Thabor

Conheça aqui essa residência dos Arautos do Evangelho

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Belíssima cerimônia de encerramento

Não haveria melhor modo de encerrar as atividades do Curso de Férias do que com um solene ato de adoração a Nosso Senhor Jesus Cristo Sacramentado. Ele é a fonte da nossa força para praticar o bem, penhor da nossa salvação, arma contra as ciladas do maligno.

Tantos favores recebidos de Deus, netes dias, só poderiam desdobrar-se em um ato de piedade e adoração filiais, em relação a quem devemos tudo, a começar pelo nosso próprio ser.

Foi um momento grandioso ver a praça da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, no Tabor, tomada até os limites, por esses jovens desejosos de adorar a Deus, oculto sob as espécies eucarísticas.

Uma clarinada que ressoou desde o alto do frontispício da igreja fez anunciar a chegada do Santíssimo Sacramento, acompanhado por um belíssimo séquito, em passo de cortejo. Ao som de hinos eucarísticos e depois da profissão da nossa Fé, tudo em canto gregoriano, iniciou-se o ato de adoração solene, que podem acompanhar no vídeo.

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A primeira pizzaria

Há muito tempo o homem saboreia a pizza. Como todo prato antigo, é difícil descobrir com exatidão a sua origem, ainda mais se pensarmos que ela não é mais do que uma variação do pão.

Desde a descoberta da fermentação da massa de trigo e do forno (graças ao talento dos egípcios, há mais ou menos quatro mil anos atrás) muitos povos souberam cozinhar pães das mais diversas formas e com os mais diversos ingredientes. Especialmente inventivos foram os gregos e os romanos, os quais criaram o “moretum”: massa não fermentada derivada do pão, com ervas aromáticas e cebolas.

Porém, não queremos deixar de contar um episódio histórico para a culinária mundial. No ano de 1889, em Nápoles, um padeiro muito pobre, passava de casa em casa pedindo às famílias um pouco de massa. Quando a recebia colocava-a num grande recipiente e, no final dessa peregrinação, voltava para a sua padaria, colocando fermento à massa coletada. No dia seguinte, quando começava a trabalhar essa massa, achou que um pouco de queijo por cima iria muito bem. Ao pôr a massa no forno, pensou que ela iria crescer normalmente como qualquer pão, mas algo diferente aconteceu: o queijo abafou seu crescimento e ela ficou achatada…

O padeiro ficou angustiado, pois, quem iria comprar esse pão horrivelmente achatado? Ao chegar um freguês, o vendedor disse lamentando-se:

– Perdoe-me senhor, acabaram os pães! Só tenho um que não cresceu…

O comprador respondeu:

– Não tem nada! O quero assim mesmo.

Esse freguês era amigo próximo de uns monarcas italianos, os quais estavam  passando algun­s dias em seu palácio. Ao degustar o pão, seu paladar percebeu tratar-se de algo fora do comum… Tanto gostou que, como bom italiano comunicativo, foi imediatamente para as habitações do rei Humberto I e da Rainha Margherita, e disse-lhes:

– Caros soberanos, acabo de comer um “pão” delicioso, cujo nome ignoro, mas, caso queirais, posso trazer-vos aqui quem o preparou, a fim de que também possais experimentá-lo.

Ouvindo a resposta afirmativa, o homem foi logo procurar o padeiro e lhe disse:

– Prepare, por favor, daquele “pão” que o senhor me vendeu. É estupendo! E a rainha o quer provar.

Surpreso, foi logo fazer do mesmo “pão”. E, sabendo que a rainha gostava muito da bandeira italiana, colocou-lhe pomodoro (tomate), muzzarela (mussarela) e basilico (manjericão), formando o conjunto tricolor vermelho, branca e verde. Ao ficar pronto o estranho “pão”, levou-o à rainha, a qual se encantou com aquelas cores e, mais ainda, com o sabor. Ela disse ao padeiro:

– Como se chama este “pão”?

O jeitoso italiano respondeu:

–Chama-se “alla Margherita!”, perdão… “la

pizza alla Margherita!

A rainha, impressionada, fez-lhe a proposta de ser o cozinheiro oficial da corte. Sentaram-se e continuaram a comer a deliciosa pizza Allá Marguerita. E, nesse mesmo ano, em Nápoles fundou-se a primeira pizzaria.

Texto: Johnathan Inocêncio Magalhães

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Mãe de Deus e da Igreja: Lembrança do Curso de Férias III

Com este terceiro post, finalizamos a publicação do livreto-lembrança (ver anteriores: I e II) distribuído aos participantes do último Curso de Férias dos Arautos do Evangelho, o qual teve lugar no Thabor. Desejamos aos leitores que Nossa Senhora os faça cada vez mais crescer na devoção a Ela, pois, se Deus quis vir ao Mundo por meio d’Ela, não há melhor caminho para a Ele chegarmos do que colocarmo-nos nas suas maternais mãos, a fim de que Ela nos cubra com o seu celeste manto.

Já no Gólgota, local onde se consumou a fundação da Santa Igreja, Nosso Redentor quis depositar a Divina Instituição em maternais mãos, antes de completar o seu sacrossanto holocausto. Essa plantinha imortal, que logo se tornaria árvore frondosa, regada pelo preciosíssimo Sangue, estava ali representada pelo único Bispo que, nesse momento crucial, não abandonara o Divino Mestre: São João. Os católicos de todos os tempos, há mais de dois mil anos, fazem ecoar com gáudio as palavras pronunciadas por Jesus pendente da Cruz, com as quais também nós fomos entregues aos cuidados da Santíssima Virgem: “Mulher, eis aí teu filho”, isto é, a Igreja, “filho, eis aí a tua Mãe!”;e dessa hora em diante o discípulo A levou para a sua casa” (Jo 19, 27). Sim, a Mãe da Cabeça, que é Cristo, devia sê-lo também do seu Corpo Místico, que é a Igreja.[1]

 A Virgem Maria nos Evangelhos Nas passagens do Evangelho em que a Santíssima Virgem aparece, transluz a imensa predileção e riqueza de privilégios com os quais Deus quis favorecê-La. Só o “Ave cheia de graça” (Lc 1, 28), pronunciado pelo anjo, aponta o oceano de amor divino que cumulou Nossa Senhora. Sem embargo, esses mesmos episódios são também como as pontas de um véu que discretamente se levantam, deixando entrever o tesouro de misericórdia que, em Maria, Jesus reservava para dá-lo a conhecer à humanidade, ao longo dos tempos.

