Thabor

Conheça aqui essa residência dos Arautos do Evangelho

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Último dia do curso no Thabor: Mãe de Misericórdia!

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O que seria da humanidade se não conhecesse os atributos de uma mãe? O perdão, a bondade, a bem-querença? Realmente viveríamos nas trevas de uma brutalidade sem nome.

Esses predicados, e muitos outros, Deus quis reuni-los nessa criatura chamada mãe, para que o ser humano mais facilmente tivesse noção da bondade divina.

Mas Deus não se contentou até dar uma única mãe a todos os homens e, mais ainda, em tê-la Ele mesmo para Mãe — e desta vez com maiúscula, porque é a Mãe das mães –, a Mãe de Misericórdia, na qual condensou todos os atributos maternais em grau sumo: Maria Santíssima.

Conheço uma varão digno de muito respeito que afirmava: “Se não tivesse conhecido a misericórdia de Nossa Senhora, com certeza teria enlouquecido ou já teria morrido”.

Pois bem, o tema do último dia do Curso de Férias dos Arautos não podia estar melhor escolhido: Mãe de Misericórdia. Ressaltar o papel dessa atributo mariano, exemplificado com belíssimas encenação de perdão, de amparo e de socorro da Mãe das mães.

No final foi distribuído um belo quadrinho de Nossa Senhora como lembrança desse dia.

Não duvidemos, pois, em recorrer a Ela, em todas as nossas dificuldades, como fizeram os personagens das peças teatrais que aparecem nestas fotos!

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Segundo dia: acompanhados por um anjo!

Curso de férias-2º dia

Curso de férias-2º dia

Temos um anjo sempre ao nosso lado! Foi a mensagem que pudemos colher neste segundo dia de Curso de Férias.

Não somente nas horas difíceis, mas a todo momento! Se soubêssemos sentir a presença do nosso Anjo da Guarda encontraríamos o nosso melhor amigo.

Anjo fiel, está sempre a nos inspirar bons propósitos, aconselhando-nos nas horas difíceis.

Entretanto, há um inimigo que procura desfazer o trabalho do nosso Anjo da Guarda. Trata-se de um ou vários espíritos da perdição que, por meio de laços e tentações, tentam fazer-nos cair em pecado.

Portanto, somos um campo de batalha onde o bem e o mal se enfrentam, e a decisão da vitória ou da derrota cabe a nós! Por isso, os anjos bons com frequência são representados simbolicamente usando espadas, e os maus tridentes. Em referência a essa luta espiritual que travam.

Para qual desses dois lados nós seremos tendentes? Bom exame de consciência deixou-nos este segundo dia do Curso de Férias. Sigamos as inspirações que o nosso melhor amigo, o Anjo da Guarda, a todo momento nos proporciona.

E para nos acompanharem nesse propósito, mais algumas fotos!

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Salve Pater Salvatoris: hino em homenagem a São José

19 de Março comemora-se a solenidade do padroeiro da Santa Igreja Católica, esposo de Maria Santíssima e, mais do que tudo, pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo: São José.

Os Arautos do Evangelho, no Thabor, há alguns dias começamos a novena para honrar e pedir a intercessão desse grande santo. Formados diante de uma imagem que piedosamente o representa, recitamos a ladainha e outra oração dedicadas a São José.

Também por estes dias, um conjunto de membros do coro do Thabor gravou, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, um canto em louvor a São José, cuja letra, por tratar-se de um canto gregoriano,  é em latim e, por isso, a traduzimos abaixo.

Aproveitamos então este post para compartir algumas cenas da novena, com o fundo musical da interpretação desse belo gregoriano. E para os que se animem a cantar conosco: não é dificil; sigam a partitura, pois quem canta, reza duas vezes! –  dizia Santo Agostinho.

 

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Tradução do texto latino:

Salve pai do Salvador, José tão amável. Salve custódio do Redentor, José tão admirável. Salve esposo da Mãe de Deus, José homem angélico. Salve hóspede do meu Jesus, José homem seráfico.

Pelas preces e entranhas de Maria, tua Mãe, pelos cuidados e desvelos de José, teu Pai, fazei Jesus que possamos Vos contemplar na glória e possuir, pela eternidade, a Pátria Celeste, Assim seja.

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Por que não?


Natal também é tempo de conviver à mesa.

De fato, tornou-se requisito quase indispensável, durante as festas natalinas, a presença das maravilhas culinárias próprias ao tempo e às diversas regiões geográficas do globo terrestre.

Este ano, no Thabor, vivemos uma peculiardiade do Natal como é celebrado na Noruega. A idéia surgiu, precisamente, por parte de um arauto membro do Thabor, de origem vietnamita, cuja residência antes de vir morar no Brasil era nessas gélidas terras do norte do planeta.

Trata-se de um apetitoso doce artesanal chamado Gingerbread, em português, pão de gengibre.

O Natal, desde longa data, apresenta aspectos extraordinários que chegam a tocar na fantasia: árvores cujos frutos são brilhantes esferas multicolores, trenós que voam pelos ares puxados por renas, enfim, nunca viram-se na realidade  tais coisas. Entretanto, depois que um Deus quis se fazer Menino, sendo concebido por uma Mãe ao mesmo tempo Virgem e Imaculada, qual a maravilha que não pode ser escogitada?

Essa é um pouco a mentalidade de fundo que transmite o Gingerbread: apresentar algo da vida real com aspecto quintessenciado, pois, é Natal!

Como poderão ver pelas fotos, nosso Gingerbread é uma linda catedral revestida de chocolate – que em algo lembra a famosa de Canterbury –, cujas paredes são feitas de saboroso pão de gengibre, os mármores do seu piso de variados marzipães, na sua lateral direita encontra-se uma límpida lagoa azulada de gelatina, as pedras dos caminhos são apetitosos doces, a terra é uma discreta e leve farinha de biscoito,  até o prestigioso sino da torre é comestível e todo o interior da catedral estava repleto de mais surpresas gastronômicas!

Ainda bem que os fotógrafos foram rápidos em registrar esta obra de arte, pois – quase nem é preciso dizer – em questão de minutos, a catedral já tinha passado para a história dos natais vividos no Thabor.

Fotos: Thiago Tamura Nogueira

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Um Menino de encantos

Frágil como simples criança, mas sábio e inteligente como ninguém em toda a História, o pequeno Menino de Belém abriu seus braços para acolher com alegria todos aqueles que O procurassem. Pobres ou ricos, instruídos ou ignorantes, veio para todos. Desde singelos pastores até ilustres Magos O adoraram, oferecendo-Lhe aquilo que cada um possuía: uns, talvez, a simples oferta de lã ou alguns alimentos, fruto da humilde função agrícola do pastoreio; outros, incenso, mirra e ouro, pois face ao Criador do Universo só é possível o desejo de servi-Lo com aquilo que possuamos, seja muito ou seja pouco.

Foi precisamente esse desejo de dar tudo ao tenro e divino Menino que motivou os Arautos do Evangelho a ofertar-Lhe o nosso hábito religioso, pois, sem dúvida, poderíamos revesti-Lo sucessivamente de todos os emblemas e símbolos característicos de cada uma das famílias religiosas nascidas dentro da Santa Igreja, que Ele, desde Céu, só teria contentamento a nos manifestar por tal gesto, já que, sendo Deus, é o inspirador e sustentador dos diversos carismas e vocações providenciais, suscitados por obra divina, ao longo da História do Cristianismo.

Esta encantadora imagem do Menino Jesus encontra-se exposta para veneração dos fiéis na Basílica Nossa Senhora do Rosário, durante o período natalino. Convidamo-lo a conhecê-la!

Fotos: João Paulo Rodrigues

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Qual a relação entre verdadeira felicidade e qualidade de vida?

O projeto intitulado “Qualidade de Vida”, realizado pelo colégio internacional Arautos do Evangelho, e que já mencionamos em anterior post, iniciou com um simples, mas atraente teatro. Em plena Idade Média, alguns amigos estudantes encontram-se, transmitindo com efusividade as suas mais variadas experiências estudantis: uns cantam, outros pintam, todos se preparam para exercer as mais variadas profissões.

Neles transluz verdadeira felicidade por fazer aquilo para o qual Deus os destinadou. Nada de invejas, nem de ciúmes, pelo contrário, nota-se um ardente desejo de ajudarem-se mutuamente para que os talentos de cada um rendam o cêntuplo. De fato, não pode haver vida mais infeliz do que a de quem quer viver a vida de outro e não a própria…

Sim, pois a verdadeira felicidade não é fruto de fatores externos. O único terreno fértil dessa semente chamada “verdadeira felicidade” ou “qualidade de vida” é o coração humano. Só ali ela encontra as condições necessárias para nascer, crescer e dar frutos, pois é no interior do homem onde brotam as boas intenções e onde se realiza o misterioso encontro entre a vontade humana e a Graça Divina. É no íntimo do coração que Deus fala!

A alma humana é imortal e, portanto, tem um desejo infinito de felicidade, quer ser feliz para sempre. Por isso, só algo que não tenha fim pode saciar essa sede de infinito. E quanto mais o homem põe a razão de seu existir em “águas finitas”, como são os prazeres passageiros desta vida, tanto mais ele sente uma sede insaciável de felicidade.

Só há uma “água” capaz de saciar a alma humana, e ela nos foi prometida pelo próprio Jesus, na pessoa da samaritana que lhe oferecia um pouco de água para beber: “Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede, mas o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede. A água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água, que jorrará até a vida eterna. A mulher suplicou: Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la! Disse-lhe Jesus: Vai, chama teu marido e volta cá. A mulher respondeu: Não tenho marido. Disse Jesus: Tens razão em dizer que não tens marido. Tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu. Nisto disseste a verdade. Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que és profeta!” (Jo 4, 13-19) Sim, Nosso Senhor queria fazer brotar nessa alma, seca por causa do pecado, uma fonte de água sobrenatural, chamada Graça Divina.

