Thabor

Conheça aqui essa residência dos Arautos do Evangelho

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2º ano visita o Convento da Luz e seu museu de arte sacra

A meados de Agosto, o conjunto de estudantes do 2º ano, pertencente ao colégio internacional Arautos do Evangelho –  Thabor, visitou, na cidade de São Paulo, o célebre Convento da Luz e seu museu de arte sacra.

A abençoada igreja do convento é privilegiada por resguardar os restos mortais do primeiro santo canonizado, oriundo desta terra de Santa Cruz: Santo Antonio de Santana Galvão. Contruída em estilo barroco, muito próprio àquela época, o templo atrai a devoção de inúmeros fiéis, os quais o visitam diariamente, a fim de se beneficiarem das bençãos desse local e também para pedirem às religiosas – cuja clausura é um monumento de fidelidade em meio à moderna São Paulo – as famosas pílulas de Frei Galvão, as quais tem alcançado inúmeros milagres e cujo segredo, além da intercessão do santo, é a frase nelas contida: “Post partum Virgo inviolata permansisti. Dei Genetrix intercede pro nobis” – após o vosso parto, ó Virgem, permanenceste sempre intacta. Santa Mãe de Deus intercedei por nós! 

O Pe. David Ritchie juntamente com a  professora de História, Maria Helenice, levaram o mencionado grupo de alunos ao Convento da Luz, a fim de rezarem diante do túmulo de Santo Antonio de Santana Galvão e conhecerem o museu de arte sacra onde se conservam, além de valiosas imagens e objetos sacros, também as relíquias desse grande santo e motivo de glória para todo o Brasil.

Texto: Sebastián Correa Velásquez / FotosJoão Paulo Rodrigues

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Nos ares… a Santa Hóstia!

Quem adentra pelas ruas de Turim, ao percorrer as suas numerosas igrejas, terá a sua curiosidade despertada ao encontrar, no lado direito do altar de um desses templos, uma curiosa inscrição em latim, na qual se lê: “Recordem aqui o milagre, ajoelhem-se, venerem e olhem com temor um lugar sagrado”. O que significará isso?

Graves guerras atormentavam a Itália em 1453. Entre outras batalhas travadas nesse ano, está o entrechoque dos soldados do Piemonte com as tropas de Anjou e Loraine, o qual se deu nas redondezas do povoado de Exilles. Por medo da guerra, os habitantes desta cidade abandonaram as suas casas e inclusive as igrejas ficaram vazias. Quando as tropas do Piemonte cruzaram a cidade, aproveitaram a solidão para saqueá-la.

Ora, como a guerra era movida por interesses laicos, meramente territoriais, a piedade não era o forte daqueles soldados e, por isso, nem mesmo os recintos sagrados foram poupadas. Um deles entrou na igreja local e, aberindo à força o tabernáculo, roubou a custódia e pouco lhe importou saber que nela estava a Hóstia consagrada. Guardou o objeto num saco, o qual pôs sobre um burro que, misteriosamente, o deixava cair constantemente ao longo do percurso. De qualquer modo, o ímpio soldado conseguiu vender a custódia ao primeiro mercador viandante…

Poucos dias depois, na tarde de 6 de junho desse mesmo ano, na cidade de Turim, em frente à igreja de São Silvestre, uma cena estranha estava sendo presenciada: a multidão observava certo homem que não cessava de maltratar o seu burro de carga, com chutes e pancadas. De repente, um saco que estava nas costas do animal escorregou caindo na praça e espalhou todo o seu conteúdo pelo chão.

Todos os olhares incidiram sobre os objetos, especialmente sobre um ostensório. Para surpresa de todos, ele começou a brilhar de tal modo que todos tinham de tampar as vistas. Ao mesmo tempo, o ostensório começou a elevar-se do solo, parando a uma altura de 5 metros. O Bispo foi chamado ao local e, quando ele chegou, a custódia se abriu sozinha e desceu até as mãos do clérigo, depois de deixar a Sagrada Hóstia suspensa no ar, rodeada por uma auréola deslumbrante.

O purpurado, tomado de enlevo, entoou um canto gregoriano em latim, acompanhado por todo o povo: “Mane nobiscum Domine!” – Ficai conosco, ó Senhor! –. A Santa Hóstia começou então a descer em direção ao sagrado vaso que o Bispo havia trazido, e nele tendo deslizado, todo o povo empreendeu uma jubilosa procissão rumo à Catedral. Imediatamente, a Santa Sé foi avisada do acontecido.

Prontamente começaram inúmeras peregrinações, provindas de todas as regiões da Europa, para visitar o local do milagre, onde foi erigida, pouco depois, a Basílica do Corpus Domini. Um belo relicário também foi confeccionado para guardar a Sagrada Hóstia, a qual se conservou intacta. Muitos outros milagres se operaram graças às preces dirigidas à Hóstia miraculada.

Em 1584, por ordem da Santa Sé, a Hóstia foi consumida, após ter-se conservado por 131 anos sem nenhuma deterioração. Magnífico milagre para afervorar a nossa Fé no Santíssimo Sacramento dos altares!

Texto: Fernando Dalpiaz

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Uma curiosidade: o maior poliglota da História

A pessoa que mais línguas falou, em toda a História, foi um Cardeal chamado Joseph Mezzofanti, filólogo italiano. Falava sessenta línguas e mais de trinta dialetos, sendo o chinês o idioma que mais demorou em aprender: custou-lhe apenas seis meses…

Em certa ocasião na véspera de uma batalha, certo soldado alemão procurou-o com o intuito de se confessar, mas o Cardeal, que naquele tempo era somente padre, ainda não conhecia esse idioma estrangeiro. Porém, movido pelo desejo de ministrar o Sacramento, aprendeu a língua alemã em uma noite!
Em 1849, Dom Joseph Mezzofanti faleceu, recitando as suas últimas preces em oito línguas.

