Magnífico tesouro da misericórdia divina
Mais uma vez São Bernardo de Claraval apareceu no Curso de Férias e, dessa vez, para dar mostras da devoção que, durante a sua vida, mais lhe emocionava a alma: o amor à Mãe de Deus. Foi uma cena emocionante ver a representação do santo abade entrar pelo corredor central do auditório, entoando a Salve Regina – belo canto gregoriano dedicado à Virgem Maria. Historicamente, nessa ocasião, viajava em direção ao soberano do Sacro Império Romano Germânico, a fim de convocá-lo para uma importante missão encomendada pelo Santo Padre. No local do encontro, São Bernardo teve um êxtase, quando terminava de pronunciar as últimas palavras da Salve Regina: “Nobis post hoc exilium ostende”. Então, levado pela graça mística, o santo acrescentou a tríplice invocação final que até hoje conservamos: “O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria”. Nesse sublime momento, São Bernardo também levitou, detalhe esse que foi reproduzido no teatro, para surpresa de todos os presentes. Assim iniciou o dia do Curso de Férias dedicado à devoção a Nossa Senhora, tema que não poderia faltar, pois é um dos pilares do carisma dos Arautos do Evangelho.
No Antigo Testamento há diversos sinais precursores da Mãe de Deus, os quais palidamente anunciavam as excelências dessa criatura inigualável que devia trazer-nos o Redentor. Um desses prenúncios também se fez presente no palco: o relógio de Ezequias, rei de Judá. Esse monarca estava gravemente enfermo e o profeta Isaías veio ao seu encontro anunciando-lhe a certeza da morte e que, portanto, deveria pôr em ordem o seu reino. O soberano começou a chorar arrependido e suplicava a Deus se dignasse curá-lo. A palavra do Senhor foi novamente dirigida a Isaías o qual anunciou a Ezequiel que Deus ouvira o seu clamor e lhe devolveria a saúde. O mensageiro divino deu-lhe um sinal, para confirmar a veracidade da sua profecia: o relógio solar propriedade do rei recuaria miraculosamente dez graus! É preciso dizer, a equipe de retaguarda do Curso de Férias também conseguiu fazer esse milagre… O relógio de Ezequias recuou no tempo e tornou-se um símbolo de Nossa Senhora, a qual, pelo alto grau da sua fé, esperança e amor, antecipou-nos a vinda do divino remédio que curaria todas as nossas enfermidades.
Já no Novo Testamento, nas passagens do santo Evangelho em que a Santíssima Virgem aparece, transluz a imensa predileção e riqueza de privilégios com os quais Deus quis favorecê-La. Só o “Ave cheia de graça” (Lc 1, 28), pronunciado pelo anjo, aponta o oceano de amor divino que cumulou Nossa Senhora. Sem embargo, esses mesmos episódios são também como as pontas de um véu que discretamente se levantam, deixando entrever o tesouro de misericórdia que, em Maria, Jesus reservava para dá-lo a conhecer à humanidade, ao longo dos tempos.
A Assunção de Nossa Senhora é o único dos dogmas marianos do qual não há referências diretas no Evangelho. Entretanto, ele é atestado pela Sagrada Tradição, por inúmeros Padres da Igreja e escritores eclesiásticos da época apostólica. Ele também é decorrência direta do privilégio da Imaculada Conceição. No Curso de Férias foi montado um quadro vivo magnífico, representando os Apóstolos no momento da Assunção de sua Santíssima Mãe. Um detalhe, cuja veracidade não é totalmente provada, mas que não deixa de mostrar a torrente de misericórdia de Nossa Senhora, foi o fato de São Tomé ter chegado atrasado a essa sublime passagem para o Céu da Santíssima Virgem e, por isso, Ela lançou-lhe seu belo cinto, por um ato de bondade, antes de desaparecer nas altitudes celestes. Por meio dessa prenda, Nossa Senhora fazia um ato de agrado ao apóstolo, a fim de que a dor por ter perdido o último convívio com Ela, não lhe partisse o coração.
As excelências da Ave Maria e do Santo Rosário também foram consideradas na reunião desse dia. Não deixem de ver o próximo post, no qual lhes contaremos as outras surpresas que o Curso de Férias nos preparara.
Texto: Sebastián Correa Velásquez
Fotos: Alejandro López Vergara e Thiago Tamura Nogueira