Digamos nós também com a Samaritana: “Senhor, vejo que és profeta! Dá-me dessa água!”. Abandonemos o pecado, abracemos a prática do bem e poderemos comprovar algo incrível em nossas vidas: de nosso interior brotará uma fonte de felicidade inexprimível em termos humanos, a qual transbordará impregnando todo nosso existir e assim poderemos verdadeiramente dizer “ter qualidade de vida é algo possível!”.

Com essa clave geral, foi realizada a presentação de projetos do Colégio Arautos do Evangelho – Thabor, sendo que os temas específicos de cada sala de aula foram muito variados e atraentes – como se pode ver nas fotos de amostra postadas em Projeto “Qualidade de Vida”.

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Quem é o vendor do desafio?

clique na foto e conheça os Arautos em Curitiba

Bem podem lembrar-se os participantes de thabor.arautos.org que, em penúltimo post, intitulado Símbolo da peregrinação terrena, fizemos um pequeno desafio a todos de encontrarem o caminho de saída de um intrincado labirinto, passando antes pelo escudo que estava na parte superior do mesmo. Pois bem, temos a alegria de apresentar-lhes o vencedor do desafio! É um jovem que cursa o 7° ano no colégio Arautos do Evangelho de Curitiba. Foi o primeiro a comentar o mencionado post:

Em atenção à perseverança desse jovem, publicamos a solução da primeira parte do labirinto. Não desanimem! Pois a nossa peregrinação terrena é muito semelhante: tem subidas e descidas, mas a solução sempre reside nas alturas, ou seja, em Deus que nos aguarda de braços abertos na Eternidade, se formos perseverantes no caminho do bem!

Veja aqui uma parte da solução do labirinto:

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Aceitam outro desafio?

A águia

O nome deste animal alude à agudeza das suas vistas (em latim: acúmen oculórum > áquila), pois além de enxergar perfeitamente a distâncias enormes, pode também fitar diretamente o sol, sem sofrer dano físico algum. Desde grandes alturas, a águia consegue ver, nos rios ou no mar, os desafortunados peixes que se tornarão as suas presas. Precipita-se sobre eles a uma velocidade vertiginosa, arrebatando-os das águas quase sem que possam percebê-lo.

A águia é um animal que zela meticulosamente pela “nobreza” da sua raça. Quase diríamos que possui uma espécie de “senso de honra”, pois pouco depois de nascerem os seus filhotes, a mãe águia voa com eles a grande altura, sustentando-os diante do sol,  e apenas considera dignos de fazer parte da sua raça os que de fato conseguem manter o olhar fixo diante do astro rei. Em relação àqueles que não o conseguem, piscando continuamente, o seu procedimento é impressionante: abandona-os totalmente, pois os tem como uma desonra para a sua espécie.

Não é a toa que, no Novo Testamento, a águia é símbolo do evangelista São João, pois desde a primeira linha do seu Evangelho, ele nos remete de modo imediato à divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, à maneira de águia que olha diretamente o sol.

Por outro lado, a pureza de doutrina que é característica de um verdadeiro católico deve assemelhar-se a esse zelo da águia em fazer com que as suas crias fitem sem empecilhos a luz do sol, pois, em matéria de Fé, devemos olhar diretamente para a sagrada luz da Revelação Divina, sem receios nem asperezas, já que o mínimo desvio pode tornar-nos indignos da qualidade de filhos da Verdade, que é Deus, porque a luz dessa Verdade Absoluta não comporta ambiguedades, indefinições nem deturpações.

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  • O quadro abaixo apresenta uma águia que capturou uma presa;
  • Encontre outra águia e escreva-nos comentado onde está!

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Projeto – Qualidade de vida

Na última sexta-feira, 1° de novembro, teve lugar no colégio internacional Arautos do Evangelho – Thabor, a realização do projeto interdisciplinar de finalização de curso, cujo tema central foi  “Qualidade de vida”.

O que é qualidade de vida para um arauto do Evangelho? Quais as circunstâncias que devem cercar o dia-a-dia de alguém para dizer que tem qualidade de vida? Ter qualidade de vida significará ter um ritmo de atividades totalmente diferente daquele que temos ou tratar-se-á de dar um enfoque diferente a tudo o que já fazemos?

Foram essas algumas das perguntas às quais se tentou dar uma resposta satisfatória. Ou melhor, mais do que uma resposta, apresentou-se, já na exposição dos diversos aspectos do projeto, um tipo humano e uma visualização da vida que bem mostraram não ser qualidade de vida algo próprio ao mundo das idéias platônicas, mas uma realidade ao alcance seja de quem for e em qualquer atividade boa que se exerça.

Qualidade de vida, talvez seja sinônimo de amar a própria vida e dar-lhe esse caráter sobrenatural, chamado Graça Divina, que o nosso Criador teve a bondade de depositar no tesouro dos Sacramentos da Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana, qual “pedra filosofal” – para fazer uma analogia com aquela bela lenda medieval – que converte em ouro tudo o que toca.

Sim, conservar a Graça Divina, frequentando os Sacramentos e praticando os Mandamentos, doura a nossa existência terrena, hoje tão facilmente tendente ao cinzento e, às vezes –  ó tristeza –, à escura cor das trevas do pecado, do vício e da injustiça…

Pois bem, estes jovens do colégio internacional Arautos do Evangelho – Thabor concederam-nos verdadeiros minutos de ouro, ao apresentarem, para todos quantos quisessem participar do seu projeto, um leque enorme de atividades, experimentos e até obras de arte, desenvolvidos com esmero durante todo o último semestre letivo.

Queríamos, pois, anunciar aos perseverantes seguidores de thabor.arautos.org (e convido-o também a fazer parte do blog assinando-o acima, caso ainda não o tenha feito), o começo de uma sequência de postagens, na qual teremos a alegria de mostrar-lhes, por meio de descrições, fotografias e vídeos, as interessantes experiências que nos maravilharam durante esses momentos. Realmente pudemos dizer: ter qualidade de vida é algo possível!

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Símbolo da peregrinação terrena

Todos nós já nos encontramos, ao menos alguma vez em nossas vidas, em situações em que nos sentimos em “becos sem saída”. Mas, após algum tempo, acabamos de alguma forma encontrando uma saída, seja por uma intervenção do alto, seja pelo tempo que passa e desanuvia o nosso panorama. A sensação que temos, após sair de situações como essa, é indescritível e tal é o alívio, que alguns dos antigos resolveram fazer disso um jogo: é o conhecido labirinto.

O nome “Labirinto” deriva do termo grego labýrinthos (λαβύρινθος). O primeiro tipo de labirinto, que se tem notícia na história, parece ter sido construído por Amenembrat III, faraó da XII dinastia, que governou entre 1860 a.C. e 1814 a.C., sendo considerado um dos soberanos mais importantes do Império Médio. A fachada era ornada com pedras brancas como o mármore. Heródoto, que o havia visto e visitado as salas do pavimento superior, fala do labirinto com entusiasmo, dizendo que era superior a todos os edifícios gregos, e sua beleza sobrepujava as pirâmides do Antigo Egito. Os visitantes tinham de ser acompanhados por um guia para não se perderem, pois ficavam maravilhados com as riquíssimas ornamentações e a magnificência de seus cômodos e se perdiam, pois as salas eram interpostas de maneira a confundir o visitante.

Outro labirinto que, embora fosse bem menor que este, ficou tão famoso que deixou o do antigo Egito sumir nas brumas da história, foi o Labirinto de Creta. Segundo a mitologia grega, foi elaborado e construído por Dédalo, por ordem do rei Minos, próximo à cidade de Cnossa e ficava embaixo da terra. Ele abrigava um monstro chamado Minotauro, meio-homem, meio-touro, que alimentava-se de carne humana. Um jovem valente chamado Teseo, se apresentou para exterminar o monstro. O jovem foi guiado pelos meandros do labirinto por um fio de linha que Ariadna lhe havia entregue, e que lhe permitiu, após matar o monstro em uma luta heróica, encontrar a saída. Para comemorar a vitória Teseo elaborou um dança que simbolizava, pelos seus movimentos, os intrincados caminhos de um labirinto. Diz a lenda que, tempos mais tarde, as muralhas de Tróia foram construídas de maneira a dificultar a entrada dos inimigos formando labirintos.

Jardim reproduzindo um laberinto, em Aschaffenburg – Alemanha

Os construtores medievais, retomaram os labirintos e os utilizaram no piso de diversas igrejas. Eram estes feitos com ladrilhos no formato circular ou octogonal. Dentre estes podemos destacar os das catedrais de Amiens, Chartres e Reims. O motivo labirinto estava relacionado com a peregrinação à Terra Santa e foi por isso chamado de Légua de Jerusalém. Os fiéis seguiam os caminhos dos labirintos de joelhos, o que lhes valia indulgências.

Ao longo do tempo, essa bela simbologia original foi perdida, e o labirinto no chão começou a ser cada vez mais considerado como um “jogo sem sentido”, e muitos deles foram destruídos.

Você é esperto mesmo?

Tente encontrar a saída no labirinto abaixo, tendo antes passado pelo escudo que está na parte superior do mesmo. Caso consiga, escreva-nos comentando!