Texto: Douglas Rodrigues

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A primeira pizzaria

Há muito tempo o homem saboreia a pizza. Como todo prato antigo, é difícil descobrir com exatidão a sua origem, ainda mais se pensarmos que ela não é mais do que uma variação do pão.

Desde a descoberta da fermentação da massa de trigo e do forno (graças ao talento dos egípcios, há mais ou menos quatro mil anos atrás) muitos povos souberam cozinhar pães das mais diversas formas e com os mais diversos ingredientes. Especialmente inventivos foram os gregos e os romanos, os quais criaram o “moretum”: massa não fermentada derivada do pão, com ervas aromáticas e cebolas.

Porém, não queremos deixar de contar um episódio histórico para a culinária mundial. No ano de 1889, em Nápoles, um padeiro muito pobre, passava de casa em casa pedindo às famílias um pouco de massa. Quando a recebia colocava-a num grande recipiente e, no final dessa peregrinação, voltava para a sua padaria, colocando fermento à massa coletada. No dia seguinte, quando começava a trabalhar essa massa, achou que um pouco de queijo por cima iria muito bem. Ao pôr a massa no forno, pensou que ela iria crescer normalmente como qualquer pão, mas algo diferente aconteceu: o queijo abafou seu crescimento e ela ficou achatada…

O padeiro ficou angustiado, pois, quem iria comprar esse pão horrivelmente achatado? Ao chegar um freguês, o vendedor disse lamentando-se:

– Perdoe-me senhor, acabaram os pães! Só tenho um que não cresceu…

O comprador respondeu:

– Não tem nada! O quero assim mesmo.

Esse freguês era amigo próximo de uns monarcas italianos, os quais estavam  passando algun­s dias em seu palácio. Ao degustar o pão, seu paladar percebeu tratar-se de algo fora do comum… Tanto gostou que, como bom italiano comunicativo, foi imediatamente para as habitações do rei Humberto I e da Rainha Margherita, e disse-lhes:

– Caros soberanos, acabo de comer um “pão” delicioso, cujo nome ignoro, mas, caso queirais, posso trazer-vos aqui quem o preparou, a fim de que também possais experimentá-lo.

Ouvindo a resposta afirmativa, o homem foi logo procurar o padeiro e lhe disse:

– Prepare, por favor, daquele “pão” que o senhor me vendeu. É estupendo! E a rainha o quer provar.

Surpreso, foi logo fazer do mesmo “pão”. E, sabendo que a rainha gostava muito da bandeira italiana, colocou-lhe pomodoro (tomate), muzzarela (mussarela) e basilico (manjericão), formando o conjunto tricolor vermelho, branca e verde. Ao ficar pronto o estranho “pão”, levou-o à rainha, a qual se encantou com aquelas cores e, mais ainda, com o sabor. Ela disse ao padeiro:

– Como se chama este “pão”?

O jeitoso italiano respondeu:

–Chama-se “alla Margherita!”, perdão… “la

pizza alla Margherita!

A rainha, impressionada, fez-lhe a proposta de ser o cozinheiro oficial da corte. Sentaram-se e continuaram a comer a deliciosa pizza Allá Marguerita. E, nesse mesmo ano, em Nápoles fundou-se a primeira pizzaria.

Texto: Johnathan Inocêncio Magalhães

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Um blog digno de nota: Fidelium Animae

Alguns dias atrás, o blog thabor.arautos.org recebeu o comentário de um autor denominado “Fidelium Animae“. Ficamos curiosos por saber de quem se tratava e, primeiramente, pensamos ser alguém que usava esse pseudônimo, por algum motivo desconhecido. Ora, qual não foi nossa boa surpresa quando descobrimos tratar-se de um blog dedicado à devoção e oração por esses nossos irmãos falecidos, os quais expiam as suas faltas terrenas: as santas almas do Purgatório.

Home page do blog intitulado “Fidelium Animae”

Realmente causou-nos alegria saber que há, na Igreja Católica, fiéis tão impregnados do salutar aroma da caridade cristã, que se dedicam a usar o amplo e moderno meio de comunicação chamado internet, para interceder e pedir orações por esses sofredores que um dia também palmilharam a Terra hoje pisada por nós.

Quão agradados devem mostrar-se o Sagrado Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria ao verem filhos soprados por sentimentos de misericórdia, em relação a outros,  seguramente desconhecidos, que padecem justas penas. Sim, isso torna a ação mais meritória ainda, pois não se trata simplesmente de pedir pelos seus, mas de praticar uma caridade despretensiosa, humilde, desinteressada, permeada de zelo pelas salvação de todos os homens, o que a assemelha fortemente à própria caridade de nosso Divino Redentor.

Parabéns ao blog Fidelium Animae pelo bom exemplo! Continuem desempenhando esse belo labor de intercessão pelos nossos irmãos falecidos, pois seguramente, quando eles estiverem contemplando eternamente o nosso Criador, lembrar-se-ão de rogar também por aqueles que lhes dedicaram preciosos minutos da sua existência terrana, a fim de dar-lhes um apoio, ampará-los por meio da oração, implorar para eles o socorro d’Aquela que há dois milênios é a consoladora dos aflitos.