Nos Evangelhos, destacam-se, em primeiro lugar, os misteriosos acontecimentos do Nascimento e da infância de Nosso Senhor Jesus Cristo:

O desposório de Maria com São José (Mt 1, 18-25);  A anunciação e a Encarnação (Lc 1, 26-38);  A visita a Santa Isabel (Lc 1, 39-56); • O divino Nascimento (Lc 2, 1-20);  A circuncisão de Jesus (Mt 2, 22-23; Lc2, 21-40);  A adoração dos Reis Magos (Mt 2, 1-12);Ÿ  A fuga e o retorno do Egito (Mt 2, 13-15. 19-23); Ÿ A perda e o encontro no Templo (Lc 2, 41-52).

Após o Batismo do Senhor, a Virgem Maria reaparece nos Evangelhos, mostrando, por primeira vez, a sua “onipotência suplicante”, nas bodas de Caná. Ela intercedeu junto ao seu Filho para que remediasse a falta de vinho, operando ali o milagre inaugural da sua vida pública (Jo 2, 1-11).

Nossa Senhora será mencionada novamente pelos Evangelistas no relato da Paixão do Senhor, junto à Cruz (Jo 19, 25).

E, graças a São Lucas, também sabemos que Ela acompanhou os Apóstolos no Cenáculo, após a Ascensão de seu Filho (At 1, 14), para com eles implorar a vinda do Divino Espírito Santo.

 Corredentora e Medianeira Todos esses episódios das Sagradas Escrituras são marcados por um denominador comum: neles se vislumbra a incomparável vocação da Santíssima Virgem. Ela gerou e “preparou uma Vítima para a salvação dos homens; a sua missão foi também a de guardar e alimentar essa Vítima, e apresentá-la no tempo oportuno para o sacrifício”.[2] Ela “participou de tal maneira das dores do Filho que, se fosse possível, preferia infinitamente assumir sobre si todos os tormentos que Ele padecia”.[3]

Assim, essa profunda relação entre maternidade e sacrifício fez com que Nossa Senhora se associasse de maneira muito íntima às graças da Redenção.[4] “Enquanto dependia d’Ela, imolou o seu Filho, de sorte que, com razão, pode-se afirmar: Ela redimiu o gênero humano junto com Cristo. E, por esse motivo, toda espécie de graças que recebemos do tesouro da Redenção é ministrado como que através das mãos da mesma Virgem Dolorosa”.[5] Por isso, Nossa Senhora é chamada, a justo título, Co-redentora do gênero humano e Medianeira ou “Dispensadora universal de todas as graças que se concederam ou se concederão aos homens, até o fim dos séculos.”[6]

 Os dogmas marianos Ao longo da História do Cristianismo, o aparecimento das heresias, e outros fatores, levaram a Igreja a proclamar solenemente os dogmas, ou seja, as principais verdades da Fé reveladas por Deus, que nos foram transmitidas pela Escritura ou pela Sagrada Tradição, nas quais os católicos devem crer firmemente, a fim de salvaguardar de maneira íntegra o dom divino da Revelação. Os dogmas que se referem diretamente a Nossa Senhora são:

1o Maternidade Divina Professa que a Santíssima Virgem é verdadeiramente Mãe de Deus, segundo a humanidade, ou seja, que forneceu a seu Filho Jesus uma natureza humana semelhante à d’Ela.[7] Este dogma foi proclamado solenemente no pontificado de Clementino I (422-432), durante o Concílio de Éfeso (431): “Se alguém não confessar que o Emanuel é Deus no sentido verdadeiro e que, por isso, a Santa Virgem é Mãe de Deus (pois gerou segundo a carne o Verbo de Deus feito carne), seja anátema”.[8] A Maternidade Divina é o mais alto dom recebido por Maria e, por causa dele, Ela foi ornada de todos os demais privilégios.

2o Virgindade Perpétua Professa que Nossa Senhora permaneceu Virgem antes, durante e depois do Nascimento de Jesus. Essa verdade encontra-se em todas as primeiras formulações de Fé da Igreja (os primeiros Credos).[9] São Leão Magno (440-461) definiu que o Unigênito de Deus “foi, de fato, concebido do Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, que o deu à luz, permanecendo intacta a sua virgindade, assim como com intacta virgindade o concebeu”.[10] O sínodo de Latrão (649), convocado por Martinho I, declarou anátema quem não confessasse esse dogma.[11]

3o Imaculada Conceição Professa que Maria foi isenta completamente do pecado original, desde o primeiro instante da sua existência no ventre materno. Foi proclamado solenemente pelo Beato Pio IX, em 8 de Dezembro de 1854, por meio da bula Ineffabilis Deus: “Declaramos, proclamamos e definimos: a doutrina que sustenta que a Beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua conceição, por singular graça do Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha da culpa original; essa doutrina foi revelada por Deus e por isto deve ser crida firme e constantemente por todos os fiéis”.[12]

4o Assunção Professa que a Santa Mãe de Deus, por singularíssimo privilégio, subiu em corpo e alma aos Céus, após o término da sua vida terrena. Foi proclamado por Pio XII, no dia 1o de novembro de 1950, por meio da constituição apostólica Munificentisimus Deus: “Proclamamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, completado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.[13]

♦ A “Ave Maria” Apesar de alguns historiadores considerarem o Sub tuum presidium como a primeira oração composta a Nossa Senhora, devido à recente descoberta de um documento do séc. III, partindo da nossa Fé nas Sagradas Escrituras, nós, verdadeiramente, podemos considerar como a mais antiga oração aquela que foi recitada, por primeira vez, pela uma voz de um anjo: “Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco” (Lc 1, 42); e, logo depois dessa, temos o cântico de Santa Isabel: “Bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre(Lc 1, 42). A junção dessas duas saudações constituiu uma única oração, que, no séc. iv, já era habitualmente empregada desse modo, inclusive dentro da liturgia oriental, herdeira do apóstolo São Tiago, após o rito da Consagração.[14]

Entretanto, a piedade dos fiéis não se sentia satisfeita. Como corolário desse ato de louvor, era necessário fazer um ato de súplica. Por isso, paulatinamente, foi-lhe sendo acrescentada uma segunda parte: “Santa Maria, Mãe de Deus; rogai por nós pecadores; agora e na hora de nossa morte”. Estava assim composta a “Ave Maria” como a conhecemos até hoje. Ela somente foi introduzida, de maneira oficial, na liturgia do Ocidente em 1568, pelo Papa São Pio V, com a publicação do Breviário Romano, mas, desde longa data, já era uma prática comum de piedade na Igreja Católica.