Clique no labirinto para aumentá-lo

 Texto: Davi Werner

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Testemunha da Ressurreição

Cristo morreu cerca das três horas da tarde e, como era véspera de Sábado, a partir do pôr-do-sol, não se podia fazer nenhum tipo de trabalho, nem sequer sepultar um morto. Por isso, não houve tempo de efetuar os ritos fúnebres tradicionais dos hebreus. Assim o sacratíssimo Corpo foi cuidadosamente envolto num grande pano, colocado num sepulcro, propriedade de José de Arimatéia, que foi fechado com uma grande pedra.

Ao despontar a aurora de Domingo, as santas mulheres foram ao túmulo para ungir o Corpo do Senhor. Qual não foi a sua surpresa ao encontrarem o sepulcro aberto, vazio e um Anjo que lhes anunciava a boa nova! Foram, pois, avisar imediatamente os Apóstolos que o Mestre não estava mais naquele lugar, pois, como disse o mensageiro divino, Ele ressuscitou!

São Pedro correu para o local, acompanhado por São João. Este último, sendo mais jovem, chegou primeiro e, embora aguardasse pelo outro discípulo para entrarem juntos, viu dentro do jazigo os panos que envolviam o Corpo do Mestre. Ao cruzarem o limiar do Sepulcro, como diz o Evangelho, os dois viram os panos e o sudário e então creram (Cf. Jo. 20, 3-8).

Sem dúvida, os primeiros cristãos guardaram com toda a veneração essas sagradas relíquias encontradas pelos Apóstolos.

O Santo Sudário é um lençol de puro linho, com as dimensões de 4,36 m. x 1,10 m., cuja trama apresenta, em tênue cor amarela, as marcas deixadas pelo Corpo Santíssimo de Nosso Senhor morto.

Existe um primeiro indício histórico da conservação do Santo Sudário na Igreja de Nossa Senhora de Blaquerna, em Constantinopla, onde, durante muitos séculos, fora venerado. Entretanto não se sabe exatamente a data em que foi levado para lá. O dado indicativo mais exponencial que se conhece é uma moeda antiquíssima do tempo do Imperador Justiniano II (685-695), na qual está cunhada a efígie de Nosso Senhor – costume mantido por vários imperadores bizantinos – reproduzindo os mesmos traços da Sagrada Face estampada no Sudário.

Os especialistas enumeram cerca de vinte traços da Santa Face estampada no Sudário, que podem ser encontrados em inúmeros retratos de Nosso Senhor, na arte bizantina, desde o século V. O Santo Sudário era, portanto, considerado como o modelo mais seguro, precioso e sugestivo para os artistas do tempo. Após a quarta cruzada, em 1204, que terminou com a tomada de Constantinopla, o Santo Sudário desapareceu. Só em 1357 tem-se notícia exata do seu paradeiro: estava sendo venerado em Lirey, na França, numa igreja construída para esse fim por uma família da nobreza que, posteriormente, doou o Sudário para a casa dos duques de Sabóia. Estes receberam a preciosa relíquia em 1453 e em 1578 foi transportada para Turim, onde permanece até hoje.

Em 1898 o Santo Sudário foi, pela primeira vez, fotografado por um importante advogado. Tirou duas chapas e quis pessoalmente revelá-las em seu laboratório. Ao revelar as fotos, apareceu nos negativos o majestoso semblante de Nosso Senhor! Na realidade, o que se vê no Sudário original é uma imagem em forma de “negativo fotográfico” e, ao ser fotografo, como que esse negativo foi revelado, podendo-se ver reproduzidas, com a maior perfeição e nos mínimos detalhes, os traços dessa divina Face e as marcas dos sofrimentos que padeceu durante a Paixão.

O que mais impressiona nessa imagem é a sublime e majestosa serenidade da Santa Face do Salvador. Que artista teria sido capaz de pintar em negativo uma imagem que, uma vez revelada, mostrasse tal riqueza, tanto nos detalhes quanto na expressão?

Conceituados cientistas puderam analisar rigurosamente a preciosa relíquia. Com a ajuda de equipamentos altamente sofisticados, após três anos de pesquisas que envolveram áreas como ótica, matemática, física, química, biologia e medicina, esses estudiosos chegaram a várias conclusões que vieram a corrobar cientificamente o que a Fé multisecular dos cristãos já cria. Entre essas conclusões destacamos estas:

  • A imagem não é obra de nenhum artista ou falsificador.
  • A imagem apresenta caráter tridimensional, o que significa ter sido ela formada pelo Corpo que estava envolto no Sudário; que tal Corpo não pesava no tecido, portanto não estava sujeito à lei da gravidade; e que todo ele era foco de uma radiação muito intensa, o que acabou por marcar o tecido.
  • Foi encontrado sangue humano no tecido e restos de terra na planta dos pés, comprovando que o homem do sudário andou descalço pouco antes de ser morto.
  • Por fim, e a principal, nada foi observado que em algo pudesse contradizer as narrativas dos Santos Evangelhos.

Ao longo das pesquisas uma pergunta pairava constantemente na mente dos cientistas: como se formou a imagem, qual foi esse misterioso processo, o que aconteceu? Mas, depois de todas essas análises, tiveram que reconhecer que não era possível dar uma resposta científica! Mas o que a ciência não consegue esclarecer, só a Fé o pode fazer: “Depois do sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo. E eis que houve um violento tremor de terra: um anjo do Senhor desceu do céu, rolou a pedra e sentou-se sobre ela. Resplandecia como relâmpago e suas vestes eram brancas como a neve. Vendo isto, os guardas pensaram que morreriam de pavor. Mas o anjo disse às mulheres: Não temais! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Não está aqui: ressuscitou como disse. Vinde e vede o lugar em que ele repousou” (Mt 28, 1-6).

Texto: José Neves

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A música que não saiu da Capela Sistina

Encontramo-nos na Semana Santa. O Papa Clemente XIV preside na capela Sistina as cerimônias do Tríduo Pascal. Célebres músicos haviam sido convidados a fim de tocarem a maravilhosa composição de Allegri, o “Miserere”. Esta melodia era interpretada somente na Capela Sistina, durante a Semana Santa, e ninguém podia executá-la em nenhum outro recinto. Para garantir essa exclusividade, após a cerimônia, os músicos rasgavam suas partituras diante do maestro.

Enquanto vibravam as notas do “Miserere”, as cenas pintadas por Michelangelo naquela capela pareciam tomar vida. Todos os convidados ficavam extasiados de admiração ouvindo a bela canção e admirando aquelas pinturas. Estava também presente um jovem de quatorze anos, de estatura  pequena e aparência inteligente, vestido com uma humilde roupa de cor verde. Ele não prestava muita atenção, como os outros, nas pinturas, mas sim na melodia. Ninguém sabia quem ele era. Passado algum tempo, o desconhecido aproximou-se do secretário do embaixador da Áustria, e ambos saíram juntos.

Ao chegar a seus aposentos, o jovem sentou-se diante de uma escrivaninha, tomou um caderno pautado e começou a desenhar com grande agilidade notas musicais no pentagrama. À noite, durante o jantar do embaixador, falou-se da cerimônia e  do efeito maravilhoso que produzira o “Miserere”. Começou, então, uma conversa entre um cardeal ali presente e os  embaixadores.

– Que pena que não se possa tornar conhecida em todo o mundo esta melodia – lamentou o embaixador da Áustria.

– Vossa Eminência deveria servir-se desse argumento junto a Sua Santidade, a fim de obter uma cópia da melodia – replicou o embaixador da França que jantava com eles.

Então disse novamente, o embaixador da Áustria:

– Todos os nossos argumentos são inúteis. Há muitos séculos que esta música foi composta por Allegri e nunca foi tocada senão na capela Sistina; nem reis, nem imperadores poderiam divulgá-la, pois este canto faz parte do tesouro sagrado de S. Pedro, e daí não sairá.

No dia seguinte, Sexta-Feira Santa, aquele misterioso jovem apareceu no mesmo lugar, mas com uma peculiaridade. Sua atenção estava presa nas folhas do caderno onde escrevera, no dia anterior, os sinais musicais. O fato chamou a atenção de um cardeal que a partir dali não cessou de observá-lo. No dia seguinte quando o sol estava se pondo, vários nobres se reuniram no palácio do embaixador austríaco para comemorar a Páscoa. Festejavam  alegremente, nos salões, brilhavam luzes multicolores, eram servidas requintadas iguarias, e os músicos se preparavam para, ao cair da noite, começarem a tocar as primeiras músicas festivas.


De repente, ouvem-se os acordes de um órgão, todos ficaramm em silêncio e uma voz juvenil elevava-se  entoando com força e suavidade o “Miserere” de Allegri, que nunca ressoara com tal grandiosidade e vigor. Os ouvintes ficaram boquiabertos de espanto e admiração. Mas, nem todos, pois alguns diziam que aquilo era profanação e roubo, porque aquela música só poderia ser tocada na Capela Sistina. Na mesma hora o embaixador agarrou o braço do jovem e começou interrogá-lo:

– Como você consegue tocar esta música tão perfeitamente? Creio que para executá-la assim, precisou sem dúvida copiá-la!!!

– Sim, sim!!! – Exclamou um cardeal, o mesmo que no dia anterior o observara atentamente na capela Sistina.

– Vossa Eminência está bem certo disto? – perguntou o embaixador da Áustria.

– Parece-me que o vi… – murmurou o cardeal.

Então disse o jovem com reverência ao cardeal:

– Vossa Eminência viu-me somente ouvindo e admirando a melodia, não é isto?

Perguntou então o cardeal:

– Sem dúvida, mas como sabeis a música sem faltar nenhuma nota?

Replicou o jovem:

– De cor, pois ela marcou tanto a minha alma, que nela se gravou do primeiro ao último compasso. Eis a verdade, juro isto em vossa presença.