Consolatrix aflictorum, ora pro nobis!  Fidelium animae per misericordiam Dei requiescant in pace, Amen!

Texto: Sebastián Correa Velásquez

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Mãe de Deus e da Igreja: Lembrança do Curso de Férias III

Com este terceiro post, finalizamos a publicação do livreto-lembrança (ver anteriores: I e II) distribuído aos participantes do último Curso de Férias dos Arautos do Evangelho, o qual teve lugar no Thabor. Desejamos aos leitores que Nossa Senhora os faça cada vez mais crescer na devoção a Ela, pois, se Deus quis vir ao Mundo por meio d’Ela, não há melhor caminho para a Ele chegarmos do que colocarmo-nos nas suas maternais mãos, a fim de que Ela nos cubra com o seu celeste manto.

Já no Gólgota, local onde se consumou a fundação da Santa Igreja, Nosso Redentor quis depositar a Divina Instituição em maternais mãos, antes de completar o seu sacrossanto holocausto. Essa plantinha imortal, que logo se tornaria árvore frondosa, regada pelo preciosíssimo Sangue, estava ali representada pelo único Bispo que, nesse momento crucial, não abandonara o Divino Mestre: São João. Os católicos de todos os tempos, há mais de dois mil anos, fazem ecoar com gáudio as palavras pronunciadas por Jesus pendente da Cruz, com as quais também nós fomos entregues aos cuidados da Santíssima Virgem: “Mulher, eis aí teu filho”, isto é, a Igreja, “filho, eis aí a tua Mãe!”;e dessa hora em diante o discípulo A levou para a sua casa” (Jo 19, 27). Sim, a Mãe da Cabeça, que é Cristo, devia sê-lo também do seu Corpo Místico, que é a Igreja.[1]

 A Virgem Maria nos Evangelhos Nas passagens do Evangelho em que a Santíssima Virgem aparece, transluz a imensa predileção e riqueza de privilégios com os quais Deus quis favorecê-La. Só o “Ave cheia de graça” (Lc 1, 28), pronunciado pelo anjo, aponta o oceano de amor divino que cumulou Nossa Senhora. Sem embargo, esses mesmos episódios são também como as pontas de um véu que discretamente se levantam, deixando entrever o tesouro de misericórdia que, em Maria, Jesus reservava para dá-lo a conhecer à humanidade, ao longo dos tempos.

Nos Evangelhos, destacam-se, em primeiro lugar, os misteriosos acontecimentos do Nascimento e da infância de Nosso Senhor Jesus Cristo:

O desposório de Maria com São José (Mt 1, 18-25);  A anunciação e a Encarnação (Lc 1, 26-38);  A visita a Santa Isabel (Lc 1, 39-56); • O divino Nascimento (Lc 2, 1-20);  A circuncisão de Jesus (Mt 2, 22-23; Lc2, 21-40);  A adoração dos Reis Magos (Mt 2, 1-12);Ÿ  A fuga e o retorno do Egito (Mt 2, 13-15. 19-23); Ÿ A perda e o encontro no Templo (Lc 2, 41-52).

Após o Batismo do Senhor, a Virgem Maria reaparece nos Evangelhos, mostrando, por primeira vez, a sua “onipotência suplicante”, nas bodas de Caná. Ela intercedeu junto ao seu Filho para que remediasse a falta de vinho, operando ali o milagre inaugural da sua vida pública (Jo 2, 1-11).

Nossa Senhora será mencionada novamente pelos Evangelistas no relato da Paixão do Senhor, junto à Cruz (Jo 19, 25).

E, graças a São Lucas, também sabemos que Ela acompanhou os Apóstolos no Cenáculo, após a Ascensão de seu Filho (At 1, 14), para com eles implorar a vinda do Divino Espírito Santo.

 Corredentora e Medianeira Todos esses episódios das Sagradas Escrituras são marcados por um denominador comum: neles se vislumbra a incomparável vocação da Santíssima Virgem. Ela gerou e “preparou uma Vítima para a salvação dos homens; a sua missão foi também a de guardar e alimentar essa Vítima, e apresentá-la no tempo oportuno para o sacrifício”.[2] Ela “participou de tal maneira das dores do Filho que, se fosse possível, preferia infinitamente assumir sobre si todos os tormentos que Ele padecia”.[3]

Assim, essa profunda relação entre maternidade e sacrifício fez com que Nossa Senhora se associasse de maneira muito íntima às graças da Redenção.[4] “Enquanto dependia d’Ela, imolou o seu Filho, de sorte que, com razão, pode-se afirmar: Ela redimiu o gênero humano junto com Cristo. E, por esse motivo, toda espécie de graças que recebemos do tesouro da Redenção é ministrado como que através das mãos da mesma Virgem Dolorosa”.[5] Por isso, Nossa Senhora é chamada, a justo título, Co-redentora do gênero humano e Medianeira ou “Dispensadora universal de todas as graças que se concederam ou se concederão aos homens, até o fim dos séculos.”[6]

 Os dogmas marianos Ao longo da História do Cristianismo, o aparecimento das heresias, e outros fatores, levaram a Igreja a proclamar solenemente os dogmas, ou seja, as principais verdades da Fé reveladas por Deus, que nos foram transmitidas pela Escritura ou pela Sagrada Tradição, nas quais os católicos devem crer firmemente, a fim de salvaguardar de maneira íntegra o dom divino da Revelação. Os dogmas que se referem diretamente a Nossa Senhora são:

1o Maternidade Divina Professa que a Santíssima Virgem é verdadeiramente Mãe de Deus, segundo a humanidade, ou seja, que forneceu a seu Filho Jesus uma natureza humana semelhante à d’Ela.[7] Este dogma foi proclamado solenemente no pontificado de Clementino I (422-432), durante o Concílio de Éfeso (431): “Se alguém não confessar que o Emanuel é Deus no sentido verdadeiro e que, por isso, a Santa Virgem é Mãe de Deus (pois gerou segundo a carne o Verbo de Deus feito carne), seja anátema”.[8] A Maternidade Divina é o mais alto dom recebido por Maria e, por causa dele, Ela foi ornada de todos os demais privilégios.