♦ O Santo Rosário O fato de as palavras da Ave Maria serem tão gratas à Santíssima Virgem, impeliu os cristãos a multiplicarem o número de vezes da sua recitação, na esperança de tornarem-se, como que, um eco daquelas saudações evangélicas que tanto A encheram de alegria. À imitação do devocionário mais famoso de todos os tempos, o Livro dos Salmos, criou-se então o costume de rezar um total de 150 Ave Marias (ver nota sobre os mistérios Luminosos) [15], as quais depois foram divididas em dezenas, encabeçadas pelo Pai Nosso, meditando-se, em cada uma delas, um dos principais mistérios da nossa Redenção. Dessa maneira nasceu o Santo Rosário, o qual que é uma “síntese de todo o Evangelho”.[16] Ele é um pequeno tesouro de conteúdo teológico, uma obra-mestra que ensina doutrina Católica até aos mais modestos  e, sobretudo, um conciso compêndio de espiritualidade acessível a todos.

♦ O culto de hiperdulia Apenas dois cuidados devem ser tidos em relação à devoção a Nossa Senhora: primeiro, nunca deixar de crescer na devoção a Ela e, sem sombra de dúvida, não render-Lhe culto de adoração, pois unicamente Deus deve ser adorado. Entretanto, tão importante é a missão de Maria no plano da Salvação, que devemos prestar-Lhe atos de louvor e devoção superiores, os quais recebem o título de hiperdulia. Recordemo-nos que, se Deus é Onipotente em seu Ser, a Santíssima Virgem o é quanto à sua súplica. Por isso, aspirar a alguma graça sem confiá-la a Nossa Senhora, no dizer de Dante, é como ter o anelo de voar sem asas.[17] Nunca deixemos, pois, de tudo pedir através de nossa Medianeira celeste!

Texto: Sebastián Correa Velásquez


[1] Cf. Catecismo da igreja católica. n. 726. 963-965. Missale romanum. Die 1 Ianuarii, Post Communionem; paulo vi. Marialis Cultus. n. 11.

[2] Pio x. Carta Encíclica Ad diem illum lætissimum. n. 12.

[3] São Boaventura. I sent. d. 48. ad Litt. dub. 4.

[4] Cf. Catecismo da Igreja Católica. n. 618.

[5] Bento xv. Carta Apostólica Inter sodalicia. 22 de maio de 1918.

[6] Pio ix. Bula Ineffabilis Deus. n. 2.

[7] Cf. Royo Marín. Antonio. La Virgen María: Teología y espiritualidad marianas. Madrid: BAC, 1968. p. 92-93.

[8] DH. n. 252. (Denzinger, Heinrich; Hünermann, Peter. El magisterio de la Iglesia: Enchiridion symbolorum, definitioum et declarationum de rebus fidei et morum. Barcelona: Herder, 2000).

[9] Cf. DH. n. 10-64.

[10] Cf. DH. n. 291.

[11] Cf. DH. n. 503.

[12] Cf. DH. n. 2803.

[13] Cf. DH. n. 3903.

[14] Cf. Reus, João Batista. Curso de Liturgia. 3 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1952. p. 54; Messori. Vittorio. Hipótesis sobre María: hechos, indicios, enigmas. Tradução de Lourdes Vásquez. Madrid: Libroslibres, 2007. p. 266.

[15] O Beato João Paulo II acrescentou mais cinquenta Ave Marias ao Santo Rosário, ao incluir os mistérios Luminosos por meio da Carta Apostólica Rosarium Virginis, de 16 de Outubro de 2002.

[16] Catecismo da Igreja Católica. n.917.

[17] Cf. Dante Alighiere. La Divina Commedia. Paradiso. Canto xxxiii.

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A Oração: Lembrança do Curso de Férias I

Em anterior post, tivemos a oportunidade de contar aos leitores qual foi o presente que receberam os participantes do último Curso de Férias, no mês de Julho. Agora queríamos compartir-lhes, ao longo de três posts, o texto do livreto-lembrança que eles ganharam, o qual continha o resumo das principais matérias tratadas ao longos das reuniões e teatros. Esperamos lhes sirva para se aprofundarem nesse tema fundamental da vida cristã, que é a oração, o qual deve modelar, em especial, o perfil de um arauto do Evangelho.

 Sem o alimento não é possível a vida. Caso ele venha a faltar-nos, logo nos acometem debilidade e doenças, quando não a morte. Também é assim a nossa alma, cujo “alimento” é a oração. Se esta é abandonada, não tarda a vontade em enfraquecer-se, cedendo lugar às enfermidades do pecado, fazendo-se necessária a medicina espiritual da Confissão. Ora, quanto empenho dedicamos diariamente ao corpo, a fim de não o vermos fenecer! Por que não havemos de cuidar com igual esmero daquela que é imortal e a parte mais importante do nosso ser? Sem a oração não é possível a vida eterna, por isso, “bem sabe viver, quem sabe rezar bem”.[1]

 No Novo Testamento  Nosso Senhor Jesus Cristo teve como um dos seus principais objetivos ensinar-nos a rezar. Como procedia Ele face aos seus sofrimentos humanos? Retirava-se a lugares ermos e elevava fervorosas súplicas ao Pai. Os autores sagrados transmitiram-nos, a esse respeito, inúmeros conselhos da doutrina do Divino Mestre. Eis alguns: “Até agora, não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para a vossa alegria ser completa” (Jo 16, 24); “Alegrai-vos sempre, orai sem cessar, em todas as circunstâncias, dando graças”  (1 Ts 5, 17-18); “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração” (Fl 4, 6-7).

 Espécies – A oração pode ser: a) mental ou vocal; b) privada, quando se reza em nome próprio, ou pública, quando a oração é feita em nome da autoridade da Igreja, por alguém apto para isso, por exemplo, um sacerdote durante a celebração da Santa Missa.