Os circunstantes estavam en-cantados com a cena. Aproximaram-se do jovem e felicitaram-no. Porém, essa atitude não foi unânime.  Alguns diziam que deveria ser levado pelo cardeal ao Papa, a fim de lhe prestar contas da indevida utilização daquela música.

– Amanhã ele deverá apresentar-se ao Papa, disse o embaixador da Áustria. Com isso o rapaz retirou-se do ambiente e a festa continuou.

No dia seguinte, o jovem foi convocado pelo Papa Clemente XIV para comparecer ao Vaticano. Quando chegou, todos os presentes acharam estranho vê-lo ali, pois, não era costume pessoas tão jovens serem recebidas em audiência pelo Papa. Quando ele se ajoelhou diante do Santo Padre, este deu-lhe o anel a oscular, e começou a interrogá-lo:

– É verdade, meu filho, que este canto do “Miserere” reservado, até hoje, para a Capela Sistina gravou-se na tua memória na primeira audição?

– É verdade Santo Padre – respondeu o jovem.

Disse então o Pontífice:

– Querido jovem, vejo no teu olhar que estás dizendo a verdade. Meus antecessores decretaram que o “Miserere” não saísse do Vaticano, mas se Deus permitiu que pudesses apropriar-te tão miraculosamente desse canto é porque sem dúvida te destinou, a compor melodias para a Santa Igreja. Tem sempre presente que este dom não é teu, mas da Igreja, portanto, deverás servi-La fazendo bom uso dele. Va, pois, em paz e recebe a benção apostólica.

Este prodigioso jovem era Wolfgang Amadeus Mozart, um dos maiores compositores de todos os tempos. Sobre ele afirmou Joseph Haydn: “a posteridade não verá um talento como esse em 100 anos.”

Texto: Johnatan Inocêncio Magalhães

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O seu caleidoscópio está pronto!

Uma das grandes maravilhas criadas pelo homem é o vitral. A harmonia de cores que extasiam quem quer que deite o seu olhar sobre eles, realmente é inigualável. Entretanto, por ter sede do infinito em sua alma, o homem não se contentou com aqueles pedaços de vidro coloridos imóveis em uma parede. A partir do século XIX, descobriu-se um objeto extraordinário que conseguiu reproduzir uma sequência quase infinita de combinações policromadas.

Seu nome é “caleidoscópio” e provêm do grego (καλόςείδοςσκοπέω). Na verdade é uma junção de três palavras: καλός (kalós), que significa “belo, bonito”; είδος (éidos), que quer dizer “imagem, figura”; e σκοπέω (scopéο), que traduz-se por “ver, observar”. Portanto a palavra “caleidoscópio” em seu conjunto pode-se entender como “ver imagens belas”. Realmente, podemos afirmar que o nome é bem apropriado para invento tão belo como esse.

Foi criado na Inglaterra, em começos do século XIX (1817), pelo físico escocês David Brewster (1781-1868), enquanto realizava experimentos sobre a polarização da luz. Era ele um homem culto e grande conhecedor do grego antigo (daí provêm o nome). Doze ou dezesseis meses depois ele maravilhava o mundo inteiro. Nessa mesma ocasião, um rico francês adquiriu um caleidoscópio produzido não de vidros policromados, mas com pérolas e gemas valiosas pelo custo de 20.000 francos.

Há quem defenda que o caleidoscópio já era conhecido no século XVII, e até muito antes, na Grécia antiga. Apesar de ter sido criado para fins científicos, o caleidoscópio foi durante muito tempo considerado um simples brinquedo para crianças e adultos. Atualmente ele é fonte de inspiração para desenhistas, bordadeiras e decoradores, fornecendo padrões de desenho geométrico.

O caleidoscópio é constituído por um tubo cilíndrico, com um fundo de vidro opaco; no seu interior são depositados alguns pedaços de vidro colorido e três espelhos. Ao colocá-lo diante da luz e fazendo-o rolar vagarosamente, observa-se no interior do tubo, através da abertura feita na tampa, um espetáculo feérico, pois os pedaços de vidro coloridos, com os reflexos dos espelhos, multiplicam-se e, mudando de lugar a cada movimento da mão, dão lugar a numerosos desenhos simétricos e sempre diferentes.

Neste invento, além de admirarmos a beleza que Deus colocou nas criaturas e sonharmos com as maravilhas celestes, temos grande prova da infinitude do Altíssimo, pois é quase impossível repetir a mesma figura.

Faça-o você mesmo!

Este é um dos inventos que todos nós podemos ter e até fazer em nossas próprias casas.

Basta ter:

  • 3 espelhos planos retangulares, cada um com 20 cm de comprimento e 4 cm de largura;
  • Um pedaço de PVC (cano plástico) com 20cm de comprimento e 2 polegadas (5 cm) de diâmetro;
  • Um pedaço de plástico leitoso ou papel vegetal;
  • Um pedaço de material flexível e opaco (cartolina, papelão etc.);
  • Fita crepe;
  • Pedaços de vidro de cores vivazes e contrastantes.

Procedimento:

  1. Una os três espelhos, com a fita crepe, formando um triângulo, e coloque-os dentro do tubo de PVC;
  2. Tampe uma das extremidades do tubo com uma folha de plástico leitoso ou de papel vegetal;
  3. Acrescente as pequenas pedras coloridas dentro dos espelhos;
  4. Faça uma pequena abertura no centro do material opaco e tampe a outra extremidade.

O seu caleidoscópio está pronto! É só olhar pela abertura, direcionando a outra extremidade para alguma fonte direta de luz. Podem-se admirar imagens coloridas esplêndidas. Girando o caleidoscópio, as pedrinhas tomarão uma nova disposição e imagens inéditas serão formadas.

Texto: Victor Castillo.

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Símbolo do Bom Pastor

A multissecular história da Santa Igreja Católica sempre proporciona aos católicos a possibilidade de aprender, dia-a-dia, algo novo e maravilhoso. Basta simplesmente girar esse rico “caleidoscópio” doutrinário e consuetudinário para observar aspectos sempre novos e extraordinários. Desta vez, detenhamo-nos sobre uma das mais antigas e características insígnias do Santo Padre: o pálio, uma faixa de lã branca, com poucos centímetros de largura, ornada com algumas cruzes negras e três belos alfinetes, que é posta nos ombros de certas autoridades eclesiásticas.

Seu aparecimento na Igreja do Ocidente remonta ao séc. IV, no curto pontificado do Papa São Marcos (janeiro a outubro de 336). Durante muitos séculos, seu uso ficou reservado ao Sumo Pontífice, como símbolo do supremo cargo de Bispo de Roma e sucessor de São Pedro. Com o decorrer do tempo, entretanto, ele passou a ser usado também por alguns Bispos. E a partir do séc. IX, tornou-se ornamento litúrgico característico dos arcebispos metropolitanos.

O pálio é rico em simbolismos teológicos e litúrgicos. No início, apenas envolvia o pescoço e suas duas faixas com cruzes negras desciam pelos ombros, significando a ovelha que é carregada pelo Bom Pastor. No séc. IX, porém, as duas faixas juntaram-se no centro do peito, as cruzes passaram a ser vermelhas, recordando as chagas de Cristo, e foram acrescentados três grandes alfinetes negros, representando os cravos com os quais Ele foi pregado na Cruz.

Em meados do séc. XII, as dimensões do pálio foram um tanto diminuídas e as cores das cruzes voltaram a ser negras, como permanecem na atualidade. No início do pontificado de Bento XVI foi idealizada uma forma nova de pálio para uso exclusivo do Papa, que se assemelha ao modelo romano antigo.

Em razão de tão alto valor simbólico, compreende-se que se tome especial cuidado para a confecção do pálio. Assim, todos os anos, são selecionados dois carneiros entre os mais belos e saudáveis do Agro Romano, os quais são abençoados pelo Papa em 21 de janeiro, dia de Santa Inês (em latim Agnes; agnus: cordeiro), e são levados para uma dependência da Basílica de Santa Cecília, no Trastevere, onde religiosas beneditinas cuidam deles com esmero. Em dado momento, elas tosquiam os cordeiros e com a lã tecem os pálios.

Por fim, são entregues ao Papa para serem depositados num escrínio junto ao túmulo de São Pedro, na gruta vaticana. Ali permanecerão durante um ano, tornando-se uma relíquia indireta do apóstolo São Pedro, pontífice que, por primeira vez, carregou em seus ombros, a Santa Igreja.

Texto: Fábio Resende

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Um monge e um bandido

Numa região da Itália, vivia um monge conhecido pela sua caridade heróica para com o próximo. Quando se viam em dificuldades, grande número de pessoas recorria a ele, encontrando sempre amparo e paz de alma.

Certo dia, apareceu um bandido bastante conhecido na região pelas suas atrocidades e crimes. O monge, surpreso pela inusitada visita perguntou:

– O que o senhor deseja neste local?

Disse o bandido:

– Vim pedir o seu apoio. O senhor que ajuda todo mundo, reze por mim para que deixe esta vida criminosa. Entretanto – continuou o sinistro homem –, se daqui a algum tempo eu não tiver mudado, é sinal de que o senhor não rezou por mim! Então, virei para matá-lo…

E desapareceu sem mais explicações.

O humilde monge, mais com pena desse miserável do que levado por qualquer tipo de medo, resolveu rezar e inclusive oferecer duros sacrifícios pela conversão desse pecador.

Dias depois, apareceu novamente o obstinado bandido, recordando cruelmente a sua ameaça:

– O senhor não está rezando por mim! Pois continuo com a mesma maldade e até piorei… Se dentro de uma semana eu não tiver me convertido, prepare-se!

Dito isso, retirou-se rapidamente.

O monge, apesar da maquiavélica ameaça, continuou pacificamente os seus atos de piedade e sacrifícios.

