebre! Uma das mais belas parábolas que Nosso Senhor tenha criado!”.

Dispensamo-nos aqui de contá-la, pois, além de ser muito conhecida, a qualquer momento os leitores podem ter acesso a ela no Evangelho (Cf. Lc 15, 11-31). Queremos apenas apresentar-lhes os personagens:

O filho pródigo que pede a herança para desperdiçá-la em prazeres, mas que, tempo depois retorna arrependido.

O bondoso pai que, diante da hostilidade do filho, tem de dar-lhe parte da sua herança, mas depois o acolhe novamente com enorme alegria.

O filho mais velho que ficou cheio de inveja diante da paternal acolhida de seu irmão arrependido.

O dono dos porcos que dá emprego ao jovem, quando ficou relegado à miséria de se alimentar das bolotas desses animais.

6o “E não nos deixeis cair em tentação” – Tendo reconhecido a nossa debilidade, pedimos a Deus a fortaleza necessária para não ofendê-Lo nunca mais e que a vitória sobre as tentações aumente a nossa firmeza no bem.

7o “Mas livrai-nos do mal” – A Oração do Senhor encerra-se com uma cláusula que nos recorda não ter nenhum poder sobre nós o Maligno, se não lhe é dada uma permissão do alto. E são precisamente os nossos pecados os que arrancam essa autorização divina, pela qual Deus permite o sermos castigados pelo demônio, com tentações e tormentos, os quais também servem para pagarmos parte da pena devida às nossas faltas. Por isso, nesta súplica, pedimos também o ser libertos do pecado, a fim de que o autor do mal não possa jamais nos prender com os seus laços.

Essas duas últimas petições do Pai Nosso foram encenadas num atraente teatro da vida cotidiano de um grupo de estudantes, das mais variadas índoles: responsáveis, preguiçoso, briguentos etc. Numa sala de trabalhos, além dos jovens, fazem-se presentes dois espíritos, invisíveis na vida real: um anjo e um demônio. O primeiro incentivava concórdia, bom trato, responsabilidade, pensamentos puros naqueles estudantes. O segundo, pelo contrário, incitava discórdia, brutalidade, irresponsabilidade, maus pensamentos nas mentes dos jovens. E, graças à oração, esses que eram perturbados pelo demônio conseguiram vencer a tentação e viram-se livres do mal.

Desse belo segundo dia do Curso de Férias, todos os presentes puderam sair do auditório com uma verdade gravada no fundo da alma: Quem conforma a sua vida segundo os princípios contidos no Pai Nosso é um perfeito cristão! Esperemos, pois, que não passe um dia da nossa existência sem o recitarmos. O Pai Nosso já nos acompanha desde o começo da nossa caminhada rumo à salvação, quando no Batismo os nossos padrinhos o rezaram, e será ele que nos despedirá deste mundo, quando o sacerdote o recitar, enquanto o nosso corpo desce para a sua última morada.

 

Fotos: Thiago Tamura Nogueira e Alejandro López Vergara

Texto: Sebastián Correa Velásquez

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A oração perfeita

O segundo dia do Curso de Férias iniciou com uma cena sublime: Nosso Senhor Jesus Cristo ensinando os seus discípulos a rezar. “Eis como deveis rezar: Pai Nosso que estais no Céu” (Mt 6, 9). Mais de quatro mil anos tinham se passado, no início dos quais a humanidade provocara a sua própria “orfandade” por haver pecado. Tão consoladora expressão – “Pai Nosso” – só poderia brotar, com toda a propriedade, dos lábios do Deus encarnado que quis assumir a nossa carne e, em nosso meio, dizer: “Filhinhos! Doravante, chamai-me novamente de Pai!”. Cristo fazia uma revelação inaudita: “A todos aqueles que O receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1, 12), “e nós o somos de fato” (1 Jo 3, 1)!

As petições da oração do Pai Nosso são como as sete cores que conformam o arco-íris de uma nova aliança entre o Céu e a Terra, um caminho luminoso que nos conduz diretamente aos tesouros da misericórdia divina. As três primeiras súplicas exercitam no cristão as virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade), porque se dirigem diretamente a Deus: “o vosso nome, o vosso Reino e a vossa vontade”; as quatro restantes imploram, no seu conjunto, proteção e auxílio divinos na prática das virtudes cardeais (Justiça, Temperança, Fortaleza e Prudência), e constituem propriamente o apelo dos filhos a seu divino Pai: “dai-nos, perdoai-nos, não nos deixeis cair e livrai-nos”.

Na Oração do Senhor, antes dos pedidos, invocamos com fé a quem eles se dirigem – “Pai Nosso, que estais no Céu” – e em seguida os fazemos:

“Santificado seja o vosso nome” – Pedimos o mais importante, ou seja, a glória de Deus, que Ele seja conhecido e reverenciado por todos.