 Eficácia – “Tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis” (Mc 11, 24). A oração é um recurso onipotente – desde que satisfaça as devidas condições –,  porque a sua força reside no ilimitado poder de Deus. “A oração é a força do homem e a debilidade de Deus”,[2] pois, como Ele tudo pode, é solícito em nos atender. Por isso, “nada há mais poderoso do que um homem que reza”.[3]

 Necessidade – A oração constitui parte tão essencial da Religião que, quando alguém a abandona, já não se pode dizer a seu respeito, com toda a propriedade, que é um católico fiel. A final, somos nós os que precisamos da oração, e não Deus.

1o Ela constitui um dever de: a) adoração; b) ação de graças; c) pedido de perdão.

2o É necessária para a nossa salvação. Quem reza, certamente se salva e quem não reza, certamente será condenado. Todos os bem-aventurados, exceto as crianças, salvaram-se pela oração. Todos os condenados se perderam porque não rezaram. Se tivessem rezado, não se teriam perdido. E este é e será o maior desespero no inferno: o poder ter alcançado a salvação com facilidade, pedindo a Deus as graças necessárias. E, agora, esses miseráveis não têm mais tempo de rezar”.[4] Nosso Criador “quer salvar-nos, entretanto, quer salvar-nos como vencedores”.[5] “É vigiando na oração que não se cai na tentação (Cf. Lc 22, 40. 46) ”.[6]

 Condições para ser atendida Pode acontecer de nem sempre obtermos exatamente o que pedimos, pois Deus nos ama e sabe o que mais nos convém. Um pai que atenda todos os desejos de seu filho, mesmo aqueles que lhe são prejudiciais, não o ama de verdade. Nosso Pai celestial não é assim. Por isso, temos de rezar por amor e não por interesse. Se quisermos nos beneficiar da magnífica promessa de Cristo – “O que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará” (Jo 16,23) – devemos satisfazer quatro condições:[7]

1o Pedir por si mesmo, pois, obter a salvação, e tudo o que a ela nos conduz, é principalmente um dever pessoal; assim, quando se reza pelos outros, é necessária também a sua correspondência à graça, para alcançar o que se pede;

2o Pedir algo necessário para a salvação eterna, porque não pode ser atendido, em nome de Jesus, um pedido que possa comprometê-la;

3o Pedir com piedade, entregando-nos nas mãos de Deus, pois é necessário desconfiar de nós mesmos e confiar n’Aquele que dá a sua graça aos humildes e a nega aos soberbos: quem pede é porque realmente se considera necessitado;

4o Pedir com perseverança é nunca deixar de rezar, pois “a graça da salvação não é uma só graça, mas uma corrente de graças, as quais vêm todas se unir à graça da perseverança final”.[8]

 Texto: Sebastián Correa Velásquez


[1] Santo Agostinho. Apud Santo Afonso Maria de Ligório. A oração: o grande meio para alcançarmos de Deus a salvação e todas as graças que desejamos. Aparecida: Santuário, 1992, p. 27.

[2] Frase atribuída a Santo Agostinho.

[3] São João Crisóstomo. Epistola 48. Apud Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 55.

[4] Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 42.

[5] Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 44.

[6] Catecismo da Igreja Católica. n. 2612.

[7] Cf. São Tomás de Aquino. Suma Teológica. II-II, q. 83, a. 15, ad. 2.

[8] Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 86.

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Um dia de aulas no Thabor

No Thabor o despertar é cedo. Logo de manhã o dia se inicia com a Santa Missa. O canto gregoriano ecoa por todos os recintos e, aos poucos, a basílica é banhada pela luz do sol, a qual, de maneira resplendente, ilumina os policromados vitrais que a adornam. A Santa Celebração é o primeiro programa, pois qualquer ação só é bem feita, quando embebida pela vida interior.

O próximo programa é o café da manhã, após o qual é preciso ser ágil, porque em pouco tempo soará o sino, anunciando o alardo de início das aulas. Já formados em suas respectivas fileiras, os alunos cantam o Credo, em latim, e depois saem em passo ritmado, rumo às respectivas salas. À frente, cercado por quatro guardas de honra, o estandarte dos Arautos do Evangelho precede o desfile, ostentando um brasão no qual estão representadas as três devoções mais importantes para um arauto: o Santíssimo Sacramento, Nossa Senhora e o Papa.
Tudo é acompanhado com músicas próprias, as quais colaboram para dar clave e o ritmo ao cerimonial. A orquestra é conformada por 105 instrumentistas, das mais variadas idades, localidades do Brasil e países do Mundo. O repertório é amplo. Para cada dia da semana, existe uma sequência diferente, as quais somam oito ao todo e cada uma delas contém seis músicas, resultando um total de 48 peças.
Imediatamente depois começam as aulas. No prédio onde funcionam o colégio e a faculdade, a distribuição dos alunos é a mais diversa: os mais jovens cumprem o ciclo escolar do ensino-médio, localizando-se no andar térreo; nos outros dois andares, encontram-se os cursos superiores de Filosofia (3 anos) e Teologia (4 anos). O estudo tem um papel fundamental na formação de um arauto do Evangelho, conforme afirmava Mons. João S. Clá Dias em uma das suas numerosas homilias: “devemos ser leões no estudo e águias na contemplação”.

Além de todas as obrigações de estudante, todo arauto do Thabor possui alguma função, como cuidar da sacristia, hospedagem, refeitório, alfaiataria ou tantas outras que uma casa dessas proporções comporta. Há também outras funções que não são fixas, mas rotativas semanalmente. No Domingo à noite, é publicada sempre uma escalação daqueles que devem exercer incumbências como, por exemplo, servir a mesa em determinado dia, atender as ligações telefônicas noutro, fazer a leitura durante as refeições dessa semana, etc.
Queremos destacar, entretanto, uma função muito importante e que, por isso, é fixa. Enquanto muitos arautos se encontram na ação, quer em estudos ou trabalhos, na capela de adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento, dentro da Basílica de Nossa Senhora do Rosário, há sempre um arauto adorando a Sagrada Hóstia consagrada, em atitude de oração e recolhimento. Sim, de hora em hora os residentes do Thabor alternam-se para fazer essa guarda de honra a Jesus sacramentado, inclusive durante a madrugada. Assim, cada semana completa-se o número de 168 horas em que a Eucaristia ali está exposta para adoração, tornando-se verdadeira fonte de graças e de proteção para todos.