Quando se completou o prazo dado pelo soberbo homem, eis que apareceu novamente diante do monge e brutalmente lhe disse:

– Já que o senhor não quis rezar por mim, cumprirei o que me propus…

O monge apenas redarguiu:

– Mas como sabe que não rezei pelo senhor?

– Porque se tivesse rezado, eu já teria deixado os meus péssimos costumes…

– Conceda-me, então, apenas um pedido antes de morrer – disse o religioso.

– Diga logo!

– Há muito tempo, eu fiz um túmulo cerca de uma ermida, para o dia em que morresse. Não lhe pediria, pois, outra coisa senão ser enterrado ali. Sugiro-lhe me mate nesse local, pois, assim também, o senhor não terá o trabalho de me arrastar até alguma vala, o que poderia levantar suspeitas do seu atroz homicídio.

O criminoso, além de possuir pouca inteligência, foi movido mais pela facilidade do “serviço” do que por consentir ao pedido do monge. Foram, então, na direção do referido túmulo e, chegando ao solitário lugar, era necessário levantar a laje sepulcral. O assassino pegou um lado dela e pôs-se a fazer grande esforço; do outro lado pegou o monge, o qual fazia muita força, mas na direção contrária, a fim de que a pedra não se erguesse.

Furibundo de raiva, o bandido gritou:

– Eu não posso fazer toda a força sozinho! Não adianta para nada! Vou matá-lo aqui sobre a pedra, pois se o senhor não me ajuda a levantá-la será impossível…

Eis a lição que o monge lhe dera, sem perder um segundo, respondeu:

–  Pois bem, do que serve eu rogar a Deus por ti, pedindo que te tire dessa vida de vícios, se tu não queres fazer o mínimo esforço para mudar e, pelo contrário, estás empenhado em lutar contra Deus?

Tão simples argumento foi capaz de desmontar a empáfia do criminoso, porque ele já vinha sendo trabalhado interiormente por graças divinas que, apesar de terem sido rejeitadas, vieram à tona nesse momento decisivo, fazendo com que ele desse ali o primeiro passo de um longo caminho de conversão.

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Dois irmãos hebreus, causa de muitas conversões

Afonso Ratisbonne, nascido em 1814, era judeu de religião, embora não praticante, e pertencia a uma família de banqueiros de grande projeção social. Em 1827, seu irmão mais velho, chamado Teodoro, converteu-se ao Catolicismo, tornando-se sacerdote e rompendo com a família que, a partir de então, pôs toda a sua esperança de futuro no jovem Afonso. Este nutria grande ódio ao Catolicismo, principalmente pela conversão de seu irmão, e dizia que se, por ventura, algum dia tivesse de abandonar o judaísmo, tornar-se-ia protestante, mas nunca católico.

Quando contava 27 anos, em 1841, tendo concluído o curso de Direito, empreendeu uma viagem pela Itália e, quando retornasse, pensava casar-se e desempenhar a carreira de banqueiro. Estando na terra dos pontífices, visitou, por mera questão turística, inúmeras obras de arte e igrejas católicas, a fim de ampliar a sua cultura, conhecimentos e, quem sabe, até para atiçar ainda mais o seu ódio.

Aproveitou também para visitar um amigo, Gustavo de Bussières, o qual era protestante. Nesse encontro, teve a oportunidade de conhecer o irmão dele, chamado Teodoro de Bussières, católico praticante e, por coincidência, muito amigo do Pe. Teodoro Ratisbonne, irmão de Afonso, o que não podia senão alimentar a sua antipatia.

Quando se aproximava o final da viagem, Afonso resolveu apenas deixar um cartão de despedida na casa dos Bussières, a fim de evitar o contato com o católico. Ao entregar o cartão ao empregado, este não entendeu o francês de Ratisbonne e pensou que devia chamar o patrão. A gafe já estava feita e, em pouco tempo, apareceu Teodoro de Bussières, muito amável, cumprimentando o hebreu e fazendo-lhe um amistoso convite: que aceitasse adiar a sua partida, a fim de assistir uma cerimônia na Basílica do Vaticano. Mas não era só isso, Teodoro teve a ousadia de entregar a Afonso uma Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças e uma cópia da oração composta por São Bernardo, o Lembrai-vos. Forte moção sobrenatural impeliu-o a insistir ao hebreu que aceitasse apenas em tê-las consigo…

Ratisbonne, apesar da raiva que teve pela ousadia do católico, cedeu inexplicavelmente aos seus convites, quem sabe movido por que graças, as quais já vinham trabalhando o seu interior. Sem embargo, tinha pretensões de mais tarde escrever um livro, contendo os relatos da sua viagem, no qual catalogaria esse personagem como totalmente extravagante.

Mas, misteriosamente, Afonso era objeto de muitas orações, as quais já começavam a fender os Céus.

Um amigo de Teodoro de Bussières, o Conde de La Ferronays, homem importante, antigo embaixador da França junto à Santa Sé, ao saber do caso, havia rezado cem lembrai-vos pela conversão de Ratisbonne e, talvez motivado por Deus a oferecer a sua própria vida por essa conversão, faleceu repentinamente, poucos dias depois. Em 20 de janeiro, Teodoro, acompanhado por Afonso, foi para a igreja de Sant’Andrea delle Fratte, tratar sobre as exéquias do falecido, as quais seriam realizadas no dia seguinte. Enquanto o primeiro encontrava-se na sacristia, o judeu ficou numa das naves laterais, impossibilitado de passar para outra, pois na nave central estavam correndo os preparativos para o funeral.

Ao retornar, Teodoro procurava Ratisbonne no local onde tinha ficado minutos atrás. Mas para a sua surpresa e estupefação, encontrou-o ajoelhado na outra nave lateral, diante de um altar, soluçando profundamente arrependido…

Ratisbonne narrou o acontecido: uma forte inquietação o dominou e, de repente, o edifício todo desapareceu diante dos seus olhos, permanecendo visível apenas uma capela lateral, na qual Nossa Senhora lhe apareceu, idêntica a como está representada na medalha milagrosa que lhe fora dada. “Ela não me disse nada, mas eu entendi tudo” e repetia ininterruptamente: “Como ela é boa!”. Ratisbonne não soube explicar de que modo ele posicionou-se na outra nave lateral da igreja, pois o caminho estava obstruído.

A sua conversão causou grande comoção em toda a Europa e até o Papa Gregório XVI quis conhecê-lo pessoalmente, ordenando que se lhe fizesse um inquérito, para confirmar a veracidade do milagre.

Ratisbonne foi batizado com o nome de Afonso Maria e ingressou na Compania de Jesus, onde foi ordenado sacerdote. Tempo depois, aconselhado pelo papa Pio IX, auxiliou ao seu irmão consanguíneo, o Pe. Teodoro, a fundar uma congregação dedicada especialmente à conversão dos judeus, chamada Congregação dos Missionários de Nossa Senhora de Sion.

Ela difundiu-se na França e na Inglaterra graças ao Pe. Teodoro e na Terra Santa por obra do Pe. Afonso Maria, o qual comprou um terreno em Jerusalém para servir como sede da congregação. Ambos morreram em odor de santidade no ano 1884.

Texto: Matheus Massaki Niwa

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“O temor do Senhor é o começo da sabedoria” (Sl 110, 10)

Ensina-nos o príncipe dos teólogos, São Tomás de Aquino, e com ele a teologia em geral, que há duas formas de temer a Deus:

  • A primeira é a maneira como um escravo ou servo teme o seu senhor. Este é o temor servil;
  • A segunda é a maneira como um filho teme desagradar o seu pai. Este é o temor filial, ou também chamado de temor casto.[1]

De modo conciso, explica o Doutor Angélico:

No temor servil, o motivo para nos aproximarmos de Deus e abandonarmos o pecado é o fato de meditar nas penas e castigos do Inferno, ao qual seríamos condenados caso tivéssemos a desgraça de morrer afastados da sua divina amizade, ou seja, em pecado mortal.

Já no temor filial, não são os castigos que nos levam a fugir do pecado, mas sim o desagrado de constristar a Deus quando o ofendemos.

A primeira forma de temor tem por objeto o castigo devido à ofensa, do qual se procura escapar; a segunda, tem por objeto o próprio Deus, a quem se quer amar e, por isso, teme-se ofendê-Lo. Donde se conclui que quanto mais amarmos a Deus, tanto mais temeremos nos afastar d’Ele. O temor filial, em realidade, tem por fonte o amor.[2]

Sobre esta forma de amor chamada temor, que é um dos setes dons do Espírito Santo, abundam exemplos na vida dos santos. Eis alguns deles:

  • Santo Inácio de Loyola não se atrevia a passar a noite em uma casa em que houvesse um só homem publicamente em pecado mortal.
  • São Luís, Rei de França, preferia ter todas as doenças imagináveis, antes do que cometer um só pecado mortal.
  • Santo Estanislau Kotska desmaiava só de ouvir uma palavra desonesta.
  • São Francisco de Assis, São Bento, São Bernardo chegaram a revolver-se na neve ou entre espinhos, face ao perigo de cair na tentação de cometer um só pecado.
  • Em seu leito de morte, exclamava exultante São Luís Maria Grignion de Montfort: “nunca mais me será possível pecar!”.[3] 

Peçamos, pois, por intercessão d’Aquela que é Mãe de misericórdia e refúgio dos pecadores, a graça de ter o temor filial como escudo certo e eficaz para vencer todas as tentações, já que dessa forma estaremos cultivando um altíssimo grau de amor a Deus.

Texto: Adriano Casagranda


[1] Cf. São Tomás de Aquino. SumaTeológica, II-II. q. 19.