Para explicar aos jovens participantes do Curso de Férias essa obrigação de todo cristão santificar o nome de Deus, foi encenado um episódio tocante: a morte de Eleazar, um ancião do povo eleito na época do domínio grego em Jerusalém, no séc. II a.C, narrado pelo livro dos Macabeus. Nessa época, os costumes pagãos dos helenos foram impostos à força. Muitos hebreus apostataram da verdadeira Religião e se profanaram adotando os modos gregos. Eleazar, aos seus 90 anos de idade, foi ameaçado de morte se não comesse, em público, carnes impuras, o que no Antigo Testamento era proibido por Deus. Heroicamente, o ancião recusou-se a comer, para não desonrar o Santo Nome de Deus e tornar-se motivo de escândalo para os outros mais jovens. Por isso, foi morto de maneira atroz.

“Venha a nós o vosso Reino” – O nosso segundo maior desejo é que todos possamos participar da eterna glória de Deus e, para isso, impulsionados pela esperança, pedimos a expansão da Santa Igreja Católica, por todos os confins do mundo, e imploramos, o quanto antes, a segunda vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, a fim de que Ele reine definitivamente sobre todos os povos.

“Seja feita a vossa vontade assim na Terra como no Céu” – Mas, para que os homens mereçam entrar na glória celestial, pedimos que todos observem os Mandamentos da Lei de Deus.

Muito didaticamente, essa terceira petição do Pai Nosso foi exemplificada com um pequeno conjunto de instrumentistas, os quais, sob a batuta do regente, deveriam interpretar uma bela peça musical. Sem embargo, nunca eram bem sucedidos no seu intento, pois sempre aparecia um problema: um oboé entrava antes do sinal do regente, outra vez, uma trompa desafinava na primeira nota ou, em outra tentativa, um violoncelo tocava com a partitura errada… Por fim, eles conseguiram entrar em acordo e, seguindo com fidelidade as indicações dadas por quem regia, o som de uma magnífica harmonia agradou os ouvidos de todos os presentes.

Mas, o que tem a ver isso com a petição “seja feita a vossa vontade assim na Terra como no Céu”? É muito simples! Para a música sair perfeita era indispensável a junção de três elementos: fazer a vontade do regente, tocar com a partitura certa e realizar o esforço necessário para tirar um belo som do instrumento. Sem dúvida, a vontade do regente era que a música fosse eximiamente executada pelos instrumentistas, ao lerem a partitura correta.

Algo semelhante sucede com os homens: para nós executarmos a magnífica “música” da vontade de nosso “Divino Regente”, Ele mesmo nos concedeu um “instrumento” sobrenatural chamado Graça e nos deu uma “partitura” claríssima chamada Os Dez Mandamentos da Lei de Deus.

Neste post contemplamos as três primeiras súplicas do Pai Nosso, por meio das quais todo cristão pede forças para praticar as virtudes que se dirigem diretamente a Deus: a Fé no seu Santo Nome, a Esperança de alcançar o seu Reino e a Caridade, ou seja, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Cf. Mc 12, 30-31), resumo de toda a Lei.

Num próximo post, teremos a oportunidade de nos deter a respeito das outras quatro súplicas que faltam. Não o perca!

Texto: Sebastián Correa Velásquez

Fotos: Thiago Tamura Nogueira e Alejandro López Vergara

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Decifrando o criptograma de Pompeia

Num post do dia de ontem (ver Segundo dia do Curso: O criptograma de Pompeia), convidávamos os leitores a descobrir o significado desse misterioso criptograma.

Caso não tenham conseguido decifrá-lo, os expositores do Curso de Férias nos fizeram esse favor. Compartilhamos aqui um curto vídeo contendo os magníficos segredos de tão antiga inscrição.  Como fundo musical da apresentação, ouvirão um trecho do Credo gravado pelo coro internacional dos Arautos do Evangelho.

Até mais, e rezem pelo Curso de Férias! Estamos entrando na reta final.

 

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Um vietnamita no meio de espanhois

Na segunda-feira desta semana, iniciou-se o Curso de Férias, e com importantes visitas! O primaz da Espanha, Arcebispo de Toledo, D. Braulio Rodríguez Plaza, esteve no Thabor com grande comitiva de sacerdotes e jovens. É verdade que o destino principal desse honroso grupo era o Rio de Janeiro, para o evento mundial que lá terá lugar na semana entrante. Sem embargo, não esperavam encontrar, no Thabor, uma “pré-jornada” com proporções verdadeiramente internacionais: 750 jovens provenientes de Paraguaia, Canadá, El Salvador, Índia, Colômbia, Peru, Espanha, Chile, e de diferentes cidades do Brasil como Curitiba, Ponta Grossa, Maringá, Joinville, Montes Claros, Juiz de Fora, Vitória, Campo Grande, Cuiabá, Pernambuco, Campos, Nova Friburgo, São Carlos, São Paulo, entre outras localidades.