2o Virgindade Perpétua Professa que Nossa Senhora permaneceu Virgem antes, durante e depois do Nascimento de Jesus. Essa verdade encontra-se em todas as primeiras formulações de Fé da Igreja (os primeiros Credos).[9] São Leão Magno (440-461) definiu que o Unigênito de Deus “foi, de fato, concebido do Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, que o deu à luz, permanecendo intacta a sua virgindade, assim como com intacta virgindade o concebeu”.[10] O sínodo de Latrão (649), convocado por Martinho I, declarou anátema quem não confessasse esse dogma.[11]

3o Imaculada Conceição Professa que Maria foi isenta completamente do pecado original, desde o primeiro instante da sua existência no ventre materno. Foi proclamado solenemente pelo Beato Pio IX, em 8 de Dezembro de 1854, por meio da bula Ineffabilis Deus: “Declaramos, proclamamos e definimos: a doutrina que sustenta que a Beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua conceição, por singular graça do Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha da culpa original; essa doutrina foi revelada por Deus e por isto deve ser crida firme e constantemente por todos os fiéis”.[12]

4o Assunção Professa que a Santa Mãe de Deus, por singularíssimo privilégio, subiu em corpo e alma aos Céus, após o término da sua vida terrena. Foi proclamado por Pio XII, no dia 1o de novembro de 1950, por meio da constituição apostólica Munificentisimus Deus: “Proclamamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, completado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.[13]

♦ A “Ave Maria” Apesar de alguns historiadores considerarem o Sub tuum presidium como a primeira oração composta a Nossa Senhora, devido à recente descoberta de um documento do séc. III, partindo da nossa Fé nas Sagradas Escrituras, nós, verdadeiramente, podemos considerar como a mais antiga oração aquela que foi recitada, por primeira vez, pela uma voz de um anjo: “Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco” (Lc 1, 42); e, logo depois dessa, temos o cântico de Santa Isabel: “Bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre(Lc 1, 42). A junção dessas duas saudações constituiu uma única oração, que, no séc. iv, já era habitualmente empregada desse modo, inclusive dentro da liturgia oriental, herdeira do apóstolo São Tiago, após o rito da Consagração.[14]

Entretanto, a piedade dos fiéis não se sentia satisfeita. Como corolário desse ato de louvor, era necessário fazer um ato de súplica. Por isso, paulatinamente, foi-lhe sendo acrescentada uma segunda parte: “Santa Maria, Mãe de Deus; rogai por nós pecadores; agora e na hora de nossa morte”. Estava assim composta a “Ave Maria” como a conhecemos até hoje. Ela somente foi introduzida, de maneira oficial, na liturgia do Ocidente em 1568, pelo Papa São Pio V, com a publicação do Breviário Romano, mas, desde longa data, já era uma prática comum de piedade na Igreja Católica.

♦ O Santo Rosário O fato de as palavras da Ave Maria serem tão gratas à Santíssima Virgem, impeliu os cristãos a multiplicarem o número de vezes da sua recitação, na esperança de tornarem-se, como que, um eco daquelas saudações evangélicas que tanto A encheram de alegria. À imitação do devocionário mais famoso de todos os tempos, o Livro dos Salmos, criou-se então o costume de rezar um total de 150 Ave Marias (ver nota sobre os mistérios Luminosos) [15], as quais depois foram divididas em dezenas, encabeçadas pelo Pai Nosso, meditando-se, em cada uma delas, um dos principais mistérios da nossa Redenção. Dessa maneira nasceu o Santo Rosário, o qual que é uma “síntese de todo o Evangelho”.[16] Ele é um pequeno tesouro de conteúdo teológico, uma obra-mestra que ensina doutrina Católica até aos mais modestos  e, sobretudo, um conciso compêndio de espiritualidade acessível a todos.

♦ O culto de hiperdulia Apenas dois cuidados devem ser tidos em relação à devoção a Nossa Senhora: primeiro, nunca deixar de crescer na devoção a Ela e, sem sombra de dúvida, não render-Lhe culto de adoração, pois unicamente Deus deve ser adorado. Entretanto, tão importante é a missão de Maria no plano da Salvação, que devemos prestar-Lhe atos de louvor e devoção superiores, os quais recebem o título de hiperdulia. Recordemo-nos que, se Deus é Onipotente em seu Ser, a Santíssima Virgem o é quanto à sua súplica. Por isso, aspirar a alguma graça sem confiá-la a Nossa Senhora, no dizer de Dante, é como ter o anelo de voar sem asas.[17] Nunca deixemos, pois, de tudo pedir através de nossa Medianeira celeste!

Texto: Sebastián Correa Velásquez


[1] Cf. Catecismo da igreja católica. n. 726. 963-965. Missale romanum. Die 1 Ianuarii, Post Communionem; paulo vi. Marialis Cultus. n. 11.

[2] Pio x. Carta Encíclica Ad diem illum lætissimum. n. 12.