[2] Cf. Garrigou-Lagrange. L’ Éternelle vie et la profondeur de l’ame. Paris: Desclée de Brovwes, 1950. p. 186-188.

[3] J. M. Texier. São Luís Maria Grignion de Montfort. São Paulo: vozes, 1948. p. 220.

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O chamado de São Pio V

No mês de outubro de 1513, um ancião e um jovem, ambos frades dominicanos, ao viajarem pela alta Itália, encontraram um pastorzinho de dez anos, brigando com uma cabra mal comportada. Tendo visto os dois religiosos, deixou tudo e correu até eles para oscular-lhes as mãos.

– Como te chamas? – Pergunta o padre prior.
– Miguel.
– Tens um grande padroeiro, meu filho! Sabes quem é ele? Será, por acaso, um ilustre Bispo?
– Oh! Não, Padre. Meu padroeiro, São Miguel, é um Arcanjo, o chefe dos Anjos! Quando Lúcifer, o primeiro dos espíritos celestes, se revoltou, arrastando consigo muitos dos anjos, São Miguel exclamou: “Quem como Deus?” E comandando os anjos bons, ele expulsou os maus do paraíso, precipitando-os no inferno.
– Foi o pároco quem te ensinou tudo isso?
– Não… Infelizmente, ele é muito doente e já nem pode mais pregar.
– Onde, e n t ã o , aprendeste essas coisas? Pois ainda não deves saber ler.
– Sim, Padre, eu sei! Minha mãe me faz ler todas as tardes, depois de recolher as ovelhas e as cabras no estábulo. Ela também me conta histórias. Ela mesma me ensinou esta, de São Miguel. Eu sei até escrever!
– Tua mãe é muito sábia! Como se chama ela?
– Assim como vosso santo fundador, ela chama-se Domenica.
– Ah! Tu conheces São Domingos e seus religiosos?
– Um padre que pregou em nossa igreja me deu este terço e ensinou-me a rezá-lo.
– E tu o recitas todos os dias?
– Sim, eu rezo meditando os Mistérios Gozosos, Dolorosos e Gloriosos. E esse padre ainda prometeu que se eu perseverasse e conseguisse aprender latim, eu me tornaria um padre pregador como ele.
– Então vais aprender latim?
– Oh Não! Nossa senhora não o quer, pois meu pai é pobre e eu devo ajudá-lo. Adeus, Padre! Eu preciso ir, pois meu rebanho se aproveita da minha ausência…

Esse encontro deu aos dois religiosos a idéia de estabelecer, próximo de seu mosteiro de Voghera, o que hoje chamamos Escola Apostólica: Um asilo para os meninos pobres, cuja inteligência e piedade podiam trazer-lhe a esperança de um futuro melhor.
Na primavera seguinte, essa escola foi fundada. O mais novo dos dois religiosos foi ter com o adoentado pároco local.

– Conheceis – perguntou ele – um jovem pastor de vossa paróquia, chamado Miguel?
– Ele é minha criança mais querida – respondeu o ancião – e sua mãe é uma senhora que comunga todas as vezes que eu posso celebrar a Missa. Mas, por que me perguntais a respeito dele?
– Eu o conheço um pouco, e queria fazer dele um frade pregador.
– Isso não me parece possível, pois seus pais são pobres exilados, vindos de Bolonha, e o jovem Miguel é seu único sustento. Ele não é chamado a ser frade!
– Deixe-me dizer: Estou cheio de esperança quanto a esse menino. Na vinda eu rezei o Rosário por ele e espero conquistar o bom Miguel!
– Assim sendo, ide vós mesmo falar com a família Ghisleri, e entendei-vos com os pais dele!

Após terem conversado, o pai de Miguel Ghisleri consentiu ao pedido desse bom religioso.
Foi então o jovem Miguel estudar nos Dominicanos de Voghera. Aos 15 anos recebeu o hábito, e aos 23 foi ordenado sacerdote. Lecionou durante 16 anos, tornou-se mestre de noviços e em seguida prior de diversas casas da ordem.

Em 1556, o Papa Paulo IV nomeou-o bispo de Nepi e Sutri e, no ano seguinte, criou-o Cardeal. Em 1565, faleceu Pio IV, sucessor de Paulo IV e, no conclave, para eleição do novo papa, São Carlos Borromeu, Cardeal Arcebispo de Milão, trabalhou para que os votos favorecessem ao Cardeal Ghisleri.

De fato, foi eleito pontífice, sob o nome de Pio V, e governou a Igreja durante 7 anos com sabedoria e glória. Foi graças às suas orações e esforços que a os católicos obtiveram vitória contra os turcos, na famosa batalha naval de Lepanto, em 7 de outubro de 1571, a qual salvou o  Cristinianismo de vir a naufragar perante a maré montante turca. Depois da sua morte, a fama das virtudes heróicas e dos milagres que realizava, fizeram com que ele merecesse ser posto entre o número dos santos e sua memória é comemorada no dia 5 de maio.

Assim, aquele que quando criança fora fiel no cuidado de tão pobre rebanho, tornou-se pastor de toda a Igreja. Tendo sido dedicado em guardar suas ovelhas de todo o perigo, na infância, quando ancião soube também defender seu rebanho ameaçado por ferozes inimigos.

Por intercessão e pelo exemplo de São Pio V, sejamos também nós fiéis no pouco, para o sermos também nas grandes “lepantos” que teremos durante a nossa vida.

Texto: Renan Freitas

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Recepção de hábito

Este sábado, 28 de setembro, receberam o hábito dos Arautos do Evangelho, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, 21 membros provenientes dos seguintes estados do Brasil: Bahia, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. E das seguintes nações: Moçambique, Índia, Canadá, Colômbia, Paraguai e Portugal.

Tanto a Celebração Eucarística quanto a concessão do hábito foram presididas pelo nosso fundador, Mons. João Scognamiglio Clá Dias, o qual dirigiu aos recipiendários palavras de encorajamento para levarem com amor até o fim das suas vidas esse manto que os recobriu, símbolo da bondade e do afeto de Nossa Senhora, e a perseverarem nos propósitos de entrega ao serviço de Deus e da sua Igreja.

Foi mais um passo considerável dado por estes nossos irmãos na Fé, para cumprirem a vocação que Maria Santíssima lhes deu, neste momento histórico crucial: anunciarem as verdades do Evangelho num mundo que parece esquecer-se cada vez mais delas. Rezemos por estes Arautos do Evangelho, a fim de que abundantes graças de Deus lhes proporcionem as forças para serem inteiramente fiéis ao seu chamado!

Fotos: João Paulo Rodrigues

 

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A castidade consagrada II – (continuação)

A virtude da castidade é como um valioso objeto de cristal, muito delicado, o qual deve ser carregado com extremo cuidado, para poder conservar-se intacto. Inúmeros recursos naturais e sobrenaturais existem ao nosso alcance, com vistas a resguardar a virtude angélica. Detenhamo-nos, pois, na consideração de alguns.

 Disciplinar os sentidos. A finalidade da mortificação dos sentidos é guarnecer as “muralhas” da nossa “fortaleza” contra o inimigo infernal, o qual ronda “como um leão que ruge buscando a quem devorar” (1 Pe 5, 8).

1o Colocar limites ao olhar exterior e ao interior é um dos mais eficazes meios para conservar a pureza, pois a “vista excita os desejos dos insensatos” (Sb 15, 5) e a imaginação é a “louca da casa” – na expressão de Santa Teresa de Jesus[1]. Se não formos vigilantes, a tentação pode assaltar-nos quase despercebidamente, projetando na nossa “tela interior” cenas que nos passaram pela vista, embora não lhes tenhamos dado atenção. O venerável patriarca Jó, bem conhecendo a natureza humana, fizera um pacto com seus olhos de jamais fitar algo que pudesse ser-lhe motivo de queda (Cf. 31, 1). E o Espírito Santo inspirou o autor sagrado do Eclesiástico a escrever uma série de conselhos, a fim de prevenir-nos acerca do descontrole das vistas, entre os quais consta este: “Não lances os olhos daqui e dali pelas ruas da cidade, não vagueies pelos caminhos” (Eclo 9, 7). A desocupação também é inimiga da castidade. Quem permanece desocupado aprende em sua imaginação a fazer o mal, porque “a ociosidade ensina muita malícia” (Eclo 33-29). Portanto, jamais nos deixemos tomar por sonhos de olhos abertos, nos quais facilmente se alberga o Maligno.

 2o A língua e o ouvido mortificam-se pela vigilância nas conversas, não só no que diz respeito a matérias ilícitas evidentemente, pois “disso nem se faça menção entre vós, como convém a santos” (Ef 5, 3), mas também, tendo humildade no convívio, sabendo ceder a palavra e ouvir os demais, adaptando-se à vontade alheia e evitando os excessos de curiosidade, porque  quem “refreia a língua […] é um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo. Quando pomos o freio na boca dos cavalos, para que nos obedeçam,…

governamos também todo o seu corpo. Vede também os navios: por grandes que sejam e embora agitados por ventos impetuosos, são governados com um pequeno leme à vontade do piloto. Assim também a língua é um pequeno membro, mas pode gloriar-se de grandes coisas. Considerai como uma pequena chama pode incendiar uma grande floresta! Também a língua é um fogo, um mundo de iniquidade. A língua está entre os nossos membros e contamina todo o corpo; e sendo inflamada pelo inferno, incendeia o curso da nossa vida. […] Não convém, meus irmãos, que seja assim” (Tg 1, 27; 3, 2-6. 10).