Chegado o fim da tarde, o toque do sino da basílica, às 6:00 hs., convida para oração do Angelus e também para o início da Missa plenária, ou seja, com a participação de grande parte dos Arautos do Evangelho que residem em várias casas, na cidade de São Paulo. Reúnem-se cerca de 800 pessoas.
Terminado o dia, após o jantar, há o canto de Completas, prece final da Liturgia das Horas. Os Salmos são entoados alternadamente por duas alas e, no final de tudo, entoa-se a Salve Regina, para agradecer à Mãe de Deus pelo dia transcorrido. O ambiente de silêncio e recolhimento reina, após esse último ato em conjunto. Todos os trabalhos cessam, pois é o momento em que os homens devem se calar para que os anjos falem. Finalmente, as luzes vão se apagando e o nosso relato também termina.

Texto: Marcus Vinícius
Fotos: Thiago Tamura

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Até o próximo Curso de Férias!

Último dia do Curso de Férias. Nada como terminar tão abençoado período de reuniões, com uma Celebração Eucarística solene. Chegando ao Thabor, os participantes do curso formaram na praça, em frente à basílica. Antes da Missa, a qual teria lugar dentro do templo, realizou-se uma bela cerimônia entorno à imagem de Nossa Senhora de Fátima, na qual alguns proclamadores recordaram a importância da oração na vida de um arauto do Evangelho. Iniciou-se, então, um magnífico desfile que culminou ingressando na basílica de Nossa Senhora do Rosário.

O Pe. Santiago Morazzani Arraiz celebrou a Eucaristia, após a qual houve exposição do Santíssimo Sacramento e benção solene. Terminado o ato, todos os presentes se dirigiram ao refeitório do Thabor, onde estavam montados lugares para mais de 850 pessoas. Procedeu-se, então, ao almoço de despedida: uma autêntica salsichada alemã e, de sobremesa, o saboroso strudel de maçã. Os arautos se dispuseram nas mesas, compartilhando, mais do que os alimentos, todas as graças recebidas.

No final da refeição, o Pe. Antônio Guerra dirigiu umas palavras de despedida, apresentando as surpresas que os organizadores do Curso de Férias tinham preparado para os participantes: um belo devocionário, intitulado Preces, contendo as principais orações lidas que um fervoroso arauto do Evangelho recita diariamente — além da oração da Liturgia das Horas; e também um livreto, intitulado A Oração, o qual continha um resumo ilustrado dos temas tratados ao longo das exposições desses dias.

Os personagens de mais destaque, ao longo do Curso de Férias, distribuíram as lembranças, o que formou um belo quadro cenográfico. Sobretudo, os mais jovens dentre os participantes queriam receber a recordação, de mãos do protagonista que mais lhes despertara o entusiasmo durante as encenações. E, desconhecendo o nome real da pessoa a fazer o papel, chamavam-no de modo pitoresco pelo nome que assumira durante o teatro.

A nota tônica durante todo o Curso de Férias, e especialmente nesse último dia, foi a alegria de conviver com pessoas que compartem os mesmos ideais de amor a Deus, por meio da sua Mãe Santíssima, no seio da Santa Igreja Católica Apostólica e Romana.

Texto: Sebastián Correa Velásquez; Fotos: Thiago Tamura Nogueira e Alejandro López Vergara.

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A mais antiga oração à Santíssima Virgem

Em anterior post, tivemos a oportunidade de deter-nos sobre o que foi tratado, no Curso de Férias, acerca da devoção à Santíssima Virgem. Conforme prometido, queremos continuar a transmitir-lhes outro ponto importantíssimo dessa devoção: o Santo Rosário.

Apesar de alguns historiadores considerarem o Sub tuum presidium como a primeira oração composta a Nossa Senhora – devido à recente descoberta de um documento do séc. III –, partindo da Fé nas Sagradas Escrituras, verdadeiramente podemos considerar como a mais antiga oração aquela que foi recitada, por primeira vez, pela voz de um anjo: “Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco” (Lc 1, 42); e logo depois, o cântico de Santa Isabel: “Bendita sois Vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre(Lc 1, 42). A junção dessas duas saudações constituiu uma única oração, que, no séc. IV, já era habitualmente empregada desse modo, inclusive dentro da liturgia oriental, herdeira do apóstolo São Tiago, após o rito da Consagração.[1]

Entretanto, a piedade dos fiéis não se sentia satisfeita. Como corolário desse ato de louvor, era necessário fazer um de súplica. Por isso, paulatinamente, foi sendo acrescentada uma segunda parte: “Santa Maria, Mãe de Deus; rogai por nós pecadores; agora e na hora de nossa morte”. Estava assim composta a “Ave Maria” como a conhecemos até hoje, a qual somente foi introduzida na liturgia do Ocidente, de maneira oficial, pelo Papa São Pio V em 1568, com a publicação do Breviário Romano. Mas, desde longa data, já era uma prece comum na Igreja Católica.

O Santo Rosário O fato de as palavras da Ave Maria serem tão gratas à Santíssima Virgem, impeliu os cristãos a multiplicarem o número de vezes da sua recitação, na esperança de se tornarem, como que, um eco daquelas saudações evangélicas que tanto A encheram de alegria. Assim, à imitação do devocionário mais famoso de todos os tempos, o Livro dos Salmos, criou-se então o costume de rezar um total de 150 Ave Marias,[2] as quais depois foram divididas em dezenas, encabeçadas pelo Pai Nosso, meditando-se em cada uma delas um dos principais mistérios da nossa Redenção. Assim nasceu o Santo Rosário, o qual é uma “síntese de todo o Evangelho”.[3] Ele é um tesouro de espiritualidade, Teologia e Doutrina Católica.

No Curso de Férias, as excelências desta oração foram ensinadas por meio de um impressionante teatro sobre São Domingos de Gusmão. No séc. XIII, o sul da França foi assolado pela heresia catara que pervertia muitos católicos. O Divino Espírito Santo suscitou, então, esse homem providencial, fundador dos Dominicanos, para fazer frente a semelhantes erros. Quando se encontrava numa das principais cidades cátaras, desencadeou-se uma tempestade terrível, a qual parecia que ia dizimar a população. Todo o povo apavorado correu para a catedral à procura de refúgio. Ao cruzarem o limiar da porta, os sinos do templo começaram a repicar sozinhos e uma imagem de Nossa Senhora, de forma miraculosa, abaixou seu braço, apontando com o indicador na direção dos presentes.