[3] São Boaventura. I sent. d. 48. ad Litt. dub. 4.

[4] Cf. Catecismo da Igreja Católica. n. 618.

[5] Bento xv. Carta Apostólica Inter sodalicia. 22 de maio de 1918.

[6] Pio ix. Bula Ineffabilis Deus. n. 2.

[7] Cf. Royo Marín. Antonio. La Virgen María: Teología y espiritualidad marianas. Madrid: BAC, 1968. p. 92-93.

[8] DH. n. 252. (Denzinger, Heinrich; Hünermann, Peter. El magisterio de la Iglesia: Enchiridion symbolorum, definitioum et declarationum de rebus fidei et morum. Barcelona: Herder, 2000).

[9] Cf. DH. n. 10-64.

[10] Cf. DH. n. 291.

[11] Cf. DH. n. 503.

[12] Cf. DH. n. 2803.

[13] Cf. DH. n. 3903.

[14] Cf. Reus, João Batista. Curso de Liturgia. 3 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1952. p. 54; Messori. Vittorio. Hipótesis sobre María: hechos, indicios, enigmas. Tradução de Lourdes Vásquez. Madrid: Libroslibres, 2007. p. 266.

[15] O Beato João Paulo II acrescentou mais cinquenta Ave Marias ao Santo Rosário, ao incluir os mistérios Luminosos por meio da Carta Apostólica Rosarium Virginis, de 16 de Outubro de 2002.

[16] Catecismo da Igreja Católica. n.917.

[17] Cf. Dante Alighiere. La Divina Commedia. Paradiso. Canto xxxiii.

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O Pai Nosso: Lembrança do Curso de Férias II

Continuamos compartindo aos leitores o texto, já iniciado em anterior post, do livreto-lembrança que foi presenteado aos participantes do último Curso de Férias, intitulado: “A Oração”.

 A antiguidade pagã concebeu inúmeras divindades… Desde o sol até um ressequido tronco de árvore, uma besta selvagem ou um fantasioso monstro, tudo era endeusado e em sua honra se ofereciam até os mais absurdos sacrifícios humanos. O homem recorria, pois, aos estranhos desvarios da sua imaginação para satisfazer a necessidade instintiva de remontar à causa primeira do Universo. Entretanto, em meio a tantos deuses, não se conhece algum cuja representação tenha sido a de um bom pai, realidade tão simples, que, talvez por isso mesmo, nem fosse considerada. Mas era essa a imagem mais completa que, de seu verdadeiro Criador, o homem naturalmente poderia conceber.

 Antigo Testamento Mesmo o povo eleito, quando invocava oralmente seu Criador, usava a expressão “Adonai” (Senhor), substituindo o nome revelado por Deus a Moisés (“yhwh”, Javé), o qual, após o exílio da Babilônia, não podia ser pronunciado. Por outro lado, a utilização do termo “pai”, em relação a Deus, aparece escrito em algumas passagens do Antigo Testamento, em três sentidos: a) Deus é chamado “Pai” enquanto constituiu para si um povo e uma linhagem real;[1] b) Deus é comparado a um pai;[2] c) em tempos messiânicos, Deus será considerado verdadeiramente um Pai.[3] Assim, tais referências não deixam de ser prenúncios em relação à verdade que Nosso Senhor Jesus Cristo iria claramente revelar: a adoção sobrenatural, a participação dos homens na própria natureza divina.[4]

 Novo Testamento Eis como deveis rezar: Pai Nosso que estais no Céu” (Mt 6, 9). Mais de quatro mil anos tinham se passado, no início dos quais a humanidade provocara a sua própria “orfandade” por haver pecado. Tão consoladora expressão – “Pai Nosso” – só poderia brotar, com toda a propriedade, dos lábios do Deus encarnado que quis assumir a nossa carne e, em nosso meio, dizer: “Filhinhos! Doravante, chamai-me novamente de Pai!”. Cristo fazia uma revelação inaudita: “A todos aqueles que O receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1, 12), “e nós o somos de fato” (1 Jo 3, 1)!

Contudo, não todos quiseram receber essa altíssima dádiva. Os seus inimigos “procuravam, com maior ardor, tirar-Lhe a vida, porque […] afirmava que Deus era seu Pai” (Jo 5, 18). A Igreja, durante os primeiros séculos da sua existência, teve de transmitir de modo cauteloso a oração preceituada pelo Senhor, pois, tanto nas sinagogas quanto entre os pagãos, era uma doutrina inaceitável. Assim, o Pai Nosso tornou-se um verdadeiro sinal de reconhecimento, o primeiro símbolo da Fé para alguém identificar-se cristão, nessa época de perseguições. E, até hoje, nas palavras prévias à sua recitação durante a Santa Missa, transparece esse caráter de proclamação de uma verdade que fora impugnada pelo mundo: “obedientes à palavra do Salvador e formados por seu divino ensinamento, ousamos dizer…”.

 O Pai Nosso A Oração do Senhor, ou Dominical (do latim Dominus), é perfeita. Ela é um “resumo de todo o Evangelho”[5] e serviu de guia para a piedade dos católicos de todos os tempos. “Não há nenhum aspecto das nossas preces ou orações que não esteja compreendido nesse compêndio da doutrina celestial”.[6] As suas petições são como as sete cores que conformam o arco-íris de uma nova aliança entre o Céu e a Terra, um caminho luminoso que nos conduz diretamente aos tesouros da misericórdia divina. As três primeiras súplicas exercitam no cristão as virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade), porque se dirigem diretamente a Deus: “o vosso nome, o vosso Reino e a vossa vontade”; as quatro restantes imploram, no seu conjunto, proteção e auxílio divinos na prática das virtudes cardeais (Justiça, Temperança, Fortaleza e Prudência), e constituem propriamente o apelo dos filhos a seu divino Pai: “dai-nos, perdoai-nos, não nos deixeis cair e livrai-nos”.

