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A castidade consagrada II – (continuação)

A virtude da castidade é como um valioso objeto de cristal, muito delicado, o qual deve ser carregado com extremo cuidado, para poder conservar-se intacto. Inúmeros recursos naturais e sobrenaturais existem ao nosso alcance, com vistas a resguardar a virtude angélica. Detenhamo-nos, pois, na consideração de alguns.

 Disciplinar os sentidos. A finalidade da mortificação dos sentidos é guarnecer as “muralhas” da nossa “fortaleza” contra o inimigo infernal, o qual ronda “como um leão que ruge buscando a quem devorar” (1 Pe 5, 8).

1o Colocar limites ao olhar exterior e ao interior é um dos mais eficazes meios para conservar a pureza, pois a “vista excita os desejos dos insensatos” (Sb 15, 5) e a imaginação é a “louca da casa” – na expressão de Santa Teresa de Jesus[1]. Se não formos vigilantes, a tentação pode assaltar-nos quase despercebidamente, projetando na nossa “tela interior” cenas que nos passaram pela vista, embora não lhes tenhamos dado atenção. O venerável patriarca Jó, bem conhecendo a natureza humana, fizera um pacto com seus olhos de jamais fitar algo que pudesse ser-lhe motivo de queda (Cf. 31, 1). E o Espírito Santo inspirou o autor sagrado do Eclesiástico a escrever uma série de conselhos, a fim de prevenir-nos acerca do descontrole das vistas, entre os quais consta este: “Não lances os olhos daqui e dali pelas ruas da cidade, não vagueies pelos caminhos” (Eclo 9, 7). A desocupação também é inimiga da castidade. Quem permanece desocupado aprende em sua imaginação a fazer o mal, porque “a ociosidade ensina muita malícia” (Eclo 33-29). Portanto, jamais nos deixemos tomar por sonhos de olhos abertos, nos quais facilmente se alberga o Maligno.

 2o A língua e o ouvido mortificam-se pela vigilância nas conversas, não só no que diz respeito a matérias ilícitas evidentemente, pois “disso nem se faça menção entre vós, como convém a santos” (Ef 5, 3), mas também, tendo humildade no convívio, sabendo ceder a palavra e ouvir os demais, adaptando-se à vontade alheia e evitando os excessos de curiosidade, porque  quem “refreia a língua […] é um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo. Quando pomos o freio na boca dos cavalos, para que nos obedeçam,…

governamos também todo o seu corpo. Vede também os navios: por grandes que sejam e embora agitados por ventos impetuosos, são governados com um pequeno leme à vontade do piloto. Assim também a língua é um pequeno membro, mas pode gloriar-se de grandes coisas. Considerai como uma pequena chama pode incendiar uma grande floresta! Também a língua é um fogo, um mundo de iniquidade. A língua está entre os nossos membros e contamina todo o corpo; e sendo inflamada pelo inferno, incendeia o curso da nossa vida. […] Não convém, meus irmãos, que seja assim” (Tg 1, 27; 3, 2-6. 10).

3o O paladar e o olfato também devem ser refreados, quanto ao abuso dos prazeres que deles provêm. A alimentação é um bem, e até um ótimo meio para louvar a Deus pelas maravilhas contidas na Criação. Igualmente, as fragrâncias extraídas da vegetação podem elevar os ambientes e, em consequência, os espíritos. Sem embargo, nunca devem se tornar motivo de deleites mundanos, pois “não são mais que sombra do que há de vir” (Cl 2, 17). Servir-se com intemperança desses recursos pode ser prejudicial para a guarda da castidade, uma vez que o excesso deles amolece o corpo e, por conseguinte, a vontade.

“São Francisco de Assis chamava ao seu corpo ‘irmão burro’: ‘irmão’ porque era seu companheiro de viagem, mas ‘burro’ porque sabia que lhe era obediente. Se concederes tudo ao corpo, bem depressa o farás senhor de ti”[2]. Ceder aos instintos frequentemente não significa acalmá-los, mas ao contrário, pode excitá-los ainda mais. Não permitamos, pois, que o “burro” passe a nos governar! Imitemos o exemplo do Apóstolo: “Castigo o meu corpo e o mantenho na servidão” (1 Cor 9, 27). Sem contar que a sobriedade é um dos melhores “médicos” de toda a História, antigamente muito “consultado” pelos longevos ermitãos do deserto, por isso, pondera o adágio latino: “modicus cibi, medicus sibi[3], quem é módico no alimento é médico de si mesmo.

