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Refinados como a prata

Por Alcides Gutierres, 1º ano de Teologia. Extraído do Jornal do estudante Chez nous, n. 35

Um dos deveres de nosso dia-a-dia consiste na recitação do Oficio Divino[1]. Este, na maioria composto por salmos, nos faz meditar em realidades que estão além de nosso quotidiano. Por exemplo, a famosa passagem do profeta Malaquias, aliás, presente nas obras de Haendel, numa parte do belíssimo oratório “O Messias”: “Purificará os filhos de Levi e os refinará, como se refinam o ouro e a prata’’ (Malaquias 1,3).

Sem dúvida esse trecho pode ser aplicado à nossas vidas. Para que os leitores a entendam melhor, nossa equipe de redação visitou um ourives, a fim de assistir a uma purificação de prata.

Primeiramente ele tomou uma pepita de prata e, com muitos golpes, quebrou-a ao meio, para ver o centro, se fosse branco e leitoso seria bom sinal; se fosse cinzento, a prata não estaria pura.

Em seguida colocou os pedaços da prata na forma incandescente, (esquentada por um de nossos diáconos que acompanhava a equipe) onde permanece até derreter. Nesse momento ocorreu algo curioso: um dos nossos fez uma pergunta ao ourives, mas este não respondeu. O arauto insistia, mas ele dizia:

-“agora não”. Quando contemplávamos a prata transformada num líquido incandescente, do qual saíam labaredas esverdeadas, o ourives virou a forma e disse: -“Devo manter os olhos fixos nela até tornar-se limpa como um espelho, a ponto de ver-me refletido, pois se a prata fosse deixada um instante a mais, seria destruída”.

Diversas pepitas de metais preciosos

 Após submergir a pepita em um ácido, retirou-a, entregando-a em nossas mãos.

Num silêncio respeitoso, os que ali estavam, imaginavam-se passando pela purificação. Contudo, o ourives tomou a pepita e começou a bater nela uma, duas, cinco vezes; comentando em seguida: “Se quebrasse nas primeiras quatro, teria que voltar ao fogo”. Continuou batendo até quebrá-la ao meio. Tomando-a inspecionou seu conteúdo, dizendo: -“ É boa mesmo, branca e leitosa”.

Todos seremos provados como a prata. Para isto, é indispensável o fogo. Entretanto, ao sentirmos o calor das chamas, tenhamos esta certeza: Deus, muito ao contrário de nos abandonar, não deixa de nos olhar, pois: “se a prata fosse deixada um instante a mais, seria destruída”. Ele quer ver sua própria fisionomia refletida em nós: Christianus alter Christus!

Após um último sacrifício, seremos quebrados novamente. Só então estaremos prontos para sermos moldados ao gosto do Ourives e para nos transformarmos numa obra pura e bela. Mas lembremos: é indispensável passar pelo fogo da provação, e, se uma vez não for suficiente, talvez só na terceira ou na quarta estaremos prontos.


[1] Também conhecido como Lirturgia das horas, na linguagem antiga como Breviário.

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