Na Oração Dominical, antes dos pedidos, invocamos com fé a quem eles se dirigem – “Pai Nosso, que estais no Céu” – e em seguida os fazemos:

1o Santificado seja o vosso nome – Em primeiro lugar, pedimos o mais importante, ou seja, a glória de Deus, que Ele seja conhecido e reverenciado por todos.

2o Venha a nós o vosso Reino – O nosso segundo maior desejo é que todos possamos participar da glória eterna e, para isso, impulsionados pela esperança, pedimos, o quanto antes, a segunda vinda de Cristo, a fim de que Ele reine definitivamente e a sua Graça habite para sempre no interior dos fiéis.

3o Seja feita a vossa vontade assim na Terra como no Céu – Mas, para que os homens mereçam entrar na glória celestial, pedimos que todos observem os Mandamentos da Lei de Deus.

4o O pão nosso de cada dia nos dai hoje – Nesta súplica, não pedimos somente o pão que um dia fenece, ou seja, os meios necessários para o nosso sustento material, mas, uma vez que devemos praticar a virtude da Justiça, cumprindo em tudo a vontade de Deus, só o conseguiremos por meio da assistência diária de sua Graça, especialmente ao receber o “nosso” Pão da Vida: a Eucaristia.

5o Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido – Imploramos-Lhe perdão por todas as ocasiões nas quais trocamos a sua amizade pelo amor desregrado a alguma criatura, cometendo algum pecado. E, como penhor para sermos atendidos, oferecemos-lhe o sacrifício do nosso orgulho, perdoando aqueles a quem Ele mesmo está disposto a perdoar.

6o E não nos deixeis cair em tentação – Tendo reconhecido a nossa debilidade, pedimos-Lhe a fortaleza necessária para não ofendê-Lo mais e que a vitória sobre as tentações aumente a nossa firmeza no bem.

7o Mas livrai-nos do mal – A Oração do Senhor encerra-se com uma cláusula que nos recorda não ter nenhum poder sobre nós o Maligno, se não lhe é dada permissão do alto. E são, precisamente, os nossos pecados os que arrancam essa autorização divina, pela qual Deus permite sermos castigados pelo demônio, com tentações e tormentos, os quais servem para pagarmos, em parte, a pena devida às nossas faltas. Por isso, nesta súplica, também pedimos para ser libertos do pecado, a fim de que o autor do mal não possa nos aprisionar com os seus laços.

♦ Quem conforma a sua vida segundo os princípios contidos no Pai Nosso é um perfeito cristão. Esperemos não passe um dia da nossa existência sem o recitarmos! Ele já nos acompanha desde o começo da nossa caminhada rumo à salvação, quando no Batismo os nossos padrinhos o rezaram, e será ele que nos despedirá deste mundo, quando o sacerdote o recitar enquanto o nosso corpo desce para a sua última morada.

TextoSebastián Correa Velásquez


[1] • “É assim que agradeceis ao Senhor, povo frívolo e insensato? Não é ele teu Pai, teu Criador, que te fez e te estabeleceu?” (Dt 32, 6) • “Assim fala o Senhor: Israel é meu filho primogênito” (Ex 4, 22) • Deus, referindo-se ao filho do rei Davi, diz: “Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho” (2 Sm 7, 14).

[2] • “Tratá-los-ei benignamente como um pai trata com indulgência o filho que o serve” (Ml 3, 17) • “Como um pai tem piedade de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem” (Sl 102, 13) • “A estes provastes como um pai que corrige, mas a outros provastes como um rei severo que condena” (Sb 11, 10).

[3] • “Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; […] e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz” (Is 9, 5) • “Que lugar, dissera eu, vou conceder-te entre meus filhos […]? E eu acrescentara: Chamar-me-ás: meu pai, e não te desviarás de mim” (Jr 3, 19) • “Cerquemos o justo […]. Ele se gaba de conhecer a Deus, e se chama a si mesmo filho do Senhor! […] e gloria-se de ter Deus por pai” (Sb 2, 12-13. 16).

[4] Cf. Ternant, Paul. Pais & Pai. In: Léon-Dufour, Xavier (dir.). Vocabulário de Teologia Bíblica. 10 ed. Tradução de Simão Voigt. Petrópolis: Vozes, 2009. p. 691-699.

[5] Tertuliano, De oratione, I, 6.

[6] São Cipriano. De oratione dominica. 9.

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A Oração: Lembrança do Curso de Férias I

Em anterior post, tivemos a oportunidade de contar aos leitores qual foi o presente que receberam os participantes do último Curso de Férias, no mês de Julho. Agora queríamos compartir-lhes, ao longo de três posts, o texto do livreto-lembrança que eles ganharam, o qual continha o resumo das principais matérias tratadas ao longos das reuniões e teatros. Esperamos lhes sirva para se aprofundarem nesse tema fundamental da vida cristã, que é a oração, o qual deve modelar, em especial, o perfil de um arauto do Evangelho.