Todos, sem saber como aplacar a cólera divina, acorreram a São Domingos pedindo-lhe que intercedesse perante Deus para obter o perdão dos pecados deles, causa de tão terrível castigo. Vendo neles um arrependimento sincero, o Santo tomou o seu Rosário, que há pouco recebera das mãos da própria Bem-aventurada Virgem, e asseverou-lhes ser esse o meio revelado pela bondade maternal de Maria, a fim de aplacar a infinita justiça de seu Filho. Tão só desfiavam as primeiras contas, o apocalíptico temporal acalmou-se e, terminada a oração, os vitrais da catedral começavam a ser iluminados por alvissareiros raios solares. Nesse momento, o terrível e santo dedo da imagem que os apontava ergueu-se para assinalar novamente na direção do Céu.

Esse belo fato, até com os seus mínimos detalhes (trovões, sinos e dedo que aponta), foi encenado magnificamente. Mas, junto a ele, foi apresentado também outro episódio da vida de São Domingos no qual ele exorcizava, através da oração do Rosário, um homem possuído por quinze mil demônios. No final do exorcismo, o santo obrigou os espíritos maus a confessarem quem era a pessoa que mais lhes causava desgostos e arruinava seus planos. Então, os demônios, depois de muito esbravejarem, tiveram de pronunciar o santíssimo nome de Nossa Senhora, para logo depois fugirem espavoridos.

Esse foi mais um abençoado dia de Curso de Férias!

TEXTO: Sebastián Correa Velásquez

FOTOS: Thiago Tamura Nogueira e Alejandro López Vergara


[1] Cf. Reus, João Batista. Curso de Liturgia. 3 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1952, p. 54; Messori. Vittorio. Hipótesis sobre María: hechos, indicios, enigmas. Tradução de Lourdes Vásquez. Madrid: Libroslibres, 2007, p. 266.

[2] O Beato João Paulo II acrescentou mais cinquenta Ave Marias a esse número, ao incluir no Santo Rosário os mistérios Luminosos.

[3] Catecismo da Igreja Católica, n. 917.

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Italiano: nesse dia, a língua mais falada no Thabor

Segunda-Feira, dia da chegada do Papa Francisco ao Brasil, o Thabor teve a oportunidade de receber a visita de 250 peregrinos italianos, especialmente da região de Abruzzo e da ilha de Malta. Estavam de passagem por São Paulo, para, em breve, dirigirem-se ao Rio de Janeiro, a fim de se encontrarem com Sua Santidade.

Foi um verdadeiro encontro de carismas, pois a numerosa comitiva fazia parte do Caminho Neocatecumenal, e os Arautos do Evangelho acolheram-nos, precisamente, na clave dada pelo Santo Padre em seu primeiro discurso pronunciado em solo brasileiro: “Ninguém se sinta excluído do afeto do Papa”.[1]Os braços do Papa se alargam para abraçar a inteira nação brasileira”,[2] e o Thabor, quanto lhe cabia, também alargou os seus “braços” para acolher, no transcurso de uma semana, pelo menos 350 pessoas que vieram para participar da Jornada Mundial da Juventude.

Nossos visitantes italianos chegaram ao Thabor por volta das 9:30 hs. Desceram dos cinco grandes ônibus nos quais tinham vindo e, já na porta dos veículos, foram acolhidos por um grupo de arautos do Thabor, com os quais puderam trocar as suas  primeiras impressões. Cruzando a praça frente à Basílica de Nossa Senhora do Rosário, caso viessem com algum leve cansaço, por causa da extenuante viagem, logo desapareceu ao se depararem com a fachada do belo templo.

Algumas palavras de acolhida foram-lhes dirigidas pelo Diác. Dartagnan Alves de Oliveira e, em seguida, quem encabeçava o grupo dos neocatecumenais também lhes fez um convite à gratidão, por um lado, para com Deus que dispusera trazê-los até esse lugar e, por outro, para com esses jovens que os acolhiam tão amavelmente. Tudo fruto do amor a Deus – dizia ele –, “viemos de longe, nem nos conheciam e, entretanto, somos objeto de toda esta atenção”.

Às 10:30 hs., teve lugar a Santa Missa, celebrada pelo Pe. Mauricio de Oliveira Suzena, sacerdote Arauto do Evangelho e ex-pároco de uma paróquia na Itália. Logo após a Eucaristia, a banda do colégio internacional Arautos do Evangelho ofertou um pequeno concerto musical ao numeroso grupo de peregrinos, que os deixou enormemente agradados, pedindo mais de um bis e aplaudindo com entusiasmo no final da apresentação. O solo de percussão, de autoria dos próprios estudantes, parece ter especialmente feito vibrar as cordas internas dos naturais dessa nação de músicos que é a Itália.

Não podia faltar também a boa mesa. Por volta das 12:30 hs., foi-lhes servido um almoço no refeitório do Thabor, onde ainda estava montado o cenário do Curso de Férias, o qual finalizara no sábado passado. Terminada a refeição, depois de alguns instantes de agradecimentos, os visitantes se despediram efusivos, fazendo numerosos pedidos de orações e perguntas sobre como entrar em contato com os Arautos do Evangelho na Itália e em outros países do mundo.

 

TEXTO: Sebastián Correa Velásquez

FOTOS: Alejandro López Vergara

 

[1] Palavras do Papa Francisco no seu discurso durante a cerimônia de boas-vindas ao Brasil em 22 jul. 2013.

[2] Idem.

 

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Um dia “sem teatro”

Tínhamos interrompido um pouco a narração do desenvolvimento do Curso de Férias, em primeiro lugar, para contar-lhes a importante visita eclesiástica que recebemos na sexta-feira e, em segundo lugar, para destinar um post especialmente aos pais de família dos participantes, a fim de contar-lhes como transcorria um dia de seus filhos, no Thabor.