4o “O tato é um sentido especialmente perigoso”[4]. Para discipliná-lo o batizado deve revestir-se de todo pudor privado e público, a fim de prever os perigos, precaver-se e evitá-los. Todos os atos, especialmente quando se está a sós, devem ser permeados de zelo pela integridade própria ao “templo do Espírito Santo” (1 Cor 6, 19) que é o corpo. Quanto nos agrada entrar numa igreja limpa, ordenada e sacral, digna da presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Basílica Nossa Senhora do Rosário – Arautos do Evangelho – Thabor

Pois bem, não contristemos o Espírito Santo (Cf. 1 Ef 4, 30), profanando o lugar de sua habitação com atitudes indecorosas: é preciso aprimorar o nosso templo, deixá-lo pulcro e sagrado como merece. Para isso, cultivemos uma ordem exímia em nosso recinto de repouso noturno e uma limpeza exemplar na apresentação pessoal, porque “o cuidado exterior leva a premunir-nos contra tudo o que possa roubar a pureza da alma”[5].

Mortifiquemos a carne, não cedendo aos horrendos prazeres da preguiça. De manhã “despertai, como convém, e não pequeis!” (1 Cor 15, 34); levantemo-nos imediatamente após acordar, não dando ocasião ao diabo de nos tentar. Privemo-nos das comodidades excessivas e, se nos acontece de depararmo-nos com algo que possa despertar os instintos da carne, afastemo-nos imediatamente da ocasião, pois “quem ama o perigo nele perecerá” (Eclo 3, 27). O melhor modo de triunfar nesses momentos não é enfrentar as tentações, mas fugir delas, como afirmava São Jerônimo: “Fujo para não ser vencido”[6].

 “Vigiai…” (Mt 26, 41). Nosso trato com os demais deve ser sempre respeitoso e até cerimonioso, nunca permitindo que se torne espontâneo, trivial ou indisciplinado. Cuidado com as amizades, pois “más companhias corrompem bons costumes” (1 Cor 15, 33)! Pela castidade perfeita, oferecemos o nosso coração ao Criador, amando ao próximo por puro amor a Deus, “o amor em sua forma mais elevada, ou seja, […] sem participação alguma com as criaturas no plano meramente natural”[7]. Muitas vezes – dizia São Francisco de Sales – pensamos estimar uma pessoa por amor sobrenatural, mas, na realidade, fazemo-lo por amor a nós mesmos, pela satisfação e atrativo que nos provoca o trato com ela[8].

Eis alguns dos sintomas que ajudam a desmascarar as afeições desregradas: “falar pouco das coisas de Deus e muito da mútua amizade; louvar-se, adular-se, ser indulgentes reciprocamente; queixar-se amargamente das correções dos superiores, dos obstáculos que lhes põem para andar juntos, das suspeitas que parecem manifestar; na ausência da pessoa amiga, experimentar intranquilidade e tristeza; ter distrações na oração por causa dela; encomendá-la a Deus com fervor extraordinário; ter a sua imagem gravada na alma; pensar nela dia e noite, e em sonhos ainda; perguntar com muito interesse onde está, o que faz, quando virá, se tem amizade com outra pessoa”[9].

Depois de anos de experiência, São João Bosco disse ter-se convencido de que esse gravíssimo perigo é contínuo, e alcunhou-o com o nome de “amizades particulares”. Mais tarde, porém, quis catalogá-lo como a “peste das comunidades”[10]. Uma frase atribuída a Santo Agostinho descreve o percurso que pode traçar quem se deixa levar por Satanás, pelo sinuoso caminho das amizades particulares: “O amor espiritual se torna afetuoso, o afetuoso obsequioso, o obsequioso familiar e o familiar carnal”[11]. Nessa matéria, como em muitas outras, é preciso fazer-se violência e cortar pela raiz o que possa tornar-se motivo de desvio do amor exclusivo a Deus, porque o Céu “são os violentos que o conquistam” (Mt 11, 12).