 Sem o alimento não é possível a vida. Caso ele venha a faltar-nos, logo nos acometem debilidade e doenças, quando não a morte. Também é assim a nossa alma, cujo “alimento” é a oração. Se esta é abandonada, não tarda a vontade em enfraquecer-se, cedendo lugar às enfermidades do pecado, fazendo-se necessária a medicina espiritual da Confissão. Ora, quanto empenho dedicamos diariamente ao corpo, a fim de não o vermos fenecer! Por que não havemos de cuidar com igual esmero daquela que é imortal e a parte mais importante do nosso ser? Sem a oração não é possível a vida eterna, por isso, “bem sabe viver, quem sabe rezar bem”.[1]

 No Novo Testamento  Nosso Senhor Jesus Cristo teve como um dos seus principais objetivos ensinar-nos a rezar. Como procedia Ele face aos seus sofrimentos humanos? Retirava-se a lugares ermos e elevava fervorosas súplicas ao Pai. Os autores sagrados transmitiram-nos, a esse respeito, inúmeros conselhos da doutrina do Divino Mestre. Eis alguns: “Até agora, não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para a vossa alegria ser completa” (Jo 16, 24); “Alegrai-vos sempre, orai sem cessar, em todas as circunstâncias, dando graças”  (1 Ts 5, 17-18); “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração” (Fl 4, 6-7).

 Espécies – A oração pode ser: a) mental ou vocal; b) privada, quando se reza em nome próprio, ou pública, quando a oração é feita em nome da autoridade da Igreja, por alguém apto para isso, por exemplo, um sacerdote durante a celebração da Santa Missa.

 Eficácia – “Tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis” (Mc 11, 24). A oração é um recurso onipotente – desde que satisfaça as devidas condições –,  porque a sua força reside no ilimitado poder de Deus. “A oração é a força do homem e a debilidade de Deus”,[2] pois, como Ele tudo pode, é solícito em nos atender. Por isso, “nada há mais poderoso do que um homem que reza”.[3]

 Necessidade – A oração constitui parte tão essencial da Religião que, quando alguém a abandona, já não se pode dizer a seu respeito, com toda a propriedade, que é um católico fiel. A final, somos nós os que precisamos da oração, e não Deus.

1o Ela constitui um dever de: a) adoração; b) ação de graças; c) pedido de perdão.

2o É necessária para a nossa salvação. Quem reza, certamente se salva e quem não reza, certamente será condenado. Todos os bem-aventurados, exceto as crianças, salvaram-se pela oração. Todos os condenados se perderam porque não rezaram. Se tivessem rezado, não se teriam perdido. E este é e será o maior desespero no inferno: o poder ter alcançado a salvação com facilidade, pedindo a Deus as graças necessárias. E, agora, esses miseráveis não têm mais tempo de rezar”.[4] Nosso Criador “quer salvar-nos, entretanto, quer salvar-nos como vencedores”.[5] “É vigiando na oração que não se cai na tentação (Cf. Lc 22, 40. 46) ”.[6]

 Condições para ser atendida Pode acontecer de nem sempre obtermos exatamente o que pedimos, pois Deus nos ama e sabe o que mais nos convém. Um pai que atenda todos os desejos de seu filho, mesmo aqueles que lhe são prejudiciais, não o ama de verdade. Nosso Pai celestial não é assim. Por isso, temos de rezar por amor e não por interesse. Se quisermos nos beneficiar da magnífica promessa de Cristo – “O que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará” (Jo 16,23) – devemos satisfazer quatro condições:[7]

1o Pedir por si mesmo, pois, obter a salvação, e tudo o que a ela nos conduz, é principalmente um dever pessoal; assim, quando se reza pelos outros, é necessária também a sua correspondência à graça, para alcançar o que se pede;

2o Pedir algo necessário para a salvação eterna, porque não pode ser atendido, em nome de Jesus, um pedido que possa comprometê-la;

3o Pedir com piedade, entregando-nos nas mãos de Deus, pois é necessário desconfiar de nós mesmos e confiar n’Aquele que dá a sua graça aos humildes e a nega aos soberbos: quem pede é porque realmente se considera necessitado;

4o Pedir com perseverança é nunca deixar de rezar, pois “a graça da salvação não é uma só graça, mas uma corrente de graças, as quais vêm todas se unir à graça da perseverança final”.[8]

 Texto: Sebastián Correa Velásquez


[1] Santo Agostinho. Apud Santo Afonso Maria de Ligório. A oração: o grande meio para alcançarmos de Deus a salvação e todas as graças que desejamos. Aparecida: Santuário, 1992, p. 27.

[2] Frase atribuída a Santo Agostinho.

[3] São João Crisóstomo. Epistola 48. Apud Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 55.

[4] Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 42.

[5] Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 44.

[6] Catecismo da Igreja Católica. n. 2612.

[7] Cf. São Tomás de Aquino. Suma Teológica. II-II, q. 83, a. 15, ad. 2.

[8] Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 86.

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Um dia de aulas no Thabor

No Thabor o despertar é cedo. Logo de manhã o dia se inicia com a Santa Missa. O canto gregoriano ecoa por todos os recintos e, aos poucos, a basílica é banhada pela luz do sol, a qual, de maneira resplendente, ilumina os policromados vitrais que a adornam. A Santa Celebração é o primeiro programa, pois qualquer ação só é bem feita, quando embebida pela vida interior.