Queremos, pois, continuar o relato dos demais teatros que marcaram esses dias. Nos últimos posts a esse respeito, estávamos considerando as petições do Pai Nosso, ao qual foi dedicada a terça-feira do Curso de Férias. Ora, o dia seguinte foi bastante diferente e parecia desviar-se um tanto do tema da oração.  Por certo, o Cardeal de Madrid com os Bispos que o acompanhavam não foram os únicos personagens da vida real que, ao longo desta semana, fizeram-se presentes no palco… Na Quarta-Feira, com efeito, não houve teatros, mas houve a apresentação de realidades: o dia-a-dia de um arauto do Thabor.

A reunião começou com um solene cortejo de vários arautos revestidos de bela capa branca, os quais recitavam, em canto gregoriano e língua latina, a ladainha do Sagrado Coração de Jesus. Algo inesperado para todos os assistentes, pois o tema da vida comunitária, à qual a grande maioria deles ali aspira, até agora não tinha sido apresentada dessa maneira.

Foram realizadas as mais variadas cenas como, por exemplo, uma refeição com todas as suas peculiaridades: cântico das orações iniciais; o costume de um leitor, nesses momentos, transmitir a todos algum texto edificante; o belo cerimonial para os que chegam atrasados à refeição explicarem o motivo da sua demora; o modo de pedir aos servidores algum alimento. Em fim, o intuito era mostrar aos assistentes que todos esses e tantos outros detalhes visam incutir num arauto do Evangelho a importância de conservar a compostura, mesmo quando está comendo, e elevar sempre a sua mente para a sublime vocação que todo batizado tem, devendo comportar-se como um digno filho de Deus.

Em outra etapa da reunião, foi demonstrado um ensaio de cerimonial, no qual era treinado o passo de desfile muito utilizado no célebre alardo das aulas, durante o período letivo do colégio internacional Arautos do Evangelho. Assim, em pleno Curso de Férias, deu-se uma cena inédita: uma fileira de arautos, revestidos do característico traje de treinos (camisa vermelha e calça azul), entrou correndo pela passagem central do auditório e posicionou-se no palco. Depois de algumas instruções dadas por quem os comandava, foram executadas diversas movimentações e, para surpresa dos presentes, em certo momento, dois daqueles que desfilavam tiveram de ausentar-se e foram convidados voluntários da plateia para completarem os seus lugares. Dois jovens, tendo afirmado categoricamente que saberiam executar as ordens, posicionaram-se nos espaços vagos, mas, ao ouvirem a primeira voz de comando, empalideceram ao verem que se tratava de algo real e não era teatro. Sem embargo, apesar da inexperiência, improvisaram muito bem e, graças à sua demonstração de coragem, acabaram por ganhar o aplauso dos assistentes.

Outros pontos como a maneira de vestir o hábito, o modo de arrumar a cama, a ordem dentro do armário, foram também didaticamente abordados nesse dia. A certa altura da exposição, abriu-se o telão e viram-se três camas, três armários, criados-mudos e, em pé, os arautos a quem lhes correspondiam esses móveis. Um deles tinha recém chegado ao Thabor e nada sabia a respeito do Ordo de Costumes dos Arautos do Evangelho. Por isso, o outro o instruía pormenorizadamente sobre a organização dos seus objetos pessoais. Entretanto, havia outra cama desarrumada e, mais uma vez, foram convidados alguns assistentes para cruzarem as cortinas e desempenharem a função de deixá-la em perfeita ordem. Foi um mistério se passaram ou não pela prova…

Em fim, outros momentos da vida quotidiana do Thabor fizeram-se presentes nessa abençoada manhã de Curso de Férias!

 

TEXTO: Sebastián Correa Velásquez

FOTOS: Thiago Tamura Nogueira e Alejandro López Vergara

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O pão nosso de cada dia nos dai hoje!

Sem o alimento não é possível a vida! Caso ele venha a faltar-nos, logo nos acometem debilidade e doenças, quando não a morte. Também é assim a nossa alma, cujo “alimento” é a oração. Se esta é abandonada, não tarda a vontade em enfraquecer-se, cedendo lugar às enfermidades do pecado, fazendo-se necessária a medicina espiritual da Confissão. Ora, quanto empenho dedicamos diariamente ao corpo, a fim de não o vermos fenecer! Por que não havemos de cuidar com igual esmero daquela que é imortal e a parte mais importante do nosso ser? Sem a oração não é possível a vida eterna, por isso, “bem sabe viver, quem sabe rezar bem”.

Em anterior post tivemos a oportunidade de considerar as três primeiras petições do Pai Nosso. Continuando a sequência das súplicas dessa perfeitíssima oração, vejamos como foi apresentada cada uma delas na terça-feira desta semana de Curso de Férias.

Antes, é preciso dizer: até no lanche, esses jovens aprenderam o que quer dizer a quarta súplica do Pai Nosso:

“O pão nosso de cada dia nos dai hoje” – Nesta súplica, não pedimos somente o pão que um dia fenece, ou seja, os meios necessários para o nosso sustento material, mas, uma vez que devemos praticar a virtude da Justiça, cumprindo em tudo a vontade de Deus, só o conseguiremos por meio da assistência diária da sua Divina Graça, especialmente quando recebemos o “nosso” Pão da Vida: a Sagrada Eucaristia.

5o “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” Imploramos a Deus perdão por todas as ocasiões nas quais trocamos a sua amizade pelo amor desregrado a alguma criatura, cometendo algum pecado. E, como penhor para sermos atendidos, oferecemos-Lhe o sacrifício do nosso orgulho, perdoando aqueles a quem Ele mesmo está disposto a perdoar.

Uma das cenas mais tocantes do Curso de Férias, até agora, foi uma que versou sobre o perdão. Perdoar um amigo é belo, mas o perdão que desce do alto, o perdão de um pai tem um pulchrum monumental. As figuras do filho pródigo e do bondoso pai que perdoa a sua infidelidade fizeram-se presentes no palco. Essa narração contida no Santo Evangelho “é uma parábola de emocionar, porque tem um luxo de detalhes que só mesmo a Sabedoria Divina poderia conceber. Uma parábola célebre! Uma das mais belas parábolas que Nosso Senhor tenha criado!”.

Dispensamo-nos aqui de contá-la, pois, além de ser muito conhecida, a qualquer momento os leitores podem ter acesso a ela no Evangelho (Cf. Lc 15, 11-31). Queremos apenas apresentar-lhes os personagens:

O filho pródigo que pede a herança para desperdiçá-la em prazeres, mas que, tempo depois retorna arrependido.