Prestemos, pois, atenção aos conselhos da Escritura: “Filhinhos, que ninguém vos desencaminhe” (1 Jo 3, 7); “Se teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo todo seja lançado na Geena. E se tua mão direita é para ti causa de queda, corta-a e lança-a longe de ti, porque te é preferível perder-se um só dos teus membros, a que o teu corpo inteiro seja atirado na Geena” (Mt 5, 29-30). Especialmente, São Paulo exorta os consagrados a se mostrarem íntegros em seu proceder, “para que o adversário seja confundido, não tendo a dizer de nós mal algum” (Tt 2, 8).

♦ “… E orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26, 41). Santo Agostinho, célebre pela sua impressionante conversão, compôs um tocante “diálogo” com a virtude angélica, externando nele a sua terrível luta para adquiri-la: “a castidade, como que rindo de mim com um gracioso sorriso, o qual me convidava a segui-la, parecia dizer-me: ‘Então, não poderás tu aquilo que puderam e podem todos esses e essas [pessoas castas]? Por ventura o que eles podem, provém das suas próprias forças ou daquelas que a graça de seu Deus e Senhor lhes comunicou? O Senhor seu Deus concedeu-lhes continência, pois eu sou dádiva d’Ele. Por que queres apoiar-te em tuas próprias forças, se elas não podem te sustentar nem dar-te firmeza alguma? Atira-te com confiança nos braços do Senhor, e não temas, porque nunca se afastará deixando-te cair. Atira-te seguro e confiante, que Ele te receberá em seus braços e sanará todos os teus males’. Eu estava muito envergonhado, porque ainda ouvia os murmúrios daquelas futilidades [da impureza], as quais mantinham-me atônito e indeciso. Então, novamente a castidade parecia dizer-me: ‘Faz-te surdo às imundas da tua concupiscência, porque assim ela ficará totalmente amortecida. Ela te promete deleites, mas não podem comparar-se com os que encontrarás na lei de teu Deus e Senhor’”[12].

E Santo Agostinho encontrou o único meio capaz de dar-lhe a pureza: “[Eu] julgava que a castidade havia de se obter com as próprias forças, e persuadia-me de que não as tinha. Sendo tão néscio, ignorava, como está escritura, que ninguém pode ser casto se Vós não lhe dais essa virtude’ (Sb 8, 21; Vulgata). E, certamente, a teríeis concedido a mim, se ferisse os teus ouvidos com os gemidos íntimos de meu coração, e com firme confiança tivesse posto em Vós todos os meus cuidados[13].

Imagem de Nossa Senhora de Fátima – Basílica dos Arautos do Evangelho – Thabor

Com efeito, mesmo utilizando-nos dos recursos para conservar imaculada a castidade, todos se mostrarão insuficientes, caso nos falte o principal: a oração. Por meio dela devemos implorar sempre o auxílio divino, pela intercessão da Mãe de toda pureza e “Mestra da virgindade”[14], Maria Santíssima. É indispensável também frequentar os Sacramentos, meios seguros para obter a Graça, especialmente a Eucaristia, pão dos Anjos (Cf. Sb 16, 20), “vinho do Novo Testamento que faz germinar virgens”[15], baluarte da castidade e melhor “remédio contra a sensualidade”[16], e o Sacramento da Penitência, o qual lança por terra os planos do demônio, quando as más solicitações que ele sugeria em nosso interior são externadas ao confessor: “tentação descoberta é tentação vencida”[17].

Mas o tentador não permanece de braços cruzados… Ele devolve, na fila da Confissão, o que procurou retirar no momento da tentação: a vergonha. São João Bosco conclamava os seus alunos a acorrerem ao sacramento da misericórdia divina, com presteza e integridade de espírito: “Asseguro-vos, queridos jovens, que a mão me treme ante a consideração do grande número de cristãos que se encaminham à eterna condenação, unicamente por ter calado ou por não ter exposto sinceramente na Confissão determinadas faltas. Se por casualidade algum de vós, ao revistar a sua vida passada, dá-se conta de que ocultou voluntariamente algum pecado, ou simplesmente retém dúvidas sobre a validez de alguma Confissão, eu lhe diria: ‘Amigo meu, por amor a Jesus Cristo e ao precioso Sangue que derramou para salvar-te, repara, suplico-te, tua consciência, a primeira vez que fores confessar-te; tudo isso que te inquieta, manifesta-o como se estivesses a ponto de morrer. E se não sabes por onde começar, dize simplesmente ao confessor que há algo na tua vida passada que te perturba. Isso será suficiente[18].