O próximo programa é o café da manhã, após o qual é preciso ser ágil, porque em pouco tempo soará o sino, anunciando o alardo de início das aulas. Já formados em suas respectivas fileiras, os alunos cantam o Credo, em latim, e depois saem em passo ritmado, rumo às respectivas salas. À frente, cercado por quatro guardas de honra, o estandarte dos Arautos do Evangelho precede o desfile, ostentando um brasão no qual estão representadas as três devoções mais importantes para um arauto: o Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora e o Papa.
Tudo é acompanhado com músicas próprias, as quais colaboram para dar clave e o ritmo ao cerimonial. A orquestra é conformada por 105 instrumentistas, das mais variadas idades, localidades do Brasil e países do Mundo. O repertório é amplo. Para cada dia da semana, existe uma sequência diferente, as quais somam oito ao todo e cada uma delas contém seis músicas, resultando um total de 48 peças.
Imediatamente depois começam as aulas. No prédio onde funcionam o colégio e a faculdade, a distribuição dos alunos é a mais diversa: os mais jovens cumprem o ciclo escolar do ensino-médio, localizando-se no andar térreo; nos outros dois andares, encontram-se os cursos superiores de Filosofia (3 anos) e Teologia (4 anos). O estudo tem um papel fundamental na formação de um arauto do Evangelho, conforme afirmava Mons. João S. Clá Dias em uma das suas numerosas homilias: “devemos ser leões no estudo e águias na contemplação”.

Além de todas as obrigações de estudante, todo arauto do Thabor possui alguma função, como cuidar da sacristia, hospedagem, refeitório, alfaiataria ou tantas outras que uma casa dessas proporções comporta. Há também outras funções que não são fixas, mas rotativas semanalmente. No Domingo à noite, é publicada sempre uma escalação daqueles que devem exercer incumbências como, por exemplo, servir a mesa em determinado dia, atender as ligações telefônicas noutro, fazer a leitura durante as refeições dessa semana, etc.
Queremos destacar, entretanto, uma função muito importante e que, por isso, é fixa. Enquanto muitos arautos se encontram na ação, quer em estudos ou trabalhos, na capela de adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento, dentro da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, há sempre um arauto adorando a Sagrada Hóstia consagrada, em atitude de oração e recolhimento. Sim, de hora em hora os residentes do Thabor alternam-se para fazer essa guarda de honra a Jesus sacramentado, inclusive durante a madrugada. Assim, cada semana completa-se o número de 168 horas em que a Eucaristia ali está exposta para adoração, tornando-se verdadeira fonte de graças e de proteção para todos.

Chegado o fim da tarde, o toque do sino da basílica, às 6:00 hs., convida para oração do Angelus e também para o início da Missa plenária, ou seja, com a participação de grande parte dos Arautos do Evangelho que residem em várias casas, na cidade de São Paulo. Reúnem-se cerca de 800 pessoas.
Terminado o dia, após o jantar, há o canto de Completas, prece final da Liturgia das Horas. Os Salmos são entoados alternadamente por duas alas e, no final de tudo, entoa-se a Salve Regina, para agradecer à Mãe de Deus pelo dia transcorrido. O ambiente de silêncio e recolhimento reina, após esse último ato em conjunto. Todos os trabalhos cessam, pois é o momento em que os homens devem se calar para que os anjos falem. Finalmente, as luzes vão se apagando e o nosso relato também termina.

Texto: Marcus Vinícius
Fotos: Thiago Tamura

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Até o próximo Curso de Férias!

Último dia do Curso de Férias. Nada como terminar tão abençoado período de reuniões, com uma Celebração Eucarística solene. Chegando ao Thabor, os participantes do curso formaram na praça, em frente à basílica. Antes da Missa, a qual teria lugar dentro do templo, realizou-se uma bela cerimônia entorno à imagem de Nossa Senhora de Fátima, na qual alguns proclamadores recordaram a importância da oração na vida de um arauto do Evangelho. Iniciou-se, então, um magnífico desfile que culminou ingressando na basílica de Nossa Senhora do Rosário.

O Pe. Santiago Morazzani Arraiz celebrou a Eucaristia, após a qual houve exposição do Santíssimo Sacramento e benção solene. Terminado o ato, todos os presentes se dirigiram ao refeitório do Thabor, onde estavam montados lugares para mais de 850 pessoas. Procedeu-se, então, ao almoço de despedida: uma autêntica salsichada alemã e, de sobremesa, o saboroso strudel de maçã. Os arautos se dispuseram nas mesas, compartilhando, mais do que os alimentos, todas as graças recebidas.

No final da refeição, o Pe. Antônio Guerra dirigiu umas palavras de despedida, apresentando as surpresas que os organizadores do Curso de Férias tinham preparado para os participantes: um belo devocionário, intitulado Preces, contendo as principais orações lidas que um fervoroso arauto do Evangelho recita diariamente — além da oração da Liturgia das Horas; e também um livreto, intitulado A Oração, o qual continha um resumo ilustrado dos temas tratados ao longo das exposições desses dias.

Os personagens de mais destaque, ao longo do Curso de Férias, distribuíram as lembranças, o que formou um belo quadro cenográfico. Sobretudo, os mais jovens dentre os participantes queriam receber a recordação, de mãos do protagonista que mais lhes despertara o entusiasmo durante as encenações. E, desconhecendo o nome real da pessoa a fazer o papel, chamavam-no de modo pitoresco pelo nome que assumira durante o teatro.

A nota tônica durante todo o Curso de Férias, e especialmente nesse último dia, foi a alegria de conviver com pessoas que compartem os mesmos ideais de amor a Deus, por meio da sua Mãe Santíssima, no seio da Santa Igreja Católica Apostólica e Romana.

Texto: Sebastián Correa Velásquez; Fotos: Thiago Tamura Nogueira e Alejandro López Vergara.

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