Em meio às inúmeras peças de teatro que tivemos de desempenhar no Curso de Férias, também devíamos receber, com toda cortesia, esses nossos longinquos visitantes. Alguns dos arautos do Thabor fomos designados especialmente para estar com eles, e eu pensei comigo mesmo: Que vou conversar com tão ilustres representantes dessa terra de heróis que é a Espanha? A respeito de São Fernando de Castela ou de Santa Teresa de Ávila? Ou, talvez, sobre a época dos descobrimentos? Eu, “tímido” como sou, que nem domino plenamente o português – porque sou vietnamita –  quanto saberei comunicar-me em espanhol! Nesse momento, lembrei-me das aulas de Liturgia que tive no último semestre, no Instituto Teológico dos Arautos do Evangelho. O professor, precisamente, encomendara-me uma exposição sobre o rito Moçarabe, e então decidi: “esse será o tema da minha conversa”!

Querem saber se consegui sair-me bem do outro lado? Convido-os a fazer uma pequena viagem à magnífica Catedral de Toledo.

Quando eu tive a oportunidade de lá estar, subindo as colinas que conduzem a esse belíssimo templo, deparei-me com o quadro magnífico que, até hoje, qualquer um dos visitantes pode observar: ruas de pedra, armaduras de ferro e, dominando o conjunto da urbe, um sobranceiro castelo chamado “El Alcazar”, com mil e uma histórias para contar! Tudo é belo e memorável nessa antiquíssima cidade!

Entrando na Catedral, estávamos encantados pela coloração dos vitrais e, de repente, uma cena tocante chamou-nos a atenção: um sacerdote, de joelhos diante dos seus paramentos, um tanto diferentes do comum, preparava-se para revesti-los recitando quatro Ave Marias. Nunca tínhamos visto algo semelhante! Permanecemos, pois, atentos à sua curiosa atitude e, logo que o clérigo se dirigiu ao altar-mor, já revestido a caráter e sem ainda subir os degraus, elevou mais uma Ave Maria à Santíssimas Virgem. Aproximando-se do altar, osculou-o, saudando com estas comovedoras palavras a Cruz sobre ele colocada: “Ave ó Cruz preciosa que ao Corpo de Cristo és dedicada e dos seus Membros, como de pérolas, és ornada”.

Era Solenidade de Corpus Christi. Começamos então a averiguar, se, por ocasião dessa data, havia algum privilégio litúrgico para realizar tão belas ações dentro da Santa Missa. Um dos fiéis, que devotamente ali rezavam, explicou-nos: “trata-se do rito Moçárabe, o qual pode ser usado, no altar-mor, três vezes por ano, entre as quais se encontra a comemoração de hoje!”. Muito satisfeitos pela resposta, e felizes pela coincidência de ali nos encontrarmos nesse dia, quisemos permanecer até o fim da Eucaristia, podendo observar várias diferenças – por certo, muito belas – entre o rito Romano, comumente usado no Ocidente, e esse de nome Moçárabe – também lhes explicarei o porquê.

Encantou-nos o fato de o Credo ser recitado após a Consagração, enquanto o celebrante sustenta, de frente para o público, uma enorme patena com a hóstia proporcional ao seu suporte, e o cálice, o qual também não fica aquém em matéria de tamanho. A finalidade detalhe do cerimonial é apresentar aos fiéis, enquanto proclamam o Símbolo da nossa Fé, a presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo, a fim de que atestem com igual convicção tão sublime Sacramento.

Outro momento que cativou muito a nossa simpatia, em relação esse rito da Igreja Católica, foi a fractio Panis, na qual o Sacerdote divide a hóstia para comungar. No rito Romano a sagrada espécie é fracionada apenas pela metade. No Moçarabe ela é dividia em nove partes, cada uma simbolizando um dos principais episódios da nossa Redenção, na seguinte ordem: Corporatio (Encarnação), Nativitas (Nascimento), Circunciso (Circuncisão), Apparitio (Aparição), Passio (Paixão), Mors (Morte), Resurrectio (Ressurreição), Gloria (Glória), Regnum (Reino).