Texto: Sebastián Correa Velásquez


[1] Apud CANALS NAVARRETE, Salvador. Ascética meditada. Madrid: Rialp, 1997, p. 117.

[2] TÓTH, Tihamer. Juventude radiosa. Tradução de Joaquim M. Lourenço. 5 ed. Coimbra: Ed. Coimbra, 1967, p. 180.

[3] TÓTH. Compendio de Teología ascética y mística. Tradução de Daniel García Huches. Bélgica: Desclée, 1960. p. 180-181.

[4] TANQUEREY. Op. Cit., p. 717.

[5] TÓTH. Op. Cit., p. 168.

[6] Apud ROYO MARÍN, Antonio. La vida religiosa. 2 ed. Madrid: B.A.C, 1968, p. 321.

[7] Idem, p. 283.

[8] Cf. TANQUEREY. Op. Cit., p. 719.

[9] VALUY,  Benoit. Vertus religieuse: Le directoire du prête. Paris: Tralin, 1913, p. 73-74, apud Tanquerey. Op. Cit., p. 720.

[10] SÃO JOÃO BOSCO. Reglas o constituciones del Instituto de las Hijas de María Auxiliaodora. n. 111. In: Obras fundamentales. Juan Canals Pujol e Antonio Martinez Azcona (diretores da edição). 3 ed. Madrid: B.A.C., 1995, p. 722.

[11] Apud TANQUEREY. Op. Cit., p. 719.

[12] SANTO AGOSTINHO. Confissões VIII, 11, 27.

[13] SANTO AGOSTINHO. Confissões VI, 11, 20.

[14] SANTO AMBRÓSIO, apud ROYO MARÍN. Op. Cit., p. 323.

[15] DARRAS, Joseph Epiphane. Historia de Nuestro Señor Jesucristo: exposición sobre los Santos Evangelios. Madrid: Gaspar & Roig, 1865, (c. IV, §. 5).

[16] LEÃO XIII, apud Pio xii. Sacra virginitas. 25 mar. 1954.

[17] TANQUEREY. Op. Cit., p. 715.

[18] SÃO JOÃO BOSCO. Apuntes biográficos del joven Miguel Magone: alumno del oratório de San Francisco de Sales. 3 ed. Turín: [s. n.], 1880. In: Obras fundamentales. Op. Cit., p. 234.

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A Oração: Lembrança do Curso de Férias I

Em anterior post, tivemos a oportunidade de contar aos leitores qual foi o presente que receberam os participantes do último Curso de Férias, no mês de Julho. Agora queríamos compartir-lhes, ao longo de três posts, o texto do livreto-lembrança que eles ganharam, o qual continha o resumo das principais matérias tratadas ao longos das reuniões e teatros. Esperamos lhes sirva para se aprofundarem nesse tema fundamental da vida cristã, que é a oração, o qual deve modelar, em especial, o perfil de um arauto do Evangelho.

 Sem o alimento não é possível a vida. Caso ele venha a faltar-nos, logo nos acometem debilidade e doenças, quando não a morte. Também é assim a nossa alma, cujo “alimento” é a oração. Se esta é abandonada, não tarda a vontade em enfraquecer-se, cedendo lugar às enfermidades do pecado, fazendo-se necessária a medicina espiritual da Confissão. Ora, quanto empenho dedicamos diariamente ao corpo, a fim de não o vermos fenecer! Por que não havemos de cuidar com igual esmero daquela que é imortal e a parte mais importante do nosso ser? Sem a oração não é possível a vida eterna, por isso, “bem sabe viver, quem sabe rezar bem”.[1]

 No Novo Testamento  Nosso Senhor Jesus Cristo teve como um dos seus principais objetivos ensinar-nos a rezar. Como procedia Ele face aos seus sofrimentos humanos? Retirava-se a lugares ermos e elevava fervorosas súplicas ao Pai. Os autores sagrados transmitiram-nos, a esse respeito, inúmeros conselhos da doutrina do Divino Mestre. Eis alguns: “Até agora, não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para a vossa alegria ser completa” (Jo 16, 24); “Alegrai-vos sempre, orai sem cessar, em todas as circunstâncias, dando graças”  (1 Ts 5, 17-18); “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração” (Fl 4, 6-7).