3o O paladar e o olfato também devem ser refreados, quanto ao abuso dos prazeres que deles provêm. A alimentação é um bem, e até um ótimo meio para louvar a Deus pelas maravilhas contidas na Criação. Igualmente, as fragrâncias extraídas da vegetação podem elevar os ambientes e, em consequência, os espíritos. Sem embargo, nunca devem se tornar motivo de deleites mundanos, pois “não são mais que sombra do que há de vir” (Cl 2, 17). Servir-se com intemperança desses recursos pode ser prejudicial para a guarda da castidade, uma vez que o excesso deles amolece o corpo e, por conseguinte, a vontade.

“São Francisco de Assis chamava ao seu corpo ‘irmão burro’: ‘irmão’ porque era seu companheiro de viagem, mas ‘burro’ porque sabia que lhe era obediente. Se concederes tudo ao corpo, bem depressa o farás senhor de ti”[2]. Ceder aos instintos frequentemente não significa acalmá-los, mas ao contrário, pode excitá-los ainda mais. Não permitamos, pois, que o “burro” passe a nos governar! Imitemos o exemplo do Apóstolo: “Castigo o meu corpo e o mantenho na servidão” (1 Cor 9, 27). Sem contar que a sobriedade é um dos melhores “médicos” de toda a História, antigamente muito “consultado” pelos longevos ermitãos do deserto, por isso, pondera o adágio latino: “modicus cibi, medicus sibi[3], quem é módico no alimento é médico de si mesmo.

4o “O tato é um sentido especialmente perigoso”[4]. Para discipliná-lo o batizado deve revestir-se de todo pudor privado e público, a fim de prever os perigos, precaver-se e evitá-los. Todos os atos, especialmente quando se está a sós, devem ser permeados de zelo pela integridade própria ao “templo do Espírito Santo” (1 Cor 6, 19) que é o corpo. Quanto nos agrada entrar numa igreja limpa, ordenada e sacral, digna da presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Basílica Nossa Senhora do Rosário – Arautos do Evangelho – Thabor

Pois bem, não contristemos o Espírito Santo (Cf. 1 Ef 4, 30), profanando o lugar de sua habitação com atitudes indecorosas: é preciso aprimorar o nosso templo, deixá-lo pulcro e sagrado como merece. Para isso, cultivemos uma ordem exímia em nosso recinto de repouso noturno e uma limpeza exemplar na apresentação pessoal, porque “o cuidado exterior leva a premunir-nos contra tudo o que possa roubar a pureza da alma”[5].

Mortifiquemos a carne, não cedendo aos horrendos prazeres da preguiça. De manhã “despertai, como convém, e não pequeis!” (1 Cor 15, 34); levantemo-nos imediatamente após acordar, não dando ocasião ao diabo de nos tentar. Privemo-nos das comodidades excessivas e, se nos acontece de depararmo-nos com algo que possa despertar os instintos da carne, afastemo-nos imediatamente da ocasião, pois “quem ama o perigo nele perecerá” (Eclo 3, 27). O melhor modo de triunfar nesses momentos não é enfrentar as tentações, mas fugir delas, como afirmava São Jerônimo: “Fujo para não ser vencido”[6].

 “Vigiai…” (Mt 26, 41). Nosso trato com os demais deve ser sempre respeitoso e até cerimonioso, nunca permitindo que se torne espontâneo, trivial ou indisciplinado. Cuidado com as amizades, pois “más companhias corrompem bons costumes” (1 Cor 15, 33)! Pela castidade perfeita, oferecemos o nosso coração ao Criador, amando ao próximo por puro amor a Deus, “o amor em sua forma mais elevada, ou seja, […] sem participação alguma com as criaturas no plano meramente natural”[7]. Muitas vezes – dizia São Francisco de Sales – pensamos estimar uma pessoa por amor sobrenatural, mas, na realidade, fazemo-lo por amor a nós mesmos, pela satisfação e atrativo que nos provoca o trato com ela[8].

Eis alguns dos sintomas que ajudam a desmascarar as afeições desregradas: “falar pouco das coisas de Deus e muito da mútua amizade; louvar-se, adular-se, ser indulgentes reciprocamente; queixar-se amargamente das correções dos superiores, dos obstáculos que lhes põem para andar juntos, das suspeitas que parecem manifestar; na ausência da pessoa amiga, experimentar intranquilidade e tristeza; ter distrações na oração por causa dela; encomendá-la a Deus com fervor extraordinário; ter a sua imagem gravada na alma; pensar nela dia e noite, e em sonhos ainda; perguntar com muito interesse onde está, o que faz, quando virá, se tem amizade com outra pessoa”[9].

Depois de anos de experiência, São João Bosco disse ter-se convencido de que esse gravíssimo perigo é contínuo, e alcunhou-o com o nome de “amizades particulares”. Mais tarde, porém, quis catalogá-lo como a “peste das comunidades”[10]. Uma frase atribuída a Santo Agostinho descreve o percurso que pode traçar quem se deixa levar por Satanás, pelo sinuoso caminho das amizades particulares: “O amor espiritual se torna afetuoso, o afetuoso obsequioso, o obsequioso familiar e o familiar carnal”[11]. Nessa matéria, como em muitas outras, é preciso fazer-se violência e cortar pela raiz o que possa tornar-se motivo de desvio do amor exclusivo a Deus, porque o Céu “são os violentos que o conquistam” (Mt 11, 12).

Prestemos, pois, atenção aos conselhos da Escritura: “Filhinhos, que ninguém vos desencaminhe” (1 Jo 3, 7); “Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na Geena. E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado na Geena” (Mt 5, 29-30). Especialmente, São Paulo exorta os consagrados a se mostrarem íntegros em seu proceder, “para que o adversário seja confundido, não tendo a dizer de nós mal algum” (Tt 2, 8).

♦ “… E orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26, 41). Santo Agostinho, célebre pela sua impressionante conversão, compôs um tocante “diálogo” com a virtude angélica, externando nele a sua terrível luta para adquiri-la: “a castidade, como que rindo de mim com um gracioso sorriso, o qual me convidava a segui-la, parecia dizer-me: ‘Então, não poderás tu aquilo que puderam e podem todos esses e essas [pessoas castas]? Por ventura o que eles podem, provém das suas próprias forças ou daquelas que a graça de seu Deus e Senhor lhes comunicou? O Senhor seu Deus concedeu-lhes continência, pois eu sou dádiva d’Ele. Por que queres apoiar-te em tuas próprias forças, se elas não podem te sustentar nem dar-te firmeza alguma? Atira-te com confiança nos braços do Senhor, e não temas, porque nunca se afastará deixando-te cair. Atira-te seguro e confiante, que Ele te receberá em seus braços e sanará todos os teus males’. Eu estava muito envergonhado, porque ainda ouvia os murmúrios daquelas futilidades [da impureza], as quais mantinham-me atônito e indeciso. Então, novamente a castidade parecia dizer-me: ‘Faz-te surdo às imundas da tua concupiscência, porque assim ela ficará totalmente amortecida. Ela te promete deleites, mas não podem comparar-se com os que encontrarás na lei de teu Deus e Senhor’”[12].

E Santo Agostinho encontrou o único meio capaz de dar-lhe a pureza: “[Eu] julgava que a castidade havia de se obter com as próprias forças, e persuadia-me de que não as tinha. Sendo tão néscio, ignorava, como está escritura, que ninguém pode ser casto se Vós não lhe dais essa virtude’ (Sb 8, 21; Vulgata). E, certamente, a teríeis concedido a mim, se ferisse os teus ouvidos com os gemidos íntimos de meu coração, e com firme confiança tivesse posto em Vós todos os meus cuidados[13].

Imagem de Nossa Senhora de Fátima – Basílica dos Arautos do Evangelho – Thabor

Com efeito, mesmo utilizando-nos dos recursos para conservar imaculada a castidade, todos se mostrarão insuficientes, caso nos falte o principal: a oração. Por meio dela devemos implorar sempre o auxílio divino, pela intercessão da Mãe de toda pureza e “Mestra da virgindade”[14], Maria Santíssima. É indispensável também frequentar os Sacramentos, meios seguros para obter a Graça, especialmente a Eucaristia, pão dos Anjos (Cf. Sb 16, 20), “vinho do Novo Testamento que faz germinar virgens”[15], baluarte da castidade e melhor “remédio contra a sensualidade”[16], e o Sacramento da Penitência, o qual lança por terra os planos do demônio, quando as más solicitações que ele sugeria em nosso interior são externadas ao confessor: “tentação descoberta é tentação vencida”[17].

Mas o tentador não permanece de braços cruzados… Ele devolve, na fila da Confissão, o que procurou retirar no momento da tentação: a vergonha. São João Bosco conclamava os seus alunos a acorrerem ao sacramento da misericórdia divina, com presteza e integridade de espírito: “Asseguro-vos, queridos jovens, que a mão me treme ante a consideração do grande número de cristãos que se encaminham à eterna condenação, unicamente por ter calado ou por não ter exposto sinceramente na Confissão determinadas faltas. Se por casualidade algum de vós, ao revistar a sua vida passada, dá-se conta de que ocultou voluntariamente algum pecado, ou simplesmente retém dúvidas sobre a validez de alguma Confissão, eu lhe diria: ‘Amigo meu, por amor a Jesus Cristo e ao precioso Sangue que derramou para salvar-te, repara, suplico-te, tua consciência, a primeira vez que fores confessar-te; tudo isso que te inquieta, manifesta-o como se estivesses a ponto de morrer. E se não sabes por onde começar, dize simplesmente ao confessor que há algo na tua vida passada que te perturba. Isso será suficiente[18].

Texto: Sebastián Correa Velásquez


[1] Apud CANALS NAVARRETE, Salvador. Ascética meditada. Madrid: Rialp, 1997, p. 117.