O bondoso pai que, diante da hostilidade do filho, tem de dar-lhe parte da sua herança, mas depois o acolhe novamente com enorme alegria.

O filho mais velho que ficou cheio de inveja diante da paternal acolhida de seu irmão arrependido.

O dono dos porcos que dá emprego ao jovem, quando ficou relegado à miséria de se alimentar das bolotas desses animais.

6o “E não nos deixeis cair em tentação” – Tendo reconhecido a nossa debilidade, pedimos a Deus a fortaleza necessária para não ofendê-Lo nunca mais e que a vitória sobre as tentações aumente a nossa firmeza no bem.

7o “Mas livrai-nos do mal” – A Oração do Senhor encerra-se com uma cláusula que nos recorda não ter nenhum poder sobre nós o Maligno, se não lhe é dada uma permissão do alto. E são precisamente os nossos pecados os que arrancam essa autorização divina, pela qual Deus permite o sermos castigados pelo demônio, com tentações e tormentos, os quais também servem para pagarmos parte da pena devida às nossas faltas. Por isso, nesta súplica, pedimos também o ser libertos do pecado, a fim de que o autor do mal não possa jamais nos prender com os seus laços.

Essas duas últimas petições do Pai Nosso foram encenadas num atraente teatro da vida cotidiano de um grupo de estudantes, das mais variadas índoles: responsáveis, preguiçoso, briguentos etc. Numa sala de trabalhos, além dos jovens, fazem-se presentes dois espíritos, invisíveis na vida real: um anjo e um demônio. O primeiro incentivava concórdia, bom trato, responsabilidade, pensamentos puros naqueles estudantes. O segundo, pelo contrário, incitava discórdia, brutalidade, irresponsabilidade, maus pensamentos nas mentes dos jovens. E, graças à oração, esses que eram perturbados pelo demônio conseguiram vencer a tentação e viram-se livres do mal.

Desse belo segundo dia do Curso de Férias, todos os presentes puderam sair do auditório com uma verdade gravada no fundo da alma: Quem conforma a sua vida segundo os princípios contidos no Pai Nosso é um perfeito cristão! Esperemos, pois, que não passe um dia da nossa existência sem o recitarmos. O Pai Nosso já nos acompanha desde o começo da nossa caminhada rumo à salvação, quando no Batismo os nossos padrinhos o rezaram, e será ele que nos despedirá deste mundo, quando o sacerdote o recitar, enquanto o nosso corpo desce para a sua última morada.

 

Fotos: Thiago Tamura Nogueira e Alejandro López Vergara

Texto: Sebastián Correa Velásquez

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Um dia impregnado de oração

A oração grande e seguro meio de salvação. Já tivemos a oportunidade de dar-lhes a conhecer, por meio deste blog, o curioso repórter do dia de ontem (ver matéria publica em 15 jul. 2013). Agora queríamos apresentar-lhes outras personagens, cujas encenações foram transbordantes de ensinamentos, aumentando a compenetração dos 750 jovens assistentes. Todos os teatros visavam inculcar a necessidade da oração e dar a conhecer as condições indispensáveis para que ela obtenha eficazmente o que é pedido.

Após o repórter, a figura de São Bernardo se fez presente no palco. Em meio a um ofício que cantava com os monges de seu mosteiro, quatro espíritos angélicos apareceram ao santo abade, posicionando-se cada um atrás de dois dos religiosos. O primeiro Anjo registrava em letras de ouro as orações dos que rezavam com fervor. O segundo, o fazia com letras de prata, pois, outros monges rezavam, é verdade, mas sem piedade suficiente. O terceiro espírito angélico escrevia com tinta as orações distraídas e medíocres de outros que ali se encontravam. E o último anjo não escrevia nada, pois havia religiosos que tristemente não rezavam, pensavam em outras coisas, queriam logo retirar-se para tocar serviços práticos…

Outra cena do Curso muito formativa foi a respeito de um grupo de mendigos, acampados numa praça, os quais passavam ali a sua vida, sustentados por meio de esmolas e carregando tristemente as suas penas, tanto as do corpo quanto as da alma. Em certo horário do dia, costumava passar por esse local o bondoso São Martinho de Tours acompanhado por alguns fiéis. Um dos pobres inquilinos, recém chegado nesse dormitório público, ficou desnorteado ao ver a atitude dos mendigos quando o santo Bispo se aproximava. Mesmo os cegos saíram correndo a toda velocidade, ajudados pelos que eram mancos e assim, ajuda-se mutuamente, em pouco tempo essa turma de estropiados esvaziou a praça.

Quando, há muita distância, viram que São Martinho já se retirara, retornaram aos costumeiros postos donde ostentavam as suas deficiências aos viandantes, pronunciando o famoso: “uma esmola, por favor!”. O desventurado novato na arte de mendigar, não entendendo nada do que se passara, perguntou insistentemente por que tomar tão estranha atitude, diante de um Bispo tão bondoso que poderia lhes ajudar? O chefe da turma de mendigos que, por certo, era cego de olhos e de coração, respondeu carregado de ira: “Por que Martinho é um taumaturgo que pode nos curar dos nossos males! É precisamente isso que não queremos! Somos errados e determinamos continuar assim, a vida inteira! Não queremos trabalhar nem ser libertos das nossas doenças!”.

Essa é realmente a atitude de todos aqueles que não querem rezar a Deus, pedindo-Lhe tudo o necessário, pois temos um Pai Onipotente disposto a curar-nos de todas as doenças espirituais. Inclusive, Ele está disposto a conceder-nos curas corporais e outros favores materiais, caso não prejudiquem a salvação eterna da nossa alma, pois essa é a finalidade última de nosso existir.

Texto: Sebastián Correa Velásquez

Fotos: Alejandro López Vergara e Thiago Tamura

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A batalha de todos os dias: 5º dia curso de férias

navegadores

“Somos fortalecidos pelo Santo Sacrifício da  Missa  para enfretarmos a batalha de todos os dias: A batalha da prática da virtude”.[1]

Esta batalha foi simbolizada no 5º dia do curso de férias com encenações teatrais apresentando fatos heróicos de grandes navegadores cristãos.


[1]Diác Felipe Pascoal, durante exposição sobre “A Santa Missa”, no quinto dia do Curso de férias

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