 Espécies – A oração pode ser: a) mental ou vocal; b) privada, quando se reza em nome próprio, ou pública, quando a oração é feita em nome da autoridade da Igreja, por alguém apto para isso, por exemplo, um sacerdote durante a celebração da Santa Missa.

 Eficácia – “Tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis” (Mc 11, 24). A oração é um recurso onipotente – desde que satisfaça as devidas condições –,  porque a sua força reside no ilimitado poder de Deus. “A oração é a força do homem e a debilidade de Deus”,[2] pois, como Ele tudo pode, é solícito em nos atender. Por isso, “nada há mais poderoso do que um homem que reza”.[3]

 Necessidade – A oração constitui parte tão essencial da Religião que, quando alguém a abandona, já não se pode dizer a seu respeito, com toda a propriedade, que é um católico fiel. A final, somos nós os que precisamos da oração, e não Deus.

1o Ela constitui um dever de: a) adoração; b) ação de graças; c) pedido de perdão.

2o É necessária para a nossa salvação. Quem reza, certamente se salva e quem não reza, certamente será condenado. Todos os bem-aventurados, exceto as crianças, salvaram-se pela oração. Todos os condenados se perderam porque não rezaram. Se tivessem rezado, não se teriam perdido. E este é e será o maior desespero no inferno: o poder ter alcançado a salvação com facilidade, pedindo a Deus as graças necessárias. E, agora, esses miseráveis não têm mais tempo de rezar”.[4] Nosso Criador “quer salvar-nos, entretanto, quer salvar-nos como vencedores”.[5] “É vigiando na oração que não se cai na tentação (Cf. Lc 22, 40. 46) ”.[6]

 Condições para ser atendida Pode acontecer de nem sempre obtermos exatamente o que pedimos, pois Deus nos ama e sabe o que mais nos convém. Um pai que atenda todos os desejos de seu filho, mesmo aqueles que lhe são prejudiciais, não o ama de verdade. Nosso Pai celestial não é assim. Por isso, temos de rezar por amor e não por interesse. Se quisermos nos beneficiar da magnífica promessa de Cristo – “O que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará” (Jo 16,23) – devemos satisfazer quatro condições:[7]

1o Pedir por si mesmo, pois, obter a salvação, e tudo o que a ela nos conduz, é principalmente um dever pessoal; assim, quando se reza pelos outros, é necessária também a sua correspondência à graça, para alcançar o que se pede;

2o Pedir algo necessário para a salvação eterna, porque não pode ser atendido, em nome de Jesus, um pedido que possa comprometê-la;

3o Pedir com piedade, entregando-nos nas mãos de Deus, pois é necessário desconfiar de nós mesmos e confiar n’Aquele que dá a sua graça aos humildes e a nega aos soberbos: quem pede é porque realmente se considera necessitado;

4o Pedir com perseverança é nunca deixar de rezar, pois “a graça da salvação não é uma só graça, mas uma corrente de graças, as quais vêm todas se unir à graça da perseverança final”.[8]

 Texto: Sebastián Correa Velásquez


[1] Santo Agostinho. Apud Santo Afonso Maria de Ligório. A oração: o grande meio para alcançarmos de Deus a salvação e todas as graças que desejamos. Aparecida: Santuário, 1992, p. 27.

[2] Frase atribuída a Santo Agostinho.

[3] São João Crisóstomo. Epistola 48. Apud Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 55.

[4] Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 42.

[5] Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 44.

[6] Catecismo da Igreja Católica. n. 2612.

[7] Cf. São Tomás de Aquino. Suma Teológica. II-II, q. 83, a. 15, ad. 2.

[8] Santo Afonso Maria de Ligório. Op. Cit., p. 86.

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