A minha narrativa muito estava cativando a atenção e simpatia dos nossos ibéricos visitantes, especialmente os que eram da cidade de Toledo. No entanto, não foi com a mesma simpatia que um dos encarregados das peças de teatro veio chamar-me desesperado, pois era o momento de entrar em cena e eu estava atrasado… Bem, por isso também, encerro esta redação, caros leitores que, neste momento, tornaram-se para mim “os espanhóis” aos quais dirigia a minha descrição sobre o rito Moçarabe… Até a próxima, tenho de sair correndo, pois não podemos atrasar os preparativos para o dia de amanhã, que promete muito! Por favor, perseverem na oração pelo Curso de Férias!

FOTOS: Pe. José Luís de Zayas e Alejandro López Vergara

TEXTO: James Thong Vu

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Segundo dia do Curso: O criptograma de Pompeia

Ano 79 d.C., doze anos depois da morte de São Pedro, em Roma, a cidade de Pompéia foi destruída por violento vulcão. O Vesúvio deu a conhecer a sua fúria, ao detonar em terrível erupção, ejetando tamanha quantidade de detritos, cinzas e lava que acabou por sepultar no “eterno” esquecimento esse povoado romano do sul da Itália.

“Eterno” de fato teria sido o seu esquecimento se um grupo de arqueólogos não tivesse descoberto o sistema para “ressuscitar”, em pleno século XX, a figura dessa cidade subterrânea, conservada intacta, como que mumificada, por obra da imensa quantidade de cinzas vulcânicas que no passado a tinham soterrado.

Sim, eles desenterraram Pompéia e, coisa mais incrível ainda, os corpos das pessoas atingidas pela calamidade, antes de se decomporem, tinham servido de molde para aquele “gesso” natural, fruto das cinzas vulcânicas, elaborar verdadeiras máscaras mortuárias e, mais ainda, configurar incríveis siluetas do corpo inteiro desses cadáveres, na posição em que as desventuradas pessoas se encontravam ao ser atingidas pela calamidade.

Mas, como preencher essas formas, a fim de recompor as dramáticas cenas? Os competentes arqueólogos utilizaram grande quantidade de cimento para, meticulosamente, injetá-lo nos valiosos e delicados moldes, obtendo assim, depois de árduo e prolongado trabalho, a recomposição de uma cena dramática: a antiga cidade de Pompéia sendo atingida pela erupção do Vesúvio.

Inacreditável ainda foi o fato de os arqueólogos conseguirem recompor, além dos corpos das pessoas, também as localidades nas quais elas se encontravam. Ora, em alguns desses antigos muros, havia uma inscrição misteriosamente que muito chamou a atenção dos estudiosos:

SATOR

AREPO

TENET

OPERA

ROTAS

Este curioso criptograma já tinha sido encontrado antes em outros lugares. Mas a restauração de Pompéia permitiu saber a sua antiqüíssima datação. Da Inglaterra ao Egito, e até na Pérsia, tão misteriosa inscrição do primeiro século do Cristianismo também aparecia registrada em diversas moradias cristãs, dessa vasta extensão do Império Romano.

Mas, que relação podem ter essas quatro estranhas palavras – que lidas em qualquer direção conservam o seu sentido – com o tema de nosso segundo dia do Curso de Férias?

Convido-o a descobrir o enigma escondido nesse criptograma, o qual, durante muito tempo, resistiu aos esforços dos entendidos para interpretá-lo. Aguarde um próximo post.

A Igreja, durante os primeiros séculos da sua existência, teve de transmitir de modo cauteloso a oração ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo, pois, tanto nas sinagogas quanto entre os pagãos, chamar a Deus de Pai era uma doutrina inaceitável. Essa hostilidade foi comprovada pelo próprio Divino Mestre, quando os seus inimigos “procuravam, com maior ardor, tirar-Lhe a vida, porque […] afirmava que Deus era seu Pai” (Jo 5, 18).

Assim, o Pai Nosso tornou-se um verdadeiro sinal de identificação, o primeiro símbolo da Fé, por meio do qual alguém podia ser reconhecido cristão, nessa época de perseguições. E, até hoje, nas palavras prévias à sua recitação durante a Santa Missa, transparece esse caráter de proclamação de uma verdade que fora impugnada pelo mundo: “obedientes à palavra do Salvador e formados por seu divino ensinamento, ousamos dizer”.

A Oração do Senhor, ou Dominical (do latim Dominus), é a prece perfeita. Ela é um “resumo de todo o Evangelho” (Tertuliano, De oratione, I, 6), e serviu de guia para a piedade dos católicos de todos os tempos. “Não há nenhum aspecto das nossas preces ou orações que não esteja compreendido nesse compêndio da doutrina celestial” (São Cipriano. De oratione dominica. 9). Por isso, neste segundo dia do Curso de Férias dos Arautos do Evangelho, foram contempladas em pormenores os tesouros dessa incomensurável dádiva que nosso Divino Redentor quis nos deixar, a única oração composta diretamente pelo seus divinos lábios: O Pai Nosso.

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