[2] TÓTH, Tihamer. Juventude radiosa. Tradução de Joaquim M. Lourenço. 5 ed. Coimbra: Ed. Coimbra, 1967, p. 180.

[3] TÓTH. Compendio de Teología ascética y mística. Tradução de Daniel García Huches. Bélgica: Desclée, 1960. p. 180-181.

[4] TANQUEREY. Op. Cit., p. 717.

[5] TÓTH. Op. Cit., p. 168.

[6] Apud ROYO MARÍN, Antonio. La vida religiosa. 2 ed. Madrid: B.A.C, 1968, p. 321.

[7] Idem, p. 283.

[8] Cf. TANQUEREY. Op. Cit., p. 719.

[9] VALUY,  Benoit. Vertus religieuse: Le directoire du prête. Paris: Tralin, 1913, p. 73-74, apud Tanquerey. Op. Cit., p. 720.

[10] SÃO JOÃO BOSCO. Reglas o constituciones del Instituto de las Hijas de María Auxiliaodora. n. 111. In: Obras fundamentales. Juan Canals Pujol e Antonio Martinez Azcona (diretores da edição). 3 ed. Madrid: B.A.C., 1995, p. 722.

[11] Apud TANQUEREY. Op. Cit., p. 719.

[12] SANTO AGOSTINHO. Confissões VIII, 11, 27.

[13] SANTO AGOSTINHO. Confissões VI, 11, 20.

[14] SANTO AMBRÓSIO, apud ROYO MARÍN. Op. Cit., p. 323.

[15] DARRAS, Joseph Epiphane. Historia de Nuestro Señor Jesucristo: exposición sobre los Santos Evangelios. Madrid: Gaspar & Roig, 1865, (c. IV, §. 5).

[16] LEÃO XIII, apud Pio xii. Sacra virginitas. 25 mar. 1954.

[17] TANQUEREY. Op. Cit., p. 715.

[18] SÃO JOÃO BOSCO. Apuntes biográficos del joven Miguel Magone: alumno del oratório de San Francisco de Sales. 3 ed. Turín: [s. n.], 1880. In: Obras fundamentales. Op. Cit., p. 234.

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A obediência II – (continuação)

Jesus fala pelos lábios do superior – 

Durante a nossa existência, os superiores que nos governam podem ir se sucedendo e, por conseguinte, apresentando diferenças de temperamento, virtude, capacidades, etc. Basta dizer que são humanos. Entretanto, essa variedade não afeta à obediência de quem abraça verdadeiramente a vida consagrada, pois ao ingressar nela, o religioso visa cumprir a vontade de Deus, a qual lhe determina obedecer em tudo as autoridades, sempre e quando não lhe ordenem algo que comporte pecado.

Desde a patrística, muitos escritores de espiritualidade e fundadores, na composição das regras monacais, sempre aplicaram esta passagem do Evangelho aos superiores religiosos: “Quem vos ouve, a Mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita” (Lc 10, 16).[i] Assim, um súbdito não tem muitos superiores, mas somente um: “Jesus Cristo que muda de nome e de fisionomia, mas sempre é Jesus Cristo”.[ii]

Uma analogia proposta por Santo Inácio de Loyola e retomada pelo Beato Columba Marmion,[iii] pode deixar-nos atônitos, ao meditá-la seriamente. Com efeito, o que fazemos ao ajoelhar-nos diante de uma Hóstia consagrada, exposta num ostensório? Por acaso adoramos um pedaço de pão? Claro que não! A luz inequívoca da Fé ilumina a nossa inteligência para crermos nas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, através das quais Ele mesmo nos revelou estar ali a sua presença real, oculta sob as aparências de pão. Ora, a figura de um superior é equiparada, analogamente e sob certo aspecto, a esse sublime mistério, pois “quem obedece, por meio de uma voz humana, está atendendo à voz divina de Jesus Cristo”.[iv]

Caso alguns espíritos débeis ainda se abalem face às possíveis ou reais imperfeições dos seus superiores, Nosso Senhor teve a delicadeza de dar-lhes o conselho acertado, ao comentar a autoridade dos escribas e fariseus: “Observai e fazei tudo o que eles dizem, mas não façais como eles, pois dizem e não fazem” (Mt 23, 3). “Mesmo assim, ver Cristo no superior, quando as suas decisões nos agradam, seu talento e afabilidade conquistam nossa simpatia, é algo fácil. Mas, continuar a ver Cristo no superior, quando os seus defeitos, preconceitos e ainda desatinos saltam aos nossos olhos, é muito mais difícil. É preciso ter uma Fé viva e robusta para encontrar a pedra preciosa da vontade de Deus, em meio à ganga das deficiências e misérias humanas que a possam envolver”.[v] Pretender obedecer apenas a “pessoas perfeitas e totalmente irrepreensíveis, equivaleria a nunca querer obedecer”.[vi]

Obedecer em todas as circunstâncias

A prática da obediência se estende não somente a um superior, mas também a todos os “subalternos revestidos de uma parte da sua autoridade”,[vii] os quais exercem qualquer tipo de direção, estável ou transitória, devido às diversas funções numa comunidade. Devemos obedecê-los, “ainda quando sejam jovens, sem talento, sem experiência, de condição humilde e de exterior desagradável, rudes e exigentes, inconstantes e caprichosos, pouco edificantes, e, sob muitos aspectos, os últimos da casa”,[viii] pois, na verdadeira obediência, “não devemos olhar para quem agimos, mas sim, por quem agimos”,[ix] ou seja, por Cristo. Quem tem desregrado amor a si mesmo, facilmente os acusará “de extravagância, injustiça, cólera, despotismo, e cultivará a amizade com espíritos mal intencionados, cuja inveja exerce maligna influência”.[x]

A virtude da obediência pede ainda ser praticada “na saúde e na doença, em todas as condições e em todas as circunstâncias, como na própria velhice, quando o jugo da obediência pode se apresentar mais pesado; por mais que se tenham prestado os serviços mais relevantes; ainda quando se tenham desempenhado os mais importantes cargos; é preciso sempre conservar-se simples, submisso e cândido como uma criança, nas mãos da obediência”.[xi] As almas verdadeiramente amantes da virtude “não se contentam em obedecer exteriormente, mas interiormente subjugam a sua vontade ainda nas coisas mais trabalhosas, contrárias ao seu modo de ser, e o fazem de coração, sem queixar-se, felizes de poderem assemelhar-se mais perfeitamente a seu divino modelo”.[xii] Nunca procuram manifestar ao superior, velada ou declaradamente, as preferências que têm por isto ou por aquilo, a fim de receberem determinadas incumbências. Quem assim age, não faz senão enganar-se a si mesmo, porque – como disse São Bernardo – “nessa ocasião não é ele que obedece a seu superior, mas é o superior quem lhe obedece”.[xiii]

O mesmo santo ainda adverte: “O verdadeiro obediente não conhece contemporizações, tem horror de deixar algo para amanhã; não entende demoras, adianta-se à ordem; está com os olhos fixos, o ouvido atento, a língua pronta para falar, as mãos dispostas a trabalhar, os pés prontos para correr; está inteiramente recolhido para compreender sempre aquilo que lhe é mandado”.[xiv] A constância é um dos seus maiores méritos, pois “executar com prazer algo mandado uma só vez, e quando o achamos agradável, custa muito pouco; mas quando nos dizem ‘farás sempre isto, enquanto viverdes’– afirma São Francisco de Sales –, ali está a virtude”.[xv] O religioso não faz ideia de quão próxima lhe é a santidade. Ela – dizia São Felipe Neri – é nada mais do que sacrificar “quatro dedos de testa, ou seja, mortificar a própria vontade”.[xvi]

Texto: Sebastián Correa Velásquez


[i] Cf. Espinosa Polit. Manuel María. La obediencia perfecta: comentario a la carta de la obediencia de San Ignacio de Loyola. 2 ed. México: Jus, 1961, p. 9.

[ii] Longhaye, Georges. Retraite annuelle de huit jours: d’après Les Exercices de Saint Ignace. 3 ed. Paris: Casterman, 1925, p. 642.

[iii] Cf. Marmion, Columba. Le Christ, idéal du moine: conférences spirituelles sur la vie monastique et religieuse. Bélgica: Maredsous, 1947, v. 1, p. 132.

[iv] Gilleman, Gérard. L’obéissance dans notre vie divine. Bélgica: Christus Rex, 1955, (n. 8).

[v] Espinosa Polit. Op. Cit., p. 11.

[vi] Judde, Claudio. Palestra, apud Espinosa Polit. Op. Cit., p. 11-12.

[vii] Royo Marín, Antonio. La vida religiosa. 2 ed. Madrid: B.A.C, 1968, p. 368.

[viii] Royo Marín. Loc. Cit.

[ix] San Ignacio de Loyola, Carta de la obediencia. 26 mar. 1553, apud Espinosa Polit. Op. Cit., p. 7.

[x] Royo Marín. Op. Cit., p. 368.

[xi] Royo Marín. Loc. Cit.

[xii] Tanquerey, Adolphe. Compendio de Teología Ascética y Mística. Traducción de Daniel García Huches. Bélgica: Desclée, 1960, p. 683.

[xiii] São Bernardo de claraval. Sermon XXXV, n. 4. Disponível em: <http://membres.lycos.fr/abbayestbenoit>.

[xiv] Idem, Sermon XLI, n. 7. Disponível em: <http://membres.lycos.fr/abbayestbenoit>.

[xv] São Francisco de Sales. Pláticas espirituales. c. XI, apud Tanquerey. Op. Cit., p. 687.

[xvi] Apud Santo Afonso Maria de Ligório. A selva: dignidade e deveres do Sacerdote. Tradução de Pe. Martinho. Porto: Fonseca, 1928, p